A revoluçom trans e o feminismo tenhem um enorme potencial. Em conjunto constituem umha força capaz de acabar com as injustiças e os paradigmas de dominaçom. Nom temos aqui espaço suficiente para aprofundar nisto, nem mencionar todos os temas afetados, mas podemos começar despertando as consciências.
Os movimentos sociais galegos precisam de um curso básico sobre o trans. Ainda se emprega a palavra “transexual” e muitas pensam que o transfeminismo é um feminismo que inclui mulheres trans. Nom o é. Isso é o feminismo. Ainda domina umha maneira de ver o trans que tem origem na nossa patologizaçom. A cisnormatividade mantivo o trans numha caixa fechada, controlável, para que nom transformasse a nossa maneira de conceber o género, o sexo, os corpos, a sexualidade… É normal que o feminismo seja cisnormativo, pois foi criado num mundo cisnormativo.
O feminismo histórico abrange dous elementos: um movimento político contra certa opressom e também umha cultura das mulheres. A revoluçom para acabar com a cisnormatividade tem o efeito de transformar o primeiro elemento; e com o segundo temos que reconhecer umha ligaçom emocional muito forte. O nosso repto é transformarmos as demandas políticas para que incluam um entendimento de todas as opressons sofridas no âmbito do sexo-género, sem que a consequência seja a sensaçom de estarmos a destruir umha cultura de mulheres. Nom tenho o caminho, só estou identificando os desafios.
O nosso repto é transformarmos as demandas políticas para que incluam um entendimento de todas as opressons sofridas no âmbito do sexo-género
Desde o projeto Sete Outeiros, o segundo numero do nosso Tranzine está orientado ao movimento feminista. Nele há umha parte que se chama “Géneros diversos nos feminismos” em que falam varias pessoas nom-binárias das suas experiências com violências machistas e da sua relaçom com o feminismo. É necessário escutarmos estas vozes. De feito, esta mesma questom está no ar no feminismo galego. Galegas 8M está em processo de organizar um congresso para falar do tema. O meu medo é que nom fagamos a formaçom necessária para nos prepararmos antes.
Quando falamos de inclusom, sempre temos que ter muito cuidado. Se existe umha questom da inclusom, existe umha exclusom estrutural. Quem pode decidir “incluir” outris? Quem ocupa o centro de um movimento cuja “inclusom” nunca está questionada? Umhe amigue minhe comentou-me que “o feminismo deve ser para todas as pessoas que o precisarem”. E é um argumento difícil de contestar. Se um coletivo marginalizado sofre muitas violências machistas, quem vai decidir que devem estar “incluides” ou nom? Dizer que o feminismo deve ser para todas as pessoas que o precisam, atribui ao feminismo o estatuto de movimento político, com demandas contra as opressons estruturais e as violências.
No mesmo número do Tranzine publicamos umha carta assinada por Daniela Ferrández, Laura Bugalho e mais eu, Xácia Ceive, “O feminismo é um espaço seguro para mulheres trans?”. Semelha mui positivo identificar que o conceito de “espaço seguro” existia só para as mulheres que estám no centro, as mulheres brancas, cis, sem discapacidades. Porque quando reconhecemos que sempre houvo hierarquias, desequilíbrios de poder, entendemos de súpeto que sempre tivemos as ferramentas para gerir as dificuldades da diversidade dentro do feminismo. Nom é preciso ter medo a perder um “espaço seguro” que só existia para as pessoas mais privilegiadas. Só perdemos as nossas ilusons e nom as nossas esperanças.