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Desenho em que aparecem três estudantes.

Cuidar a distância 

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Desenho em que aparecem três estudantes.

Para quem es­tuda ou tra­ba­lha no en­sino, se­tem­bro é ano novo, o iní­cio de um ci­clo. Este ano que co­meça vai ser tam­bém o iní­cio de um fim: o da pre­sen­ci­a­li­dade no en­sino dos ci­clos pro­fis­si­o­nais mais li­ga­dos ao so­cial. No pas­sado ju­nho, a Dirección Xeral de FP anun­ci­ava a su­pres­som de perto de 2000 va­gas pre­sen­ci­ais. De pouco ser­ví­rom os pro­tes­tos de pro­fes­so­rado e alu­nado. A Consellería di­ri­gida por Román Rodríguez está a re­du­zir a mo­da­li­dade mal cha­mada “se­mi­pre­sen­cial” e a oferta for­ma­tiva dos ci­clos mais li­ga­dos aos cui­da­dos. Sob o ar­gu­mento da efi­ci­ên­cia e o au­mento da ma­trí­cula (os gru­pos de dis­tân­cia po­dem aco­lher até 50 alu­nas fronte às 30 má­xi­mas da mo­da­li­dade pre­sen­cial), há mo­ti­va­çons eco­nó­mi­cas: os ci­clos à dis­tân­cia som fi­nan­ci­a­dos com fun­dos Next Generation da UE

É sig­ni­fi­ca­tivo que a mai­o­ria dos ci­clos afe­ta­dos per­ten­çam à fa­mí­lia pro­fis­si­o­nal de Serviços à co­mu­ni­dade, em que se in­cluem ci­clos como o de Atençom a pes­soas em si­tu­a­çom de de­pen­dên­cia, Integraçom so­cial ou Promoçom da igual­dade de gé­nero. Em con­traste com o tó­pico da FP como um en­sino ori­en­tado ao tra­ba­lho ma­nual e com má­qui­nas, nos ci­clos desta fa­mí­lia aprende-se a tra­ba­lhar com as pes­soas. No ci­clo de Integraçom so­cial, em que som do­cente, boa parte do alu­nado pro­cede da ESO e só al­gumhas con­se­guí­rom fi­na­li­zar o Bacharelado. Habitualmente, es­co­lhem este ci­clo por umha cons­ci­ên­cia de in­jus­tiça so­cial. Abundam as que com me­nos de vinte anos co­nhe­cem a vi­o­lên­cia ma­chista, as que te­nhem que cui­dar de al­gum fa­mi­liar ou tra­ba­lhar para pa­gar os es­tu­dos. As ses­sons de tra­ba­lho pre­sen­cial per­mi­tem a esse alu­nado con­fron­tar a sua ex­pe­ri­ên­cia com ou­tras e re­fle­tir em grupo so­bre as ma­nei­ras de in­ter­vir numha re­a­li­dade in­justa para trans­formá-la. Nas au­las pre­sen­ci­ais co­nhe­cemo-nos, apren­de­mos a res­pei­tar as di­fe­ren­tes for­mas de ver o mundo, a va­lo­ri­zar a di­ver­si­dade. Durante mui­tas ho­ras de en­con­tro elas ‑mai­or­mente mu­lhe­res- po­nhem em prá­tica as ha­bi­li­da­des que lhes se­rám tam úteis no seu fu­turo la­bo­ral como in­te­gra­do­ras, onde tra­ba­lham com o ma­te­rial mais de­li­cado: as pes­soas vulnerabilizadas. 

Sob o ar­gu­mento da efi­ci­ên­cia há mo­ti­va­çons eco­nó­mi­cas: os ci­clos a dis­tân­cia som fi­nan­ci­a­dos com fun­dos ‘Next Generation’ da UE

Mas este ar­gu­mento pe­da­gó­gico bá­sico nom con­vence a ad­mi­nis­tra­ção edu­ca­tiva, que, ao mesmo tempo que fe­cha ci­clos pre­sen­ci­ais nos cen­tros pú­bli­cos, con­cede-os a cen­tros pri­va­dos re­li­gi­o­sos. Podemos ima­gi­nar as ba­ses ide­o­ló­gi­cas em que se pode im­par­tir o ci­clo de Integraçom so­cial num cen­tro que até há pouco se­gre­gava o alum­nado por sexo, como o CPR Aloya de Vigo, be­ne­fi­ciá­rio dum con­certo da Xunta da Galicia

Numha si­tu­a­çom ainda pior fi­cam as alu­nas de Promoçom da igual­dade de gé­nero, pois a pos­si­bi­li­dade de o cur­sar pre­sen­ci­al­mente de­sa­pa­rece em toda a Galiza. Aparentemente, nen­gum cen­tro pri­vado mos­trou in­te­resse em ofe­re­cer um ci­clo con­sa­grado a for­mar pro­fis­si­o­nais que ve­lem polo cum­pri­mento da Lei de Igualdade nas em­pre­sas e nas ad­mi­nis­tra­çons. Por algo será. 

A Consellería de Cultura, Educación, Universidades e FP ‑e cum­pre es­cre­ver o nome com­pleto para que fi­que clara a von­tade de man­ter a for­ma­çom pro­fis­si­o­nal cin­dida da edu­ca­çom, à dis­po­si­çom do mer­cado- pro­move agora o en­sino à dis­tân­cia como única op­çom para os ci­clos con­sa­gra­dos aos cui­da­dos. O que po­de­ria ser umha mo­da­li­dade com­ple­men­tar, in­te­res­sante para al­gumhas pes­soas, torna agora obri­ga­tó­ria para esse alu­nado que sai da ESO mal pre­pa­rado para en­fren­tar umha ro­tina de tra­ba­lho so­li­tá­ria ou para aquele que até agora op­tava pola mo­da­li­dade pre­sen­cial de adul­tas. Todas elas te­rám agora como único mes­tre o ecrã de um com­pu­ta­dor, se é que dis­po­nhem de um com li­ga­çom à in­ter­net. A fun­çom com­pen­sa­tó­ria que, por lei, deve cum­prir o en­sino pú­blico, nom tem ca­bida numha FP privatizada. 

Comba Campoi é integrante de MATERFEM, Maternidades Feministas Galegas.

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