Periódico galego de informaçom crítica

Luzes na noite

por
xa­bier vieiro

Com cer­teza, ainda é hoje o dia em que fa­lar em pú­blico de lu­zes no­tur­nas é, no mí­nimo, um risco para a re­pu­ta­çom e a cre­di­bi­li­dade so­cial da pes­soa que reu­nir a ou­sa­dia de abor­dar o tema. Das ve­lhas es­tán­ti­gas aos con­tem­po­rá­neos UFOs – pas­sando por todo um am­plo abano de res­plen­do­res, cen­te­lhas e lu­mi­ná­rias –, as apa­ri­çons de ful­go­res no­tur­nos sem­pre fô­rom cousa de pes­soas alu­a­das. Nom é por acaso que exista um am­plo vaso co­mu­ni­cante en­tre a se­mán­tica das lu­zes e a da to­lé­mia (ou mesmo da to­lice), como de­mons­tram cer­tas po­lis­se­mias acima re­fe­ri­das. Sendo as­sim as cou­sas, tam­bém nom ad­mira que em qual­quer pu­bli­ca­çom que se pre­ten­der sé­ria e ri­go­rosa, as gen­tes do co­le­tivo edi­tor ar­re­ga­lem os olhos como quem se en­con­tra di­ante dum fan­tasma se for pro­posta umha sim­ples men­çom do tema que nos ocupa.
Porém, po­los céus no­tur­nos da Galiza e do mundo con­ti­nua a tran­si­tar toda a es­pé­cie de au­réo­las e es­tei­ras lu­mi­no­sas. Hoje como on­tem, pes­soas dos qua­tro pon­tos car­de­ais da nossa terra e da mais va­ri­ada idade e con­di­çom con­ti­nuam a ser tes­te­mu­nhas de fac­tos se­gu­ra­mente ex­pli­cá­veis, mas cuja even­tual ex­pli­ca­çom se vê em­pe­cida polo tabu so­cial que ainda hoje arrastam.
Em fins de 2016, o Ministério da Defesa es­pa­nhol dis­po­ni­bi­li­zava na rede oi­tenta re­la­tó­rios com quase duas mil pá­gi­nas cor­res­pon­den­tes a avis­ta­men­tos de ob­je­tos vo­a­do­res nom iden­ti­fi­ca­dos. Entre es­ses do­cu­men­tos, no seu dia clas­si­fi­ca­dos como se­cre­tos, há, polo me­nos, qua­tro ex­pe­di­en­tes cor­res­pon­den­tes à Galiza. Os tem­pos vam da dé­cada de ses­senta à de no­venta, fi­cando o marco ge­o­grá­fico num trián­gulo com­pre­en­dido en­tre a costa ár­ta­bra, as mon­ta­nhas ori­en­tais e a área do li­to­ral do Barbança.

Trasancos: abril de 1966

O pri­meiro pro­cesso OVNI ga­lego, que o re­la­tó­rio do Exército es­pa­nhol si­tua num lu­gar cha­mado de El Ferrol del Caudillo, cor­res­ponde-se com o dia 2 de abril de 1966. Polas pa­la­vras da sec­çom de in­te­li­gên­cia do Estado Maior do Exército do Ar, às 23:30 ho­ras, um cabo pri­meiro, um ze­la­dor e dous ma­ri­nhei­ros que pres­ta­vam ser­viço na es­ta­çom de rá­dio da Carreira ve­riam no céu “um ob­jeto vo­lu­moso de luz opaca”, que va­ri­ava de forma apro­xi­ma­da­mente a cada cinco mi­nu­tos. O ob­jeto tam­bém se­ria visto por cima da es­ta­çom desde Júvia por um ou­tro marinheiro.

Bezerreá – Lugo: abril de 1969

Segundo re­fere o re­la­tó­rio mi­li­tar, no dia 2 de abril de 1969 às 20 ho­ras, umha tes­te­mu­nha que tran­si­tava polo qui­ló­me­tro 476 da es­trada Madrid-Ferrol, en­tre Bezerreá e Lugo, en­xer­gou desde o seu carro um ob­jeto “em forma de bala”, duns dous me­tros de diá­me­tro e 5 ou 6 de com­pri­mento, cuja su­per­fí­cie es­tava com­posta “por es­ca­mas de múl­ti­plas co­res” e “for­te­mente ilu­mi­nada”, fi­cando o re­fe­rido corpo imó­vel e muito perto do chao. Quando a tes­te­mu­nha ten­tou de­ter o seu veí­culo para ob­ser­var o ob­jeto com mais va­gar, este já nom era vi­sí­vel. Neste caso, o in­for­mante mi­li­tar que re­dige o do­cu­mento as­si­nala a con­si­de­ra­çom da área como “pai­sa­gem pi­to­resca”, as­sim como as múl­ti­plas cur­vas de ní­vel, aven­tu­rando que a vi­som se cor­res­pon­desse com umha mi­ra­gem pro­vo­cada polo efeito do sol numha ro­cha gra­ní­tica. No en­tanto, o pró­prio in­for­mante ex­pli­cita mais tarde que “nom se pode des­car­tar que as apre­ci­a­çons da tes­te­mu­nha fos­sem ob­je­ti­vas e exatas”.

Dezembro de 1989 e no­vem­bro de 1993: EVA-10, Monte Iroite (Barbança)

O Esquadrom de Vigiláncia Aérea nú­mero 10, si­tu­ado na con­fluên­cia dos con­ce­lhos de Lousame, Boiro e Porto Doçom, foi o ce­ná­rio dos dous úl­ti­mos pro­ces­sos ga­le­gos des­clas­si­fi­ca­dos até o dia de hoje. No pri­meiro dos ca­sos, o pro­cesso se­ria aberto na sequên­cia dum re­la­tó­rio an­te­rior que fa­la­ria da pre­sença dum OVNI en­tre Compostela e Corunha de­te­tado por um ra­dar às 18:48. Por sua banda, umha uni­dade da Guarda Civil te­ria visto um OVNI “de forma len­ti­cu­lar” perto de Sada só dous mi­nu­tos mais tarde. O apa­re­lho vo­a­ria a pouca ve­lo­ci­dade e pos­sui­ria mui­tas lu­zes, que mu­da­riam fre­quen­te­mente. Depois de se dis­pa­ra­rem os alar­mes “por causa de três ob­je­tos”, o se­gui­mento aca­ba­ria às 21 horas.
Para o caso de 1993, se­riam cinco os mi­li­ta­res que, desde a pró­pria EVA do Monte Iroite, iriam ob­ser­var um corpo que no pró­prio re­la­tó­rio é iden­ti­fi­cado “pro­va­vel­mente como um meteorito”.

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