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Koldo Tellitu: “As ikastolas também som ensino público porque som um projeto comunitário e popular”

por
charo lo­pes

Os laços entre as escolas Semente e as ikastolas nascerom numhas jornadas da Semente de Lugo, desde entom ambos os projetos educativos colaboram em diversom âmbitos. Koldo Tellitu, presidente da Confederaçom de Ikastolas, visitou Galiza por ocasiom deste 25 de Julho para se reunir com membros da Semente e acompanhar o projeto no salto para o ensino primário. Com ele revemos os anos de ensino em euskera através das ikastolas e os desafios futuros.

As ikas­to­las nas­cem e ex­pan­dem-se no fran­quismo, como evo­luem até hoje?

Eu som aluno de ikas­tola, en­trei no fran­quismo numhas con­di­çons mui com­ple­xas. Os pais que en­vi­a­vam os seus fi­lhos a es­tu­dar às ikas­to­las nessa al­tura ti­nham um ní­vel de mi­li­tân­cia enorme, hoje em dia in­com­pre­en­sí­vel. Nos anos 70 com a lei Villar Palasí cor­reu o ru­mor de que as cri­an­ças das ikas­to­las nom te­ría­mos o cer­ti­fi­cado es­co­lar ao aca­bar­mos os es­tu­dos, e me­tade das cri­an­ças de­sis­tiu. Os nos­sos pais fi­gé­rom umha aposta inequí­voca na cul­tura e a lín­gua bascas. 

Naquela al­tura, nas ikas­to­las o olhar es­tava posto na Europa e pro­cu­rava-se um ní­vel edu­ca­tivo que be­besse de cor­ren­tes pe­da­gó­gi­cas. Fôrom os pri­mei­ros cen­tros mis­tos no fran­quismo. Acima todo sig­ni­fi­ca­vam umha nova forma de in­ter­re­la­ci­o­nar-se com o nosso povo. Implementárom o con­ceito de re­si­li­ên­cia, ou seja, apren­dia-se fa­zendo. Os pri­mei­ros di­re­to­res das ikas­to­las nom fô­rom gran­des vi­si­o­ná­rios mas tra­ba­lha­do­res in­can­sá­veis que tor­ná­rom pos­sí­vel o im­pos­sí­vel. Hoje te­mos 837 ikas­to­las,  11 de­las em Iparralde, e 60.000 alu­nos. Nunca en­cer­rou umha ikas­tola, nem se­quer em tem­pos da crise.

A re­pres­som que vi­veu o povo basco tam­bém acom­pa­nhou as ikas­to­las. Como li­das­tes com ela?

Enquanto aluno de Ikastola no fran­quismo, lem­bro-me de ter que es­con­der ma­te­rial an­tes da vi­sita do ins­pe­tor e pen­du­rar a ban­deira es­pa­nhola ou a foto de Franco na pa­rede. Os ins­pe­to­res obri­ga­vam-nos a co­mer Ikurriñas ou limpá-las com a lín­gua. Mas isto cri­ava umha cons­ci­ên­cia po­lí­tica bru­tal. Um dia che­ga­vas à sala de au­las e o teu pro­fes­sor nom es­tava por­que fora de­tido ou se exilara.

A chave do nosso édito foi in­te­ra­gir com ou­tros ele­men­tos cul­tu­rais exis­ten­tes no nosso povo como jor­nais, ver­so­la­ris, es­co­las de eus­kal­du­ni­za­çom de adultos”

Quando fum es­co­lhido pre­si­dente, o jor­nal Deia ti­tu­lou que a ETA si­tu­ava umha pes­soa do seu en­torno como pre­si­dente das ikas­to­las. Nos anos 90 con­vi­ve­mos sem­pre com isto. Diziam que éra­mos as es­co­las da ETA e agora os ter­tu­li­a­nos de Madrid tam­bém nos des­pres­ti­giam, mas nós te­mos claro o porquê des­tas pres­sons e ao ser­mos um pro­jeto tam só­lido nom nos afetam.

