Conversamos com Fran enquanto vai por umha carvalheira de Portomouro, perto de um dos escritórios de Terrum Social, um projeto com umha filosofia do direito que mália que di “nom é nada nova”, o certo é que nom é tam frequente.
Entom, que vem sendo Terrum?
Dos anos 80 herdamos que os nom-alternativos eram sociedades anónimas e os alternativos eram cooperativas, e finalmente acabou sendo Feiraco umha cooperativa e o das ‘crechas’ umha S.A. Nós somos umha plataforma aberta e profissional que quer fazer algo distinto.
Por exemplo, fazedes assessorias jurídicas em espaços rurais.
Tenhem-se deslocado os centros de produçom cara às cidades, e por exemplo no Val do Dubra já nom há nem um só gabinete. Antes havia médicos que estudavam fora, voltavam às aldeias e até cobravam em espécies. Hoje nom, e quando acontece nom é tam romántico. Nós tentamos levar o direito ao lugar de onde saiu, as aldeias. Presupom-se que o mundo da economia está nas cidades, no intercâmbio financeiro, mas é no rural onde estám a terra e as fontes de riqueza, entom para fazer qualquer transformaçom social haverá que fazê-lo aí. Na Galiza sempre houvo pessoas a sacarem projetos das aldeias.
Também houvo organizaçom comunitária, nom sempre valorada.
Claro. Segundo os óculos que ponhas o minifúndio pode ser umha questom de pobreza mental ou um exemplo de autogestom e soberania alimentar. No campo está o direito das pessoas e onde se pode dar uma mao a quem vem começar umha nova vida. Ser um contrapeso, no sentido de que nom é chegar e pronto, senom que há que respeitar umha série de premissas. A lei é dura, o direito é dureza, violência… A justiça nom, é harmonia.
Fazedes finca-pé nos direitos digitais. Quais direitos há em risco?
Um companheiro reflexionava sobre os dados biométricos. Se compras um computador acedes a ele com os olhos, podem reconhecer-che polo triângulo da face, encontrar-te a caminhar por Londres… A identidade está a se converter num algoritmo e em funçom dele, como já tentárom uns penalistas italianos, se tés ‘cara de mau’ és ‘dos maus’. Podes ter localizada a povoaçom e saber como se comporta. Parece ciência-ficcçom, mas é real. Para pagar as ajudas há governos que já che procuram por triangulaçom e se saes do território dam um aviso. E somos nós quem alimentamos esse controle com os nossos dados.
Todas estas tarefas partem de umha mesma visom. Qual é?
Nom queremos ficar de inovadores, só fazer o que fazemos com determinismo, para que se fale disto com rigor. O direito e a informática som duas religioms nas que nom se formulam dúvidas, nom como nos feminismos ou na ecologia, onde sempre há debate. Nós temos o empenho claro de desandar o caminho. Chama‑o decrescimento ou botar o freio, mas para ser advogado/a nom tés que levar camisa nem ter um escritório na Praça Roxa. O outro dia preguntárom-me umha dúvida de direito. Eu resolvim-lha dizendo umha cousa dum livro que está em Santiago e dérom-me verduras, feijoms, ovos da casa… E nom pudemos comê-lo tudo. Isso é riqueza.