Desde 2012, a associaçom SOