Periódico galego de informaçom crítica

Da solidariedade

por
ana men­di­eta

Deve ser o tres­noi­tar que me dá o atre­vi­mento para es­cre­ver este texto. Som umha al­deá ga­lega, se­rena e agra­de­cida imen­sa­mente a este co­ro­na­ví­rus. Tenho a ale­gria (ia di­zer pri­vi­lé­gio, mas nom penso que seja um di­reito ou umha van­ta­gem ex­clu­siva, e sim umha es­co­lha vi­tal, e digo‑o con­tex­tu­a­li­zando a opi­niom na Galiza e no meu caso par­ti­cu­lar) de vi­ver e de tra­ba­lhar na co­marca em que me criei, que amo como a mim mesma e que cons­trói, pola sua lo­ca­li­za­com, umha parte do ru­ral galego.

É umha es­co­lha vi­tal, que re­quer con­fi­ança, te­na­ci­dade, pai­xom, von­tade e pa­ci­ên­cia, à par de exer­cí­cio, prá­tica e atu­a­com (en­fim, o que a gente que está or­ga­ni­zada po­li­ti­ca­mente chama mi­li­tân­cia), que nom exime dum monte de apren­di­za­gens que te­nhem a ver com a di­fi­cul­dade de que che ce­dam, ven­dam ou alu­guem umha casa, com a falta de ser­vi­ços, o ca­ci­quismo, o medo, a ex­plo­ra­com da terra de maos das pró­prias ir­más, a ins­ta­bi­li­dade eco­nó­mica, o al­co­o­lismo, a soi­dade, a ame­aça dos eó­li­cos e da mi­na­ria cons­tante, com as con­tra­di­cons in­ter­nas, com a co­e­rên­cia… mas que abre um mundo de pos­si­bi­li­da­des: os tra­ba­lhos co­muns, a con­versa com as vi­zi­nhas que pen­sas di­fe­ren­tes – por­que nom há ou­tras, mas que des­co­bres quanto ten­des em co­mum –, os co­le­ti­vos lo­cais, as fes­tas pa­tro­nais, a des­co­berta do en­torno, os en­ter­ros, a morte… Da mesma ma­neira que es­co­lher a ci­dade tem ta­mém os seus prós e os seus contras.

Viver no ru­ral re­quer con­fi­ança, pai­xom, von­tade e pa­ci­ên­cia, à par de exer­cí­cio, prá­tica e atu­a­com (en­fim, o que a gente que está or­ga­ni­zada po­li­ti­ca­mente chama militância)

O co­ro­na­ví­rus achega a pos­si­bi­li­dade dumha re­fle­xom pro­funda do in­di­vi­dual ao co­le­tivo, do lo­cal ao glo­bal. Porque o es­tado re­pres­sivo de alarme e a mi­li­ta­ri­za­çom obri­gam a parar. 

Fazendo ba­lanço do que tem acon­te­cido até agora, bole-me as­sim no ma­gim… A jus­tiça po­pu­lar tem di­reito a en­saiar ou­tros jei­tos? Exercemos a vi­o­lên­cia por­que nom a te­mos exer­cido, e es­ta­mos no nosso di­reito? Queremos exer­cer a vi­o­lên­cia? Pode o fe­mi­nismo aco­lher a di­ver­si­dade, mesmo nos jei­tos? Fai-no? A vi­o­lên­cia é es­tru­tu­ral? Como se cons­trói a es­tru­tura? Tem o fe­mi­nismo ver­da­des ab­so­lu­tas? Estou isenta de ser agres­sora? Tem ca­bi­mento a so­li­da­ri­e­dade po­pu­lar? É le­gí­timo auto-or­ga­ni­zar-se com base na afi­ni­dade para con­tri­buir à so­li­da­ri­e­dade? Somos quem de che­gar ao en­ten­di­mento com fa­mí­lias ou ache­ga­das de pre­sas que te­nhem um cri­té­rio di­fe­rente do nosso? 

