As galegas empregam a grande rede para operaçons quotidianas. Existe umha brecha entre o rural e a cidade, mas a partilha de informaçom nas plataformas para a gestom da vida social é bem conhecida no nosso país.
A conexom habitual a Internet por parte da populaçom é umha realidade. O dia-a-dia das galegas encontra-se habitado polo emprego da grande rede para operaçons quotidianas. Se bem que as estatísticas indicam umha brecha de conetividade entre as zonas rurais e urbanas, a partilha de informaçom através das plataformas para a gestom da vida social é bem conhecida no nosso pais. Alguns estudos empresariais indicam que a Galiza, após Madrid, é a comunidade autónoma do Reino da Espanha com mais pessoas usuárias da rede social mais popular de ‘microblogging’ (a publicaçom de mensagens com um limite de carateres).
As percentagens de conexom som maiores quanto mais jovens som as pessoas. Um 94,7% das crianças entre 10 e 15 anos usam Internet.
Segundo o estudo A comunicaçom na Galiza, editado em 2016 polo Conselho da Cultura Galega (CCG), atualmente um 58,3% da populaçom, o correspondente a uns 1,6 milhons de pessoas, coneta-se com frequência a Internet. Os seus usos mais habituais, empregados por mais do 80% da populaçom com conexom habitual, som a procura de informaçom sobre e bens e serviços, a leitura e a descarrega de notícias e o envio e receçom de correio eletrónico. Após estas, no 65,3%, encontra-se a participaçom em redes sociais, e no 56,2% os jogos e as descarregas relacionadas com o lazer. Assim, o mundo digital é umha janela sobre a que grande parte da populaçom debruça para se informar e comunicar. Por outro lado, o uso menos estendido, e que se situa no 11,1%, é a criaçom de páginas e blogues. As percentagens do seu uso para pendurar conteúdos próprios situa-se num 43,8%, por baixo do uso para descarregas, do que se pode inferir que Internet é umha ferramenta que está a ser mais apta para o consumo do que para a criaçom própria.
Crianças, Internet e telemóveis
Outro traço que assinala o apartado dedicado à Internet do relatório do CCG é que as percentagens de conexom som maiores quando mais jovens som as pessoas. Mesmo é assim, que entre as crianças de 10 e 15 anos um 94,7% empregam Internet e, no mesmo tramo de idade, um 69,8% de crianças contam um telemóvel. Assim mesmo, um inquérito realizado pola Agência para a Modernizaçom Tecnológica da Galiza (Amtega) sobre a sociedade de informaçom nas vivendas galegas, indica que a presença de crianças na casa aumenta em 20 pontos as quotas de conetividade.
A maior percentagem de conexom habitual a Internet produz-se entre a franja de idade situada entre os 16 e os 24 anos, atingindo o 97,5%, sendo esta a geraçom que se define como ‘nativas digitais’. De jeito progressivo, as pessoas com mais idade conetam-se menos à rede. Na franja de idade que vai de 45 a 54 coneta-se habitualmente um 61,7%.
Ademais da brecha geracional que acompanha a introduçom destas tecnologias, percebe-se nas estatísticas outra brecha: a existente entra a cidade e o rural. Neste sentido, som as cidades de A Corunha, Compostela e Vigo as que contam com mais altos índices de conexom em banda larga. Aliás, os índices sobre os lugares de conexom salientam como o emprego de Internet cada vez é mais quotidiano e íntimo, pois o 89,4% das pessoas que se conetam fam-no da sua casa e o 84,2% dum dispositivo móbil, invertendo-se os dados que se davam na década de 90, quando era usual conetar-se em locutórios ou do centro de trabalho.
Estudo Geral de Meios
Por outra banda, as estatísticas que achega o Estudo Geral de Meios sobre o emprego de Internet no conjunto da populaçom no Reino da Espanha podem acrescentar alguns dados. No EGM correspondente à segunda jornada de 2016 pode-se apreciar como foi evoluindo nos últimos anos o uso de Internet por homens e mulheres. Nos anos 90 e começos de 2000, o acesso à rede era maioritariamente masculino, mas na atual década as cifras indicam que a relaçom está no 50%.
Também segundo o EGM, no conjunto do Reino o dispositivo do que mais se coneta a populaçom a Internet é o telemóvel, o que permite estar ligado permanentemente ao longo do dia, achegando o contexto idóneo em que o serviço mais empregado seja o das mensagens instantâneas. Outro dispositivo que está a crescer nos últimos tempos, que permite também a conexom da vivenda e que pode chegar a deslocar a tablet, é a ‘smart tv’.
Qual perfil geral de usuária de Internet desenham estes dados? Umha pessoa jovem, com um dispositivo móvel com conexom, habitante da urbe, que emprega correio eletrónico, serviços de mensagens instantâneas para se comunicar e cuja principal fonte de informaçom é a rede.
Brecha digital de género
As estatísticas do EGM apontavam um acesso mais ou menos equiparável de mulheres e homens, mas isto nom se traduz como que a web seja um espaço igualitário. Em 2013, Ianire Estébanez, criadora da web minoviomecontrola.com, indicava que esta igualdade de acesso dá-se apenas nas pessoas de entre 16 e 24 anos e que cumpre falar dumha “terceira brecha digital de género” através da qual se reproduzem os roles diferenciais de género no emprego das aplicaçons tecnológicas para a gestom de relaçons sociais. Assim, Estébanez cita estudos que apontam que as moças tenhem maior interesse por conteúdos culturais, de lazer ou de sociedade e famosas, enquanto os moços estám mais interessados em desportos e jogos. Noutro senso, indica também que elas empregam mais as redes sociais como elementos de socializaçom e relaçom enquanto eles se mantenhem mais longe e realizam um maior controle sobre a sua intimidade.
Reproduzem-se roles diferenciais no uso dos aplicativos para gestom das relaçons sociais
Apoiando-se no trabalho feito polo Observatório Basco da Juventude, Estébanez conclui que “as moças manifestam ser acossadas sexualmente por parte de desconhecidos e conhecidos através das redes, mas à vez toleram e confundem manifestaçons de controle por parte das suas parelhas (ou ex parelhas) com mostras de amor”. Através de um inquérito realizado em dous municípios bascos, Estébanez adverte sobre as diferenças na perceçom de um comportamento de acosso. Essa experiência extraiu que receber mais de dez chamadas ao dia era considerado um comportamento violento no 37,3% das moças, com um grau de importância de 0,95, numha escala de 0 a 5. Perante a mesma pergunta o 76,3% dos moços o consideravam violento, com um grado de importância de 2,64.
As redatoras da revista feminista Revirada, que partilharam com Novas da Galiza os trabalhos de Estébanez para esta reportagem, salientam que nas novas tecnologias “se reproduzem os mesmos esquemas de discriminaçom e opressom que encontramos nas relaçons nom virtuais”. Ademais de denunciar a invisibilizaçom dos discursos distanciados do hetero-patriarcado, a criaçom de ciber-relaçons patriarcais ou o assédio contra mulheres e sexualidades nom binárias, Revirada insiste também na “necessidade de ‘espaços seguros’ na web – como foros fechados, revistas feministas, blogues – onde seja possível ouvir vozes dissidentes e tratar de temas que ficam ainda completamente invisibilizados nos meios convencionais”.
Ninguém perto, ninguém longe
Os telemóveis com conexom web adquirírom umha ampla presença nas atividades mais quotidianas. Encontramo-los próximos à taça de café do almoço, pendurando do braço quando a gente está a correr ou agachados por baixo das mesas nas aulas, sempre recebendo os impulsos do dedo polegar e a atençom dos olhos. E o que a gente vê nele? Talvez umha posta de sol com um filtro de cores, a última mensagem numha longa e intermitente conversa através dum serviço de mensagens instantâneas ou as últimas notícias na atualidade do dia. Mas, sobretodo, o que permite um dispositivo destas caraterísticas é comunicar-se e relacionar-se em qualquer momento com gente que se encontra a qualquer distância.
O sociólogo polonês Zygmut Bauman, numha das suas 44 cartas do mundo líquido moderno, afirma que “nesse mundo online ninguém está longe nunca, todos semelham estar constantemente à nossa disposiçom”. Efetivamente, a grande maioria de redes sociais popularmente empregadas contam com a oportunidade de trocar mensagens privadas com qualquer das pessoas usuárias, o que permite ter a sensaçom de ter as pessoas ao alcance da mau. Bauman, na mesma carta, reconhece outro aspeto que facilita a conexom permanente através do telemóvel: o “estar espiritualmente ausentes”.
A reflexom de Bauman suscita a imagem dalgumhas cenas quotidianas. Estamos nalgum local de lazer e encontramos ao redor pessoas que prestam mais atençom ao seu telemóvel do que às possibilidades de conversa que se podem abrir com as pessoas fisicamente presentes. Disponibilidade online e alheamento do entorno som, seguindo com o exposto por Bauman, algumhas das consequências no nosso comportamento social polo emprego que as pessoas fazemos destas tecnologias e que podemos palpar na vida quotidiana.
