Periódico galego de informaçom crítica

Do sindicalismo e o medo

por
Nicolás Daniluk

Desde as pri­mei­ras se­ma­nas do con­fi­na­mento os sin­di­ca­tos es­tám a vi­ver um alude de con­sul­tas e de­nún­cias: des­pe­di­men­tos, ERTE, fé­rias for­ça­das, (im)possibilidades de con­ci­li­a­çom, cen­tros de tra­ba­lho a pôr em pe­rigo a saúde das tra­ba­lha­do­ras… Questons que mos­tram o pa­no­rama que vem por di­ante e que se dam, ade­mais, num ce­ná­rio to­tal­mente alheio ao fun­ci­o­na­mento na­tu­ral do sin­di­ca­lismo de base, o do dis­tan­ci­a­mento so­cial, e que se acom­pa­nham de de­ci­sons e de mu­dan­ças le­gis­la­ti­vas continuadas.

Nas no­vas leis e de­cre­tos re­co­nhece-se que a ati­vi­dade sin­di­cal fica fora das li­mi­ta­çons mar­ca­das, mas fai-se de forma o su­fi­ci­en­te­mente am­bí­gua como para dei­xar dú­vi­das e, ade­mais, num ce­ná­rio ge­ral de res­tri­çons de mo­bi­li­dade e reu­niom que com­plica, por exem­plo, a re­a­li­za­çom de as­sem­bleias nos cen­tros de tra­ba­lho ou a con­vo­ca­tó­ria de mo­bi­li­za­çons em que nom se poda ou nom se queira con­tro­lar a to­ta­li­dade da as­sis­tên­cia. Levamos me­ses, por pa­la­vras de Pastora Filigrana, sendo tes­te­mu­nhas do es­trei­ta­mento do es­paço público.

Em pa­ra­lelo a isto, no meio da con­fu­som e da de­sin­for­ma­çom, foi-se as­sen­tando o dis­curso da res­pon­sa­bi­li­dade co­le­tiva, de que to­das es­ta­mos jun­tas nisto e de que a so­li­da­ri­e­dade nom é ou­tra cousa que res­pei­tar a lei. No seu dis­curso de guerra qui­gé­rom me­ter-nos na trin­cheira com a pa­tro­nal e pe­dí­rom-nos, em fa­vor da re­cu­pe­ra­çom eco­nó­mica, que apoiás­se­mos ne­gó­cios sus­ten­ta­dos du­rante anos na ex­plo­ra­çom laboral.

No seu dis­curso de guerra qui­gé­rom me­ter-nos na trin­cheira com a pa­tro­nal e pe­dí­rom-nos, em fa­vor da re­cu­pe­ra­çom eco­nó­mica, que apoiás­se­mos ne­gó­cios sus­ten­ta­dos du­rante anos na ex­plo­ra­çom laboral.

E ainda que nós sa­be­mos que nada disso é real, agora mesmo opor-se ao dis­curso do­mi­nante nom é tam sim­ples como de­ve­ria, por­que fô­rom con­se­guindo que nos re­sig­nás­se­mos à soi­dade e, para além das res­tri­çons im­pos­tas pola le­gis­la­çom, te­mos que fa­zer frente às li­mi­ta­çons que nos im­po­mos nós pró­prias. E é que le­va­mos me­ses a vi­ver com medo: à en­fer­mi­dade, a fi­car de­sem­pre­ga­das, a que nos mul­tem, à crise que vai vir… E foi ca­lando em nós ta­mém a dú­vida de se é re­al­mente res­pon­sá­vel reu­nir-nos, des­lo­car-nos, mobilizar-nos.

Talvez é hora de rein­ven­tar a açom sin­di­cal, mas quiçá ta­mém é tempo de lem­brar o evi­dente: que as mu­dan­ças só se con­se­guem com pro­testo e com mo­bi­li­za­çom so­cial e que por ve­zes o ver­da­dei­ra­mente res­pon­sá­vel é a de­so­be­di­ên­cia. Porque quem está a pôr em pe­rigo a nossa saúde nom som as pes­soas que se reú­nem e se mo­bi­li­zam para ga­ran­tir di­rei­tos co­le­ti­vos, mas quem nos amo­reia em fá­bri­cas ou em es­cri­tó­rios para se­guir a ti­rar lu­cro à nossa conta.

Vivemos tem­pos de cor­tes de di­rei­tos la­bo­rais e so­ci­ais, de re­con­fi­gu­ra­çom do mer­cado de tra­ba­lho, de pre­ca­ri­za­çom das nos­sas con­di­çons de vida, de pri­va­ti­za­çom dos ser­vi­ços pú­bli­cos. Para po­der frear todo isto, a ati­vi­dade sin­di­cal é mais ne­ces­sá­ria do que nunca. E o sin­di­ca­lismo, se é útil, só pode ser va­lente, por­que im­plica le­var o con­flito a es­pa­ços in­có­mo­dos. E é muito mais sim­ples ser va­len­tes se es­ta­mos juntas.

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