Numha en­tre­vista para o jor­nal di­gi­tal Adiante, o his­to­ri­a­dor Dionisio Pereira afir­mava que na Galiza so­mos in­ca­pa­zes de criar es­pa­ços co­muns de dis­si­dên­cia, e à vista está que no po­lí­tico é as­sim. Serám quem as or­ga­ni­za­cons po­lí­ti­cas da es­querda de re­vi­sar os seus jei­tos de fun­ci­o­nar cara a den­tro e cara a fora, re­co­nhe­cendo a di­ver­si­dade dos di­fe­ren­tes gru­pos sem ver a pa­lha no olho alheio e sim a pers­pe­tiva da luita co­mum? Serám quem de tor­nar os de­ba­tes e a di­ver­si­dade in­ter­nas mais vi­sí­veis para isso vi­rar em de­ba­tes cons­tru­ti­vos e na aber­tura a ou­tras pos­sí­veis mi­li­tan­tes? Será pos­sí­vel a co­o­pe­ra­com com as ini­ci­a­ti­vas po­pu­la­res em an­da­mento que já en­saiam ou­tros jei­tos pos­sí­veis de eco­no­mia, saúde e edu­ca­com? Sem acapará-las?

É na ad­ver­si­dade que nasce a ne­ces­si­dade de ver como sair dela. Mas tam­bém é na ne­ces­si­dade de nom da­nar no pes­soal, nem res­tar nas de­ci­sons das ou­tras, onde pode sur­gir o entendimento. 

A jus­tiça po­pu­lar tem di­reito a en­saiar ou­tros jei­tos? Exercemos a vi­o­lên­cia por­que nom a te­mos exer­cido, e es­ta­mos no nosso di­reito? Queremos exer­cer a vi­o­lên­cia? Pode o fe­mi­nismo aco­lher a di­ver­si­dade, mesmo nos jeitos?

Conversas desta pro­fun­di­dade es­tám no ín­timo, polo co­ro­na­ví­rus, por­que tem a ver com a saúde, de to­das, além das fron­tei­ras ge­o­po­lí­ti­cas, men­tais ou ter­ri­to­ri­ais, e vai-nos no pe­lejo a vida, a morte. 

ana men­di­eta

Por isso, vi­vendo, e tres­noi­tando, vem o atre­vi­mento para per­gun­tar-se ainda mais cou­sas. Quem tem a afou­teza de nom ter von­tade de aplau­dir as pro­fis­si­o­nais da saúde agora? Ou de di­zer que a saúde vira um campo de con­trolo so­cial tre­mendo, quando há umha grande parte da po­pu­la­çom que se sente vul­ne­rá­vel? Ou quem se atreve a di­zer que os or­ga­nis­mos anti-re­pres­si­vos do in­de­pen­den­tismo ga­lego nom sou­bé­rom com­pre­en­der a di­ver­si­dade nos jei­tos de en­fren­tar as de­ten­cons das fa­mí­lias das pre­sas? Ou quem se atreve a di­zer que so­mos as fa­mí­lias das pre­sas nom mi­li­tan­tes no in­de­pen­den­tismo as que nom es­ta­be­le­ce­mos as vias de co­mu­ni­ca­com ne­ces­sá­rias para que haja en­ten­di­mento? Ou quem se atreve a re­co­nhe­cer os pró­prios me­dos, sem ques­ti­o­nar as cren­ças das de­mais, quanto à ges­tom da saúde, am­pa­rando-se no “tes­tado ci­en­ti­fi­ca­mente”? Seremos quem de pôr o foco em ca­mi­nhar cara ao bom trato? Será que o bom trato co­meça em ten­tar com­pre­en­der as ou­tras? Será a di­ver­si­dade in­terna dos gru­pos ho­mo­gé­neos, o diá­logo en­tre eles sem per­der a iden­ti­dade, o re­co­nhe­ci­mento das fra­que­zas, a mes­ti­ça­gem, o que nos aju­dará a tra­zer al­gumha cousa de jeito a esta con­fu­som e a criar es­pa­ços co­muns de dissidência?

Estas som ques­tons in­di­vi­du­ais, in­te­res­sa­das, e egoís­tas, e a re­fle­xom tam­bém, que longe de que­rer con­tri­buir à co­mu­ni­dade in­ter­ga­lác­tica, pre­ten­dem só umha mu­dança in­di­vi­dual. Morrer, va­mos mor­rer to­das, to­dos, to­des, everyone, re­firo-me à fauna hu­mana, claro. E o resto seguirá…

Assim que de­ba­tede ar­reu, com o pre­texto do en­cerro, e de­pois: Exercício, prá­tica, atu­a­çom. Já há muita cousa a acon­te­cer. O co­ro­na­ví­rus chim­pou qual­quer van­guarda. É, em si mesmo, a revolucom.

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