
Para a Junta da Galiza foi importante a posta em andamento de um macro-festival como ‘O Son do Camiño’ que funcionasse como propaganda do que será o seu grande evento cultural: o Jacobéu 2021. Para isso, assinou um contrato milionário com duas das empresas especializadas na organizaçom deste tipo de eventos, como som Esmerarte ‑organizadora do Portamérica- ou Old Navy Port Producciones ‑organizadora do Resurrection Fest-.
Ademais de ‘O Son do Camiño’, a aposta cultural da Junta passa por apoiar este tipo de festivais, ademais de utilizá-los como montra para visibilizar o logótipo do Jacobéu 2021. Neste ano a administraçom autonómica desenvolveu a marca promocional ‘FEST Galicia’, que tem como lema ‘Festivais que fam caminho’ e à que se aderem umha dúzia de festivais, entre eles o Resurrection Fest, Portamérica ou o SonRías Baixas. Na descriçom desta marca expom-se que nasce “para promocionar o território galego como destino musical, baixo critérios de qualidade e sustentabilidade social. A marca acolhe a festivais que funcionam de forma profissional e que se preocupam por achegar valores acrescentados à experiência musical”.
Há mais exemplos do interesse polo turismo de festivais que está a promover o PPdeG. Assim, a Direçom Geral de Juventude, Participaçom e Voluntariado, órgao dependente da Conselharia de Política Social, anunciou que dentro do programa ‘SON Voluntario/a’ facilitará a participaçom de jovens voluntárias nos festivais, “que vivirám a experiência do festival desde dentro”, expom-se na nota de imprensa em que se publicitava esta iniciativa. Nessa mesma nota, indicavam-se que nom se realizariam mais de três horas de voluntariado e que as tarefas seriam “oferecer informaçom de interesse sobre os serviços que oferece o festival, facilitar a circulaçom das pessoas dentro do recinto e realizar, de ser o caso, atividades de sensibilizaçom medioambiental”.
A Junta assinou um contrato milionário com duas das empresas especializadas na organizaçom deste tipo de eventos, como som Esmerarte ‑organizadora do Portamérica- ou Old Navy Port Producciones ‑organizadora do Resurrection Fest-
Voltando ao ‘O Son do Camiño’, para os próximos anos a Junta está a preparar umha oferta ainda mais ambiciosa. Recentemente, o jornal La Voz de Galicia anunciava que a administraçom autonómica tinha preparada a licitaçom de 472.000 euros para ampliar a 50.000 vagas ‑atualmente conta com 33.000- o aforo do Monte do Goço em 2021. Segundo estas informaçons, o aforo ampliará-se reduzindo o volume do lago.
Exploraçom laboral
Porém, quando se escutam as vozes das pessoas que trabalham nos festivais servindo consumiçons nos balcons ou na limpeza dos acampamentos a realidade é outra. É um tipo de trabalho ao que acode sobretodo gente nova com interesse em conseguir uns ingressos pontuais, o qual dificulta umha conscienciaçom arredor da defesa de umhas condiçons laborais dignas.
No caso da contrataçom para a ediçom de ‘O Son do Camiño’ deste ano, celebrado no Monte do Goço de Compostela, a única informaçom sobre as condiçons laborais que se achegou às pessoas que trabalhariam como camareiras é de que se pagariam oito euros por hora trabalhada. Indicava-se também qual seria o horário de entrada, mas nom o de saída, o qual ficava à decisom da pessoa encarregada por cada balcom. Assim, as trabalhadoras dos balcons realizariam jornadas que poderiam superar as treze horas diárias. Todas elas pagadas a oito euros, sem ser remuneradas como horas extraordinárias nem tendo em conta o plus de noturnidade.
A única informaçom sobre as condiçons laborais que se achegou às camareiras de ‘O Son do Camiño’ é que se pagariam oito euros por hora
Ao nom ver umha cópia do contrato as trabalhadoras dos balcons ficam sem a possibilidade de saber qual seria o convénio aplicável. Porém, esse preço de oito euros por hora fica por baixo do convénio coletivo de hotelaria da província da Corunha e também do convénio autonómico de eventos, serviços e produçons culturais ‑polo que se regem outros festivais como o Resurrection Fest-.
Segundo indicam pessoas que trabalhárom nos balcons de diversos festivais seriam traços comuns: umha falta de conhecimento do convénio laboral aplicável, um preço por hora que oscila entre os 8 ou os 9 euros, jornadas laborais que podem superar as quatorze horas e que em ocasions se encontram separadas por menos de doze horas de descanso.
Este ano fazia-se público, dous meses depois da celebraçom do festival, que muitas trabalhadoras dos balcons de ‘O Son do Camiño’ nom receberam o importe que lhes correspondia, havendo casos em que ingressaram dez horas menos. Imediatamente depois de fazer-se público polas redes sociais, a empresa encarregada da contrataçom, Trosma Producciones, começou a fazer caso das queixas que durante semanas estiveram a emitir as trabalhadoras afetadas, acelerando o pagamento de boa parte das dívidas.
Nos festivais nom se pagam horas extraordinárias nem plus de noturnidade
Quanto aos serviços de acampamento, em que seria aplicável o convénio de hotelaria da província correspondente, também se denunciárom pagamentos por baixo do correspondente. Assim, umha trabalhadora do serviço de ‘glamping’ do Resurrection Fest explica como recorreu ao seu sindicato, a CIG, umha vez decidiu nom assinar o ‘finiquito’ ao ver que cobraria menos do que tinha calculado. Ela lamenta que as trabalhadoras deste tipo de eventos nom recorram aos sindicatos para reclamar o que se lhes deve. Após receber assessoramento, contatou com o departamento de recursos humanos da empresa ‑Glamping and Co., sediada em Castellón e que fornece serviços de acampamento de luxo em diversos festivais do estado espanhol- e conseguiu cobrar segundo o convénio coletivo de hotelaria de Lugo. A sua jornada era de oito horas e de manhá, mas esta trabalhadora denuncia que as horas extraordinárias pagavam-se igual que as ordinárias, e que nom se pagava tampouco plus de noiturnidade.
Insustentabilidade ecológica
O modelo de lazer em festivais está baseado no consumo, tanto de espetáculos, como de comida, bebidas ou diversos tipos de serviço. Todo está preparado para saciar os desejos dos centos ou milhares de pessoas que assitirám ao festival, sem importar demasiado as repercussons deste modelo nem nas condiçons laborais nem nas agressons ao meio ambiente. Os macro-festivais som também umha ocupaçom de modo intensivo de um espaço público que gera umha grande quantidade de desperdícios, como pode ser o uso habitual de plásticos de um só uso. Nesta ediçom de ‘O Son do Camiño’ algumhas trabalhadoras observavam como a cerveja sobrante das torneiras era lançada ao lago do Monte do Goço, um espaço que vários dias após a celebraçom do festival ficou cheio de sacas de lixo e todo tipo de desperdícios sem recolher, o que suscitou as queixas da vizinhança.
“Pensade que quantas mais horas fagades, mais cobraredes. Isto é assim”, animava umha das encarregadas do balcom de ‘O Son do Camiño’ às suas trabalhadoras. Um modelo de trabalho que passa por acima dos direitos conseguidos polas trabalhadoras e que, através do seu apoio ao turismo de festivais, é promovido pola Junta.