No ano 2003, José Maria Vilaboy, vizinho das Pontes e veterinário frustrado, deixa atrás a sua atividade política como concelheiro do PP, e pom em andamento a empresa de cria de roedores e coelhos “Xaraleira”, nomeada assim, segundo conta o próprio empresário numha entrevista, em alusom à quinta La Jaralera, de um personagem literário de Alfonso Ussia. O destino dos animais explorados por Vilaboy é maioritariamente a sua venda a tendas de animais como mascotas ou como alimento para zoológicos, prévio passo polas câmaras de gás instaladas na própria granja. As espécies implicadas som gerbos, coelhos, hamsters, cobaias e chinchilas. Já nos seus começos, Xaraleira conta com um dos vários subsídios que vai receber ao longo da vida da empresa; os primeiros recebe‑o do ICO e do “plam Ferrol” e com eles constrói a primeira nave. Com umha mentalidade totalmente neoliberal, a principal ambiçom do empresário é o crescimento constante da empresa; para isso, necessita mais naves e mais animais que explorar.
Deste modo, uns poucos anos após a criaçom da empresa, J.M. Vilaboy recebe mais um subsidio de 76.000 euros através da agencia galega de desenvolvimento rural (Agader) para a construçom de mais naves. A própria Junta de Galiza passa a fazer parte da empresa com umha participaçom do 27% através de Xesgalicia. Neste ponto parece que nos pacotes de ajudas públicas recebidas fora incluído também um bono-extra de atençom mediática. Em consequência, começamos a ver o empresário promovendo a sua atividade em vários programas da TVG: aparece duas vezes no telejornal da TVG falando da sua empresa, sendo a nova o grande empreendedor que é –incluso, a entrevistadora chama‑o duas vezes de “empresário do mês” –, e assim em diferentes meios, desde generalistas até especializados em economia. O tom de todas as reportagens é o inovador do projeto, curiosamente sempre destacando o bom trato aos animais e o carinho que lhes tem o empresário desde criança. É frequente ouvir esta última narrativa também às gandeiras, toureiros e demais exploradores de animais quando saem na imprensa.
Contodo, só uns poucos anos depois, soubemos polo labor de investigaçom de Xiana Castro e Eira do Val difundido polo coletivo Animal’s View que, após a empresa quebrar por mala gestom em Outubro do ano 2021, ficaram mais de 2000 animais abandonados ao cargo dumha soa pessoa trabalhadora. Os mesmos meios que davam graxa ao empresário nom publicárom nada sobre a quebra e o abandono dos animais apesar de terem recebido várias nota de imprensa. Também fica em entredito o papel da administraçom, a qual, sabendo-se que realizou inspeçons, nom atuou de maneira nengumha.
Entre outras ajudas, Vilaboy recebe um subsídio de 76.000 euros da Agência Galega de Desenvolvimento Rural e a própria Junta de Galiza participa da empresa no 27% através de Xesgalicia
Depois da quebra da empresa os animais passárom 7 meses sem apenas atençom até que em maio do 2022 no santuário de animais Vacaloura sabem do caso e decidem intervir e dar começo ao macro-resgate de todos eles. Isto é o que Inés Trillo, fundadora do santuário Vacaloura, conta que encontrou o primeiro dia que foi à Xaraleira: “nada mais baixar da furgoneta começou a picar-nos todo corpo por mor dos ácaros. Havia cans jogando com cadáveres de ratos e coelhos, o esterco chegava até os joelhos e fazia impossível caminhar por algumhas zonas, pilas e pilas de cadáveres, coelhos com encefalitozoonose e com problemas para se alimentar… Os animais vivos viam-se enfermos, havia animais fugidos das gaiolas, animais vivos convivendo com cadáveres doutros, os sistemas por gotas de água para beber estavam atascados sem funcionar e outros funcionavam mal botando água seguido até inundar os caixotes e fazer aboiar os cadáveres… Cenários dantescos que ficarám na nossa retina para sempre”.
As condiçons da vida na granja no seu funcionamento “normal” supugérom para os animais sobreviventes muitos problemas de saúde física e mental, enquanto a desvinculaçom da sua natureza, somada aos que vinhérom após o abandono, provocou a morte de muitos deles mesmo sendo resgatados. Vacaloura conseguiu transladar todos com a colaboraçom doutros santuários, protetoras e associaçons. Todos os animais resgatados estavam doentes, polo qual todos tivérom que receber atençom veterinária. A dia de hoje conseguírom fogares responsáveis todos os coelhos e ainda ficam 30 hamsters no santuário aguardando um fogar definitivo em que poder deixar atrás o inferno vivido em Xaraleira. Os gastos veterinários deste macro-resgate supugérom para o santuário Vacaloura um gasto económico de milhares de euros e, ao revés das empresas que baseiam a sua economia na exploraçom animal, os santuários animais nom recebem ajudas públicas.
Explica Inés que os santuários animais som refúgios multiespécie e antiespecistas onde se acolhem animais que venhem do abandono e a exploraçom, onde recebem umha vida que merece a pena ser vivida até o fim dos seus dias. Nom é normal que um santuário busque adopçom aos animais agás em casos como este, no qual a cifra de animais supera as possibilidades do santuário. Inés e a sua parelha Mario fundárom o santuário Vacaloura há 10 anos e dam refúgio na atualidade a 250 animais. O ano passado conseguírom mediante umha campanha de crowdfunding mercar um terreno para eles, ao qual precisam mudar-se aginha porque as instalaçons do atual santuário som mui precárias. Porém, para fazerem a mudança, primeiro tenhem que habilitar o novo espaço segundo as necessidades de cada espécie e, para isto, solicitam apoio a todas as pessoas sensibilizadas com a opressom animal “quem queira botar umha mao atopará como fazé-lo nas nossas redes sociais ou bem na nossa página web: santuariovacaloura.org”.
Pensar que isto aconteceu pola má praxe de um indivíduo seria umha leitura deste caso mui limitada. A raiz, para os coletivos antiespecistas está em tratar seres sencientes como mercadorias. Ainda que as imagens dos animais abandonados é mais impactante, para as ativistas pola liberaçom animal “a vida de todos os milhons de animais que por lá passárom durante o funcionamento regular da empresa nom foi muito melhor”. Engaiolados, explorados reprodutivamente, gaseados, e vendidos. A alternativa para que isto deixe de acontecer é deixar atrás a ficçom dos animais serem produtos.