A greve iniciada em setembro polas trabalhadoras da subcontrataçom da limpeza de Correos, SCT (Limpezas J. Córdoba, S.L.) logrou traspassar o cerco mediático de umha situaçom habitual nas subcontrataçons, especialmente nas da limpeza, por ser um dos setores laborais mais desregularizado, feminizado e precarizado.
O trabalho da limpeza, repleto de jornadas parciais, é desenvolvido habitualmente por pessoas atravessadas por múltiplas opressons: mulheres migrantes, mulheres com diversidade funcional… É neste contexto onde nascem os abusos da patronal, que sabe da vulnerável situaçom de muitas das trabalhadoras. A situaçom piora se acrescentarmos a política de externalizaçom de serviços públicos, cedidos à oferta mias barata, sem posterior controlo de cumprimento das condiçons para a contrataçom.
Em janeiro de 2022, o serviço de limpeza de Correos, que aglutina umhas 300 trabalhadoras galegas, vai a concurso e som adjudicados 6 dos 16 lotes (toda a zona norte do Estado espanhol) a Clequali, S.L., empresa que finalmente desiste da oferta e o concurso fica deserto.
A finais de maio, apenas quatro meses desde a entrada da SCT, a empresa adverte que nom vai pagar o ordenado de junho polas diferenças que mantenhem com Correos
Correos recorre entom a um procedimento fechado sem publicidade, no qual resulta adjudicatária SCT, empresa que já acumulava antecedentes de nom pagamento noutras zonas do estado. Após a adjudicaçom do contrato em novembro do ano passado, começa a operar na Galiza em fevereiro. Neste momento, começam os problemas.
As eivas no serviço
“Começa a chegar material de limpeza em mal estado, tarda em chegar a máquina lavadora, nom recebemos uniformes e calçado, nom há reconhecimento médico nem formaçom em prevençom….”, relata Marta Núñez, trabalhadora do CTA de Lavacolha (Compostela) e afiliada da CUT.
A inspeçom de trabalho constata incumprimentos laborais em matéria de prevençom e na falha do plano de igualdade, após unha denúncia desta trabalhadora no mês de abril deste ano, mas nada muda após a resoluçom da inspeçom.
A mobilizaçom das trabalhadoras
As empregadas começam a ficar nervosas. Acusam a empresa de falta de atençom (nom há sucursal na zona e a chefa e o encargado teletrabalham) e começam a receber informaçons de atrassos nos pagamentos de salários por parte desta empresa no País Basco.
A finais de maio, apenas quatro meses desde a entrada de SCT, a empresa adverte que nom vai pagar o ordenado de junho polas diferenças que mantenhem com Correos.
“Ameaçamos entom com iniciar mobilizaçons, mas desde a empresa concessionária nom mostram preocupaçom e respondem que lhes vai bem para pressionar Correos”, contam as trabalhadoras.
SCT abona o 22 de junho os salários pendentes e logram frear as mobilizaçons antes do começo do voto por correio para as eleçons estatais. Porém, as trabalhadoras já nom recebem as nóminas de julho e agosto e em setembro ativam a convocatória de greve indefinida e as mobilizaçons ante as sedes de Correos.
A greve e as mobilizaçons tenhem lugar também desde finais do verão noutros pontos do Estado e o lixo começa a se acumular nos escritórios de Correos.
O conflito salta entom para a imprensa galega e estatal, após cinco semanas de greve na Galiza.
A situaçom no futuro
As trabalhadoras celebrárom no sábado 7 de outubro umha assembleia para decidirem os seguintes passos e acordárom manter a greve e continuar com mobilizaçons e outras açons para tentar forçar umha saída ao conflito.
“Dia 2 de outubro Correos abriu um expediente à empresa concessionária, mas sem prazos de resoluçom. Nom sabemos se vai ficar numha sançom, se vam rescindir o contrato ou o quê”, explica Javier Torea, membro do comité de empresa pola CIG. “Ante esta situaçom, as trabalhadoras aprovárom um mês mais de greve. Queremos que Correos rescinda o contrato e nom volte a licitar com empresas ‘pirata’ como esta. Estamos considerando apresentar umha denúncia pola via penal por vulneraçom da Lei de Contratos e do direito à greve pola camaradagem de certas chefas de centros de Correos, que limpárom elas mesmas o escritório”, di Torea.
Contudo, este caminho nom convence todas as trabalhadoras. “É necessário resgatar os serviços públicos externalizados, que só enchem os bolsos de grandes empresas em detrimento da saúde e da estabilidade das trabalhadoras”, aponta Andrea Estévez da Área de Emprego Público da CUT.
O trabalho da limpeza, repleto de jornadas parciais, é desenvolvido habitualmente por pessoas atravessadas por múltiples opressons: mulheres migrantes, mulheres com diversidade funcional… É neste contexto que nascem os abusos da patronal, que sabe da vulnerável situaçom de muitas das trabalhadoras
“Em cada subrogaçom, as pessoas perdem os complementos e, se nom os reclamam, por vezes prescrevem e vam perdendo, por exemplo, a antiguidade consolidada e os pluses pessoais”, di Marta Núñez. “No convénio e na tabela de salários de Correos já existe a categoria de pessoal de limpeza –em extinçom– porque há companheiras que pertencem a Correos e ainda nom se reformárom. Nom tenhem que modificar nada, só assumir a dívida como responsável subsidiária e subrogar-nos”, explica.
Também a CGT aposta na prestaçom do serviço direto, ao tempo que adverte da grave situaçom de insalubridade que se vive após mês e meio de greve de limpeza. “A própria inspeçom de trabalho adverte num informe dum risco moderado para a saúde, que num prazo breve de tempo pode converter-se em riscos graves e poderia implicar a paralizaçom do serviço de Correos”, explica Xan Xove, delegado de trabalhadoras de Correos pola CGT.
A externalizaçom da limpeza implica que Correos pague o custo do serviço mais 21% de IVA e a margem empresarial (5–10%) , além de externalizar com outra empresa a elaboraçom do contrato por 15.000 € e o controlo e optimizaçom do serviço por 680.000€, segundo as cifras de que dispom a representaçom sindical.
“A gestom direta pode ser mais eficiente, como já se tem constatado por exemplo no caso da reinternalizaçom do serviço na USC” afirma Chon Viqueira, delegada da CUT e empregada da limpeza neste organismo.
De Correos afirmam que está em andamento o processo de rescisom do contrato com a concessionária, se bem que nom acheguem prazos de resoluçom nem soluçons para o futuro.
Entretanto, muitas trabalhadoras da subcontrataçom recorrem à prestaçom de serviços em domicílios, sem estarem dadas de alta na Segurança Social, para poderem subsistir. Mas nom dam por perdida a batalha. A greve e as mobilizaçons continuam.