
No passado dia 19 de janeiro chovia, e dentro da livraria de mulheres Lilith, na zona velha de Compostela, brindava-se com espumoso. Nom era para menos, trata-se da apresentaçom dum texto que recompila a reflexom e trabalho coletivo feito durante algo mais de dous anos. O ponto de inflexom foi a assembleia “basta de agressons machistas” constituída após a denúncia dumha agressom a umha mulher num espaço de ócio em Compostela. A repercussom da denúncia do caso desencadeou umha reflexom nos feminismos autónomos, pondo o foco nas dificuldades de açom para erradicar as agressons machistas no seio dos movimentos de esquerda. Fruto desta processo articulárom-se diferentes atividades, em particular o IV Encontro de Feministas Autónomas da Galiza de 2016 em Vigo, um grupo de Teatro da Oprimida, e duas Jornadas de Auto-formaçom sobre violências machistas na serra de Sam Mamede em 2016 e 2017. O texto apresentado é resultado deste percurso, desta rede de alianças e desenvolvimento de conhecimento comum: umha ferramenta para “pôr corpo à sororidade”.
O protocolo, de 39 páginas, sobre licença nom privativa, é dum documento exaustivo, teórico-prático, que fica assim ao serviço dos movimentos populares, com umha ampla base teórica: “nom podemos estar entrando a explicar o que som as violências machistas a cada agressom”, apontam as elaboradoras do projeto. Assim, desenvolve-se o conceito de violências machistas, e achega umha tipologia, sem gradaçons por intensidade, mas descrita para a sua identificaçom e análise. Por outra parte proponhem-se vias de prevençom e finalmente umha linha de abordagem com dinâmicas concretas para a resoluçom prática. Um alicerce do texto foi o “protocolo para a prevençom e abordagem das violências machistas nos movimentos sociais” do Movimento Popular de Sabadell. “Procuramos aproveitar a experiência e o trabalho das companheiras no movimento popular de Sabadell, mas também adequar o protocolo aos movimentos sociais galegos.” Neste sentido, as elaboradoras fazem finca-pé em tratar-se dum “trabalho em andamento”, aberto para que os coletivos se apropriem do texto e o adaptem aos casos específicos, segundo se vaia experimentando.
“Cumpre trabalho interno”, salientam as elaboradoras do material, que consideram necessário “pôr em tensom a esquerda social para o avanço do marco a respeito do que é considerado como violências machistas”.
Violências machistas nos movimentos sociais
As violências machistas nos movimentos sociais tenhem dificuldades específicas: Por umha parte a dificuldade de visibilizar e denunciar estas agressons de companheiros, supostamente aliados, e que nom respondem ao estereótipo do homem mal-tratador como homem violento. Doutra, rachar com o mito da mulher ativista como mulher forte, independente e sem contradiçons, que dificulta auto-reconhecer-se vivendo uma situaçom de abuso.
No marco dumha sociedade patriarcal, também na esquerda se perpetuam os mitos e simplificaçons machistas, como os rumores e juízos culpabilizadores na linha de que “se a agrediu é porque ela lho permitiu”, desconsiderando a existência dum sistema produtor e reprodutor de dominaçom. “Cumpre trabalho interno”, salientam as elaboradoras do material, que consideram necessário “pôr em tensom a esquerda social para o avanço do marco a respeito do que é considerado como violências machistas”.