
Por segundo ano consecutivo, a organizaçom feminista O Sonho de Lilith promove a Festivala em Vilagarcia de Arouça. O projeto, que inclui desde concertos a apresentaçons de projetos feministas, busca dar visibilidade ao trabalho realizado por mulheres e estabelecer-se como um espaço no que avançar nas estratégias feministas. Falamos com algumhas das integrantes do coletivo, Sol e Paz Romagnoli, Mariajo Piñeiro, Beatriz Lede e Daisy Alcalde.
Por que Festivala?
Queríamos refletir no próprio nome que este é um festival de e para mulheres e, com isso mudar os cartazes habituais dos festivais que som totalmente androcéntricos. Pensando nisso, saiu o nome de Festivala, gostamos dele no mesmo momento e já nom buscamos mais.
Um festival feminista diferencia-se doutros nas atividades, concertos… Mas, também a organizaçom deve fazer-se diferente? Como é organizar Festivala?
Nom sabemos como se organiza outro festival (risos). Nom buscamos todos os grupos que estejam na moda, antes, colocamos o foco nas mulheres: artistas que mostrem os seus projetos, os seus livros, grupos de mulheres, técnicas de som… todas as pessoas que conformam Festivala som mulheres e isso é um ponto de partida que trai dificuldades. Mulheres há muitas, mas buscamos que trabalhem desde a perspetiva de género, sobretudo nos grupos musicais. Por exemplo, este ano trouxemos La Otra.
Mulheres há muitas, mas buscamos que trabalhem desde a perspetiva de género, sobretudo nos grupos musicais.
Logo também está o económico já que nom temos ânimo de lucro e dependemos das achegas e subvençons que houver. Nengumha de nós cobra nada e é complicado conciliar agendas. Felizmente, este ano contataram-nos algumhas artistas que queriam mesmo participar no Festivala.
Como se relaciona Festivala com o movimento feminista?
O Festivala nasce mesmo do movimento feminista, buscando ideias desde a organizaçom à que pertencemos O Soño de Lilith. Calhou sermos um coletivo no que nos damos todas mui bem.
O primeiro ano recebemos muitos apoios desde os feminismos e os grupos compostos por mulheres vinhérom a apresentar os seus projetos. Este ano já fumos mais concretas, as artistas contatavam-nos porque queriam participar e faziam-nos propostas. E assim é como o Festivala se converteu num espaço para as mulheres que querem mostrar o que fam.
Em Vilagarcia, a banda de música criou um grupo alternativo composto só por mulheres e meninas. Nas bandas eram sobretudo homens polo que ver um grupo potente de mulheres, com umha diretora, é mui emocionante. Ademais, tocam peças de mulheres invisibilizadas pola história e querem continuar, que nom fique só um grupo para atuar no Festivala.
Como é a relaçom com a vizinhança de Vilagarcia?
O ano passado a maioria das pessoas que vinhérom eram da própria Vilagarcia. Se calhar nom se sentiam atraídas pela temática, mas polo facto de ser de balde (risos). Mas isso mesmo é a razom pola que nom se cobra entrada, para chegar a pessoas que, doutro modo, nunca teriam vindo. Algo sempre fica.
Que objetivos marcades para o futuro da Festivala?
Gostaríamos de que fossem três dias de acampada! Temos a esperança de que cresça ou, quanto menos, se mantenha. Para isso temos que trabalhar muito e estar aí. Festivala nom é apenas um dia, mas fai parte dum projeto. Levamos a cabo atividades ao longo da semana e por diferentes vilas. Por exemplo, o obradoiro de crescimento pessoal e empoderamento de mulheres, em Sam Genjo ou a projeçom da curta ‘Feminazi. La pesadilla de un machirulo’ e charla com a sua diretora Diana López Varela em Vilagarcia. O ano passado centramo-nos no transfeminismo e este ano decidimos achegar-nos aos feminismos negros com a participaçom de Afroféminas. É mui necessário ir ao encontro de fórmulas para trabalhar em nós próprias. Dizemos que somos mui diversas, mas nom o somos tanto. Ainda temos muito que aprender e que melhor forma de fazê-lo que através do Festivala?