Qualquer remédio, com exceçom dos homeopáticos, tem de passar umha série de provas de controlo que requerem que se mostre mais efetivo que o efeito placebo, para ser reconhecido como medicamento e poder ser comercializado e subministrado como tal. Nestes estudos as pessoas voluntárias som divididas em grupos, de forma que um recebe a droga e outro toma um falso medicamento, sem saber disto nem a pessoa que a consome nem a que a administra (duplo-cego). Com esta pesquisa é possível avaliar se o remédio aporta efeitos positivos, comparando o grupo realmente medicado com o grupo que estivo a consumir pílulas de açúcar. Em resumo, é o placebo o que permite ponderar a eficácia da substancia química.
Estudos recentes mostram que o efeito placebo está a dar algumha dor de cabeça à comunidade científica, pois desde que se estuda (lá por 1799) até os nossos dias, nom tem deixado de medrar, associando-se a variáveis do mais insignificantes, como o tamanho ou a cor da pílula, o trato amável do pessoal medico ou o preço — e a publicidade — do produto.
O efeito placebo está a dar algumha dor de cabeça à comunidade científica, pois desde que se estuda (lá por 1799) até os nossos dias, nom tem deixado de medrar, associando-se a variáveis do mais insignificantes, como o tamanho ou a cor da pílula, o trato amável do pessoal medico ou o preço - e a publicidade - do produto
Na medicina convencional esta é umha questom de que se fala com a boca pequena e acontece-nos, a quem fomos adoutrinadas neste mesmo jeito de entender, que ficamos confusas quando vemos como o efeito placebo é utilizado sem reparos como mais umha ferramenta para a sanaçom. E isto acontece de seguido nas praticantes da medicina tradicional baseada no uso de ervas medicinais.
Antes de poder eu compreender (e praticar) isto, encontrei-me numha vila rural com um grupo de mulheres falando sobre plantas. Na apresentaçom falou umha conhecida minha que, segundo a sua detalhada versom dos feitos, que seria mui longa para reproduzir aqui, tinha curado as feridas que lhe causaram uns toros de pinheiro que caíram da carga de um tractor, colhendo-lhe a pernas à altura dos gémeos, com um óleo de árnica que eu lhe tinha apresentado numha ocasiom. A história nom seria inverosímil, se nom tivesse afirmado com total determinaçom “a manhá seguinte nom tinha nada!”. Ainda nom sabia eu da importáncia radical de fomentar este tipo de crenças sobre os remédios antes de aplicá-los, e nom puidem evitar ficar vermelha ao sentir-me adulada.
Agora que já conhecim muitos relatos assim fum-me familiarizando com essa bonita maneira de falar do mágico poder das ervas, e compreendim o sentido de essa oratória. O que antes achava de larcheios desnecessários para se referir às propriedades curativas de um remédio, agora cobram sentido no fio de um protocolo onde a atençom ao corpo nom pode desligar-se da atençom à mente, onde a enfermidade nom é atendida como umha falha mecánica senom como um momento da vida. E todas as histórias que acompanham a árnica como a outras das mais reconhecidas ervas da nossa tradiçom medicinal, malva, chantagem, verbena, dentabru,.. formam parte do seu potencial medicamentoso.
De seguro que muitas das leitoras se terám topado no meio de umha conversa onde se louvavam as propriedades milagrosas de algum remédio, que tinham mudado a vida de alguém que vivia no desespero. Gravem nas suas memórias! Sem ainda umha explicaçom científica para as caprichosas manifestaçons do efeito placebo, é o jeito de conservar a nossa medicina nas melhores condiçons para quando precisarmos dela.