No passado 23 de maio era despejado mais um centro social do país, o C.S.O. A Insumisa. A polícia local da Corunha tomava o espaço e procedia à sua ocupaçom por ordem da Marea Atlántica.
Nada mais conhecer-se a nova do despejo, a resposta solidaria nom tardava em aparecer, dúzias de pessoas concentravam-se às portas do centro social. Tal e como sucedera com o Escárnio e Maldizer o movimento popular galego fechava filas com a palavra de ordem ‘10, 100, 1000 Centros Sociais’.
Tentemos debulhar os fatores políticos e ideológicos que intercedem no caso, vaiamos ao verdadeiramente importante, ao fundo da questom de porque se chega a tal situaçom. A tal situaçom de hipocrisia, incoerência e oportunismo por parte da Marea Atlántica.
O que cabia esperar de quem sempre rejeitou os centros sociais de todo o país, lembrando-se deles só quando a situaçom o requeria, fazendo gala do mais “afável” oportunismo. Se calhar porque os Centros Sociais som marginais, esquerdistas ou qualquer outro adjetivo similar usado por eles simplesmente para justificar a sua linha, que nom responde mais do que à deriva política que sempre caracterizou alguns destes sectores.
E claro, aqui a escusa, um centro social para toda a “cidadania” gerido democraticamente polo tam avançado concelho da Marea.
Mas o problema base está aqui. Qual modelo de centro social? Com que finalidade? Desde onde?
As nossas cidades e vilas precisam de espaços que na base criem sinergias com as vizinhas
Para qualquer pessoa com um mínimo desejo de impugnar o atual regime, encontrará isto respondido em várias experiências do nosso país. Os nossos bairros, a nossas vilas, as nossas cidades precisam de espaços que na base, no cotidiano, criem sinergias com as vizinhas, com as suas associaçons, com escolas, com todo ao seu alcanço. Com o fim de construir dinâmicas úteis e necessárias, construir contra-hegemonia e socializá-la, normalizá-la.
A Marea deve ver os Centros Sociais como estruturas vizinhais branqueadas de todo posicionamento político, afastados das problemáticas, com um exclusivo fim cultural e lúdico. Quanto menos, estas seriam as únicas potencialidades que teria um CS de carácter institucional, tenha a cor que tiver, use a retórica que usar e funcione internamente como funcionar.
É simples, nom temos que demorar muito para atopar exemplos de Centros Sociais que abrírom caminho nos bairros com incansável trabalho. Caberia dizer, que de todas as experiências do movimento popular galego em geral, os centros sociais constituem a máxima. Espaços que representam algo bem diferente ao projeto da Marea para as Naves de Metrosideiro, ou para qualquer outra proposta dirigida dum concelho.
Com isto, nom pretendo negar as utilidades que poida ter um espaço desta caraterísticas para as pessoas, mas o essencial, a capacidade de introduzir discurso na sociedade e criar poder popular, perde-se. Os centros sociais na Galiza nom som experiências associacionistas desligadas da realidade política do movimento popular galego nem devem sê-lo.