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Lei de bem-estar animal, mudar para que todo siga igual

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O pas­sado 29 de se­tem­bro en­trou em vi­gor a lei de bem-es­tar ani­mal, lei pro­mo­vida desde a nova Dirección ge­ne­ral de de­re­chos de los ani­ma­les. Em te­o­ria e com um olhar le­ga­lista, isto po­de­ria soar como um fito na his­tó­ria da luta po­los di­rei­tos dos ani­mais no marco do es­tado es­pa­nhol, na prá­tica, as pes­soas que lu­ta­mos pola li­be­ra­çom ani­mal fi­ca­mos muito de­cep­ci­o­na­das, mas zero sur­pre­en­di­das, por aquilo que apon­tava Audre Lorde so­bre que “as fer­ra­men­tas do amo nunca des­mon­tá­rom a casa do amo”. Desde logo, nom ca­bia aguar­dar umha lei que ve­lara re­al­mente po­los di­rei­tos dos ani­mais, quando para a le­gis­la­çom es­pa­nhola os ani­mais pas­sá­rom de se­rem ti­pi­fi­ca­dos como cou­sas a se­rem re­co­nhe­ci­dos como se­res sen­tin­tes há ape­nas dous anos, em de­zem­bro de 2021. Dito isto, ana­li­se­mos al­gum dos pon­tos mais im­por­tan­tes desta lei.

Os úni­cos ani­mais que fi­cam pro­te­gi­dos por esta lei som os de es­ti­ma­çom, en­ten­di­dos ape­nas como tais cans, ga­tos e fu­rons, e os ani­mais sil­ves­tres que vi­vi­rem em ca­ti­vi­dade. Mais nin­guém. Ficam fora pre­ci­sa­mente os ani­mais mais mal­tra­ta­dos, mais ex­plo­ra­dos e aque­les que mais ne­ces­si­tam dumha lei que os am­pare, como é o caso dos tou­ros, os ani­mais em­pre­ga­dos em ex­pe­ri­men­ta­çom ani­mal, to­dos os ani­mais ex­plo­ra­dos na ga­da­ria e os cans de caça! Esta lei é umha brin­ca­deira desde o mo­mento em que, du­rante a sua re­da­çom (pou­cos me­ses an­tes das elei­çons ge­rais ao go­verno de Espanha), to­dos os lob­bies que vi­vem da ex­plo­ra­çom ani­mal pu­dé­rom pres­si­o­nar na re­da­çom da mesma e as­sim foi como, por exem­plo, houvo que sa­car da lei os cans de caça, sendo os cans mais mal­tra­ta­dos e aban­do­na­dos no es­tado espanhol.

O es­tado con­se­gui­ria muito mais polo bem-es­tar ani­mal cor­tando os sub­sí­dios a to­dos os ‘lob­bies’ da ex­plo­ra­çom animal

Sim há um sec­tor que vive da ex­plo­ra­çom ani­mal que fica bas­tante pre­ju­di­cado por esta lei: o sec­tor cir­cense. Podendo afir­mar que neste caso vai cair todo o peso da lei so­bre eles. Se bem como ani­ma­lista, acho esta me­dida um su­cesso to­tal; ana­li­sando o con­texto, vê-se que é um caso evi­dente de apo­ro­fo­bia por parte do es­tado, mais do que de von­tade de pro­te­ger a vida ani­mal. A este sec­tor a lei dá-lhe ape­nas 6 me­ses para mu­dar de ati­vi­dade e en­tre­gar to­dos os ani­mais a en­ti­da­des protetoras.

Outro ponto chave den­tro desta lei é o de­sen­vol­vi­mento de todo um en­tra­mado bu­ro­crá­tico que vai con­tro­lar e re­gu­lar todo o que tem a ver com essa grande e sem­pre cres­cente rede de par­ti­cu­la­res e co­le­ti­vos que se de­di­cam a res­ga­tar, aco­lher, adop­tar ou re­a­bi­li­tar. Por umha banda, nal­gum caso isto virá bem e, nou­tros, os mais, pro­va­vel­mente esta bu­ro­cra­cia fre­ará o res­gate e/ou adop­çom de mui­tos animais.

Sem ne­ces­si­dade de gran­des aná­li­ses, fica claro que o es­tado con­se­gui­ria muito mais polo bem-es­tar ani­mal cor­tando os sub­sí­dios a to­dos os lob­bies da ex­plo­ra­çom ani­mal, que pu­bli­cando umha lei tam oca de von­tade ani­ma­lista como esta. Fora da du­pla mo­ral es­ta­tal, a luta por con­se­guir di­rei­tos para os ani­mais passa por des­ter­rar por com­pleto, como so­ci­e­dade, a ob­so­leta ideia car­te­si­ana que ser­viu como um dos ger­mes da fun­da­çom do sis­tema ca­pi­ta­lista: a vi­som tanto dos de­mais ani­mais coma da na­tu­reza mesma como me­ros re­cur­sos a ex­plo­rar no nosso “be­ne­fí­cio”. Mas se­me­lha bem di­fí­cil pe­dir-lhe a esta so­ci­e­dade que olha em di­reto o ge­no­cí­dio do povo pa­les­ti­ni­ano, que sinta em­pa­tia por se­res dou­tra es­pé­cie quando nom amossa a mí­nima em­pa­tia po­los da própria.

Longe de der­ro­tis­mos ante este pa­no­rama po­lí­tico e so­cial, nom acho me­lhor forma de em­pre­gar a vida que na luta, com as des­tre­zas que cada umha pos­sua, pola de­fesa do prin­cí­pio de que nen­gumha vida vale mais do que ou­tra, por­que nen­gumha será li­vre en­quanto nom se­ja­mos to­das livres.

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