Conetividade e ausência
Algumhas usuárias utilizam as novas tecnologias cuidando a privacidade e evitando dinâmicas de controlo próprias das redes
A psicóloga e terapeuta sexual Mai Ínsua identifica também, entre outros, estes comportamentos. Assim, Ínsua vê nessa conetividade e disponibilidade permanente um mecanismo próprio do sociedade patriarcal, pois “as redes sociais rebentam a reivindicaçom feminista de construçom de tempos e espaços próprios. Aportam informaçom sobre quem está online num momento concreto, sobre relacionamentos entre outras pessoas ou a última hora em que outra pessoa teve conexom”. Estes dados, segundo aponta Ínsua, fam saltar mecanismos de controle e dependência, e facilitam a criaçom de suposiçons. Por exemplo: nom respondem umha mensagem enviada e, através da informaçom sobre a última conexom registada, a pessoa emissora tende a imaginar as causas dessa demora.
É por isto que algumhas pessoas usuárias decidem apagar o acesso a essa informaçom com a intençom de salvaguardar a privacidade e rachar com as dinâmicas de espera e controle que potenciam estas redes. Os serviços de mensagens instantâneas mais empregados tenhem a opçom de nom mostrar as tuas informaçons sobre a hora de conexom ou sobre a leitura das mensagens enviadas. Umha vez se marca esta opçom, o aplicativo informa-te de que isto implica que nom verás as horas de última conexom dos teus contactos.
Mai Ínsua salienta as distorçons que se criam à hora de perceber a vida das outras pessoas. Pom o exemplo dumha rede social de publicaçom de fotos e vídeos: “tu vês a foto ‘perfeita’, mas nom sabes se antes dessa houve outras, ou por que escolheu essa e desbotou outras, ou mesmo simplesmente quais fôrom os motivos que levaram a tirar umha foto”. Ínsua assinala que há tendência a encher mentalmente esses ocos que ficam vazios, criando umha ideia que nom tem a ver com a realidade nem serve para compreender a situaçom vital em que se encontra a outra pessoa.
Também percebe Ínsua o feito da nom presença. Assim, estas redes de publicaçom de fotos promovem que as suas usuárias estejam habitualmente procurando a captura de imagens da sua vida. “Tiras fotos dumha posta de sol e estás mais concentrada em como a sacas do que em viver a própria posta de sol. Estás todo o tempo fora”, reflexiona Ínsua.
Cuidados e encontro
O uso estendido dos serviços de redes sociais, através dos quais boa parte da populaçom gere a sua realidade relacional, lança o interrogante de se estám a influir na qualidade e na quantidade dos encontros físicos entre pessoas. Iago Varela, coordenador da página Mallando no Android, admite que está estendida a ideia de que a tecnologia está a nos afastar dos encontros pessoais, mas “eu som das que pensa que é umha crença errada”. Para Varela conversar por mensagens instantâneas nom fai que combine menos em pessoa e acha que interagir polas redes “pode fazer que descubramos gente afim na rede que depois desvirtualizaremos”.
Alberto (nome fictício), desenhador gráfico e usuário das redes sociais, fala das suas experiências e afirma que “graças à Internet tenho relaçons amplas ao longo de toda a península, tecim redes de amizade com pessoas que vejo fisicamente pouco mas com a que comparto a minha vida”. Alén disto, acrescenta que estas relaçons online “nom me impedem ver as minhas amizades que estám fisicamente mais próximas, na minha cidade. Tenho um amigo com o qual ceio e vejo séries dous ou três dias por semana. Outras amizades tento vê-las todas as semanas ou cada duas semanas”.
Continuando com a intuiçom de que as redes sociais estavam a degradar as relaçons de proximidade entre as pessoas, o sociólogo César Rendueles apontava no seu livro Sociofobia a incompatibilidade entre as novas tecnologias e as dinâmicas de cuidado e apoio mútuo. Num debate sobre as tecnologias celebrado em Madrid, do público respondia-se-lhe a Rendueles que o 70% das mensagens em Internet som privadas, quotidianas, polo que pode configurar um novo canal para os cuidados.
Reflexionando sobre este assunto, Alberto admite que as relaçons físicas contam com mais potencialidade à hora de satisfazer as necessidades de afeto, “mas isto nom quer dizer que nas relaçons virtuais nom podam estar presentes os cuidados e acompanhamentos”. Assim, Alberto acrescenta que “vivo constantemente situaçons em que realizo vídeo-conferências ou envio áudios, imagens ou ligo com alguém que precise do meu acompanhamento ou escuita ativa”.
O binómio tecnologia e cuidados tem ainda um resultado incerto. A psicóloga Mai Ínsua pom o foco na criaçom de espaços próprios de segurança e no auto-cuidado, e partilha algumhas propostas que se figérom à hora de empregar as redes sociais. Assim, as redes com umha maior utilidade para aceder à informaçom e comunicar-se emprega-as com umhas perspetiva mais profissional. Também estabeleceu medidas para cuidar os seus vínculos afetivos. Assim, aquelas pessoas com as que estabelece umha relaçom erótica nom as tem nas redes sociais, “pois acho que isto permite umha comunicaçom mais clara”, expom Ínsua. Deste jeito, o cuidado dumha própria redunda também no cuidado das pessoas próximas.
Corpos sem pestanejar
Qual é teu nome de usuária? Escolhe umha palavra-passe, umha foto, indica onde nasceste, onde vives, qual é o teu currículo. Define-te. Apresenta-te. Expom as tuas preferências. Dá o teu número de telemóvel para umha maior segurança. Em que estás a pensar? O que está acontecendo? Talvez conheças estas pessoas. Recebeste um ‘like’. Cresce o teu número de ‘followers’. Ativa o GPS para encontrar pessoas que tes perto. Tes umha correspondência. Para mais utilidades fai-te cliente Premium.
Qualquer pessoa que esteja presente nas redes sociais encontra-se nalgum momento com cada umha destas perguntas e avisos. Formam parte indivisível do portal a atravessar para entrar no mundo das redes sociais. Umha vez criado o nosso perfil abrem-se as possibilidades de interaçom, nas quais a imagem que escolhemos transmitir de nós tem umha especial relevância. Vêm-me, logo existo.
Na construçom da imagem e a identidade virtual jogam um papel importante os olhos das outras e a receçom de reforços positivos
Também o olho que nos vê participa na construçom da nossa identidade virtual. A doutora em Arte e professora na universidade de Sevilha, Remedios Zafra, tem reflexionado sobre como se transmite a identidade e a imagem do corpo nos serviços online de gestom de relacionamentos sociais. “Os corpos, em tanto que materiais, nom som transladados física e literalmente à rede, sim o som as suas imagens”, indica Zafra no seu artigo titulado Un cuarto propio conectado. Feminismo y creación desde la esfera público-privada online. “A ninguém lhe passa inadvertida a potência e a falta de inocência dos imaginários visuais que nos rodeiam, o seu valor na criaçom, assentamento e reiteraçom de limitaçons identitárias nas nossas vidas”, afirma a doutora.
Na rede somos vistas, mas também formamos parte das pessoas que vem. No mesmo artigo Zafra reflexiona sobre como evitar a reiteraçom de modelos hegemónicos na criaçom online, expom a necessidade de, por um lado, a vontade de transgredir um modelo e, por outro, a capacidade para a construçom dumha olhada coletiva: “a ideaçom de novas figuraçons capazes de inspirar e contagiar os nossos imaginários possíveis ou revisar os clássicos”.
O modelo do ‘like’
Nas redes sociais muitas publicaçons vem-se modeladas pola sua reaçom positiva. Parte do sucesso e do reclamo destes aplicativos é a capacidade de facilitar reforço positivo às publicaçons. A psicóloga Mai Ínsua acha que existe nas redes sociais “umha dependência da reaçom positiva, como o número de ‘likes’ que se recebem ou as vezes que se partilha umha informaçom. Isto modela as cousas que se sobem e se exibem, pois todas queremos ter reconhecimento”. Nesse comportamento também se reconhece Alberto (nome fictício), desenhador gráfico usuário destas redes sociais, quem afirma que “a maioria das usuárias fazemos por ter umha imagem dentro do cânone normativo e contar com aceitaçom, subindo fotos em que saiamos belas e alegres”. Ainda assim, Alberto indica que na sua contorna há gente que se sai do cânone normativo de beleza.
Mai Ínsua assinala que nas redes de publicaçom e partilha de fotos “há também perfis com corporalidades dissidentes. Mas percebim que escapando das imagens de corporalidades normativas, estava a receber muita informaçom dum tipo de corpos concretos: trans e lésbicas com bastante musculatura. Com estas tecnologias é fácil criar umha norma ainda que seja alternativa”. Por outro lado, Ínsua salienta que o reforço positivo próprio destas redes sociais é importante para partilhar e reforçar processos de pessoas com corporalidades nom normativas, como pode ser a transiçom dumha pessoa trans.