A nível pe­da­gó­gico, quais som os pi­la­res das ikastolas?

Som dous: o cur­rí­culo basco e a edu­ca­çom por com­pe­tên­cias, isto é, apren­der a ser, es­tar e pen­sar. A edu­ca­çom por com­pe­tên­cias é umha mu­dança que está cus­tando muito, so­bre­todo na ma­neira de ava­liar.  Quando co­me­ça­mos a im­ple­mentá-la no en­sino se­cun­dá­rio, ti­ve­mos mui­tos pro­ble­mas mesmo para ex­pli­car às fa­mí­lias, já que re­pre­senta umha ru­tura to­tal com o sis­tema tra­di­ci­o­nal. A edu­ca­çom por com­pe­tên­cias con­siste em dar aos ra­pa­zes fer­ra­men­tas para apli­car no dia a dia e  ade­mais in­ter­re­la­ci­o­nar este pro­cesso for­ma­tivo com a cul­tura basca.

charo lo­pes

Diante do de­bate de dar a ba­ta­lha no pú­blico ou criar o sis­tema edu­ca­tivo que de­se­ja­mos, quais som os ar­gu­men­tos para de­fen­der o caso das ikastolas?

Fago um apon­ta­mento his­tó­rico: a re­pú­blica de­mo­crá­tica alemá co­me­çou tendo umha es­cola co­o­pe­ra­tiva e eram co­mu­nis­tas! Na Jugoslávia nom ha­via es­cola pú­blica: eram co­o­pe­ra­ti­vas que de­pen­diam das co­o­pe­ra­ti­vas in­dus­tri­ais e es­ta­vam in­te­gra­das nelas. 

Nós par­ti­mos da base de que o en­sino é um ser­viço pú­blico que pode ser ge­rido na sua to­ta­li­dade pela ad­mi­nis­tra­çom ou ter ou­tro tipo de ca­rac­te­rís­ti­cas que dei­xem claro que nom há fins lu­cra­ti­vos.  As ikas­to­las en­cai­xam nisto: som ge­ri­das de ma­neira de­mo­crá­tica. É a as­sem­bleia que de­cide e nela par­ti­cipa toda a co­mu­ni­dade edu­ca­tiva. Justificamos cada euro que in­veste o Governo basco em nós e as fa­mí­lias que so­mos parte das as­sem­bleias de go­verno nom co­bra­mos, so­mos mi­li­tan­tes. Integramos to­dos os ele­men­tos do en­sino no âm­bito do pú­blico e en­car­re­gamo-nos, ade­mais, das quo­tas de alu­nado es­tran­geiro que nos manda a ad­mi­nis­tra­çom. É ló­gico, logo, que te­nha­mos po­der de de­ci­som para ge­rir o nosso cur­rí­culo ou para de­ci­dir a nossa ar­qui­te­tura, como der­ru­bar as pa­re­des para tra­ba­lhar por am­bi­en­tes de li­vre cir­cu­la­çom in­tro­du­zindo a pe­da­go­gia da confiança.

Nós cre­mos no pú­blico como con­ceito ge­ral mas acre­di­ta­mos  num mo­delo pú­blico co­mu­ni­tá­rio e po­pu­lar, e aqui rei­vin­di­ca­mos que o mais pú­blico é a ikastola.

Entom, fa­mí­lias de classe tra­ba­lha­dora ou cri­an­ças de fa­mí­lias mi­gra­das po­dem per­mi­tir-se es­tu­dar em Ikastolas?