Na procura do encontro físico
A conexom permanente à Internet através dos telemóveis também propiciou a apariçom de redes e aplicativos para a interconexom física das individualidades usuárias e nos quais é fundamental o emprego do GPS incorporado nos telemóveis para encontrar pessoas registadas que se encontram na contorna.
Como é empregada a imagem nestas aplicaçons? Pedro (nome fictício), professor de secundária e usuário do aplicativo mais popular para este tipo de encontros, indica que “vai focada a gostar às outras pessoas para que gostem do nosso perfil e que seja possível ter umha citaçom com ela. Entom, projetamos umha imagem bastante estereotipada dos nossos corpos, da representaçom da nossa imagem ou dos nossos gostos”.
Assim, é habitual encontrar perfis de pessoas sempre sorridentes, em lugares distantes e exóticos ou em contextos de lazer, o qual indica algumhas caraterísticas de que se pensa que a outra, a pessoa que vê, gosta. Nesse aplicativo há que emitir um juízo sobre todos os perfis que recebes no ecrám. Até que nom digas ‘gosto’ ou ‘nom gosto’ nom se acede a outro perfil. Quando dous perfis disseram ‘gosto’ a umha da outra abre-se a possibilidade de falar pessoalmente.
As comunidades com sexualidades nom normativas, nomeadamente mulheres e homens homossexuais, empregam também aplicativos para tecer relaçons íntimas e sexuais. Estes aplicativos tenhem um funcionamento diferente ao anteriormente descrito. Nestes cria-se um perfil, expom-se umha imagem, informaçons pessoais e no ecrám aparecem, a jeito de mosaico, as imagens do resto de pessoas usuárias.
A psicóloga Mai Ínsua explica que também nestes aplicativos só para mulheres se reproduzem nas imagens do corpo alguns códigos próprios do cânone de beleza normativo: “representam-se decotes, posiçons sensualizadas para o masculino…”. Um feito que percebeu que acontece neste aplicativo foi que “se a idade da usuária é de mais de 30 anos nom se costuma pôr umha foto do próprio corpo e emprega-se outras imagens, como paisagens ou animais domésticos”. Tem detetado também comportamentos “plumofóbicos”, pois encontram-se mensagens nos perfis em que se indica “só femininas”. Mas Ínsua também quer deixar claro que estes nom som os comportamentos da maioria e que através deste aplicativo se encontra gente interessante.
Multidons no ecrám
A utilizaçom de dispositivos móveis e a conexom permanente propriciou a apariçom de redes a aplicativos para o encontro físico das individualidades usuárias
Miguel (nome fictício), trabalhador precário, utiliza os aplicativos desenvolvidos para facilitar o relacionamento entre homens da comunidade gay. Para ele estes aplicativos “tenhem umha parte libertadora, pois permite aceder ao sexo a pessoas que anteriormente tinham dificuldades. A figura de homem homossexual hegemónico (branco, solteiro, de classe media…) é respondida nestas aplicaçons, pois encontra-se umha multidom inclassificável (migrantes, trabalhadores sexuais, classes populares, gente que cuida o corpo, gente que nom o cuida…)”. Mas Miguel cita também alguns estereótipos que se reproduzem nestas redes: “o cânone estético, a plumofobia (aparecem mensagens em perfis que dim ‘abster-se pessoas com pluma’), o estigma do VIH (mensagens de ‘só gente sam’) e estereótipos contra os trabalhadores sexuais”. Porém, expom que “há umha gama de preferências sexuais muito mais ampla. Encontram-se gentes plumófobas mas também outra muita que nom o é. Isto move-se numha eterna pergunta: quando se trata dumha preferência e quando dumha fobia?”. A hora de analisar a imagem do corpo que se escolhe expor nestes aplicativos, Miguel indica que “há umha parte muito importante de torsos, de gente que oculta a cara”.
“O sexo nom é menos puro por estar mediado por estas tecnologias”, e neste ponto Miguel assinala que com estes aplicativos “a negociaçom e a exposiçom de preferências é explícita desde o princípio, polo que se reduzem as ambiguidades”. Neste senso, reflexiona que “transformamo-nos um pouco em trabalhadores sexuais, no sentido de que as relaçons som mais contratualizadas”, e aponta que essa contratualizaçom racha com o mito do sexo como conexom espontânea na qual nom fam falta palavras. Assim, expom que “numha sociedade em que as relaçons interpessoais som difíceis e estám sujeitas a violências, isto facilita a negociaçom”.