A Ikastola Urretxindorra de Bilbau tem 160 alu­nos de ori­gem es­tran­geira, de 17 na­ci­o­na­li­da­des di­fe­ren­tes. É ver­dade que há mais alu­nado de ori­gem es­tran­geira na pú­blica mas nós es­ta­mos imer­sos numha cam­pa­nha para re­ver­ter isto. Queremos eus­kal­du­nizá-los, que se sin­tam parte do país. Este é um dos ob­je­ti­vos fun­da­men­tais das ikas­to­las: au­men­tar o nú­mero de fa­lan­tes é tam im­por­tante como em­po­de­rar as cri­an­ças que já fa­lam euskera. 

Aumentar o nú­mero de fa­lan­tes é tam im­por­tante como em­po­de­rar as cri­an­ças que já fa­lam euskera”

 A res­peito do di­nheiro que custa, va­ria muito: há ikas­to­las em Guipúskoa que o in­ves­ti­mento do seu mu­ni­cí­pio per­mite quase nem pa­gar quo­tas, ou­tras som mais cus­to­sas, mas nós sem­pre di­ze­mos: nin­guém se vai em­bora da ikas­tola por umha ques­tom eco­nó­mica. Quando umha fa­mí­lia nom pode pa­gar, pro­cu­ra­mos fór­mu­las como o tra­ba­lho cooperativo.

Falemos de fu­turo. Quais som os re­tos das ikas­to­las nos pró­xi­mos anos?

Temos que dar a ba­ta­lha na lín­gua. Após o de­sar­ma­mento, em Euskal Herria es­ta­mos a vi­ver um tempo de apa­tia ge­ral, tanto a ní­vel so­cial como po­lí­tico, e nom sa­be­mos mui bem que rumo ha­ve­mos de to­mar. A lín­gua nom es­capa a este tempo. Conseguimos um ní­vel de eus­kera que serve para ver a ETB ou para man­ter umha con­versa mas isto nom é su­fi­ci­ente por­que nom se ge­ram fa­lan­tes a longo prazo. Todos, desde o en­sino pú­blico, ao go­verno basco e  tam­bém as ikas­to­las te­mos que ele­var o ní­vel de qua­li­dade do eus­kera para que um fa­lante se sinta tam à von­tade em eu­kera que esta lín­gua seja a sua pri­meira op­çom. Necessitamos criar cons­ci­ên­cia lingüís­tica, para que os ado­les­cen­tes que aban­do­nam a lín­gua com 15 anos por umha ques­tom de moda a re­to­mem aos 20. Para isto, ne­ces­si­ta­mos che­gar à ju­ven­tude. Necessitam-se yo­tu­bers, blo­guers, des­por­tis­tas que po­dam ser re­fe­ren­tes em euskera.

O en­sino pú­blico  basco con­tem­pla tres op­çons lingüís­ti­cas: o mo­delo só em es­pa­nhol (A), o mo­delo só em eus­kera (D) e o mo­delo misto. Ainda som ne­ces­sá­rios es­tes modelos?

No seu dia pui­dé­rom ter umha fun­çom mas agora já nom a te­nhem. Há que rei­vin­di­car que de­sa­pa­re­çam da legislaçom. 

Além disso, os úl­ti­mos da­dos de ava­li­a­çom de di­ag­nós­tico da lín­gua in­di­cam que no en­sino pú­blico no mo­delo D há alu­nado que nom aprende eus­kera, por­tanto, é ne­ces­sá­ria umha nova re­vo­lu­çom. O nosso alu­nado tira en­tre 20–25 pon­tos mais que o mo­delo da pú­blica em eus­kera mas tam­bém há pro­ble­mas para que fa­gam a vida in­te­gra­mente em eus­kera. Isto pre­o­cupa-nos muito e a nosso ob­je­tivo mais ur­gente é este. Neste sen­tido im­pul­sa­mos a banda de­se­nhada, o ano pas­sado saiu umha co­le­çom de 32 co­mics com muito su­cesso, es­tre­a­mos um filme da his­tó­ria de Euskal Herria para cri­an­ças e im­pul­sa­mos o pro­grama “pu­lumpa” para pres­ti­giar a lín­gua nos mais novos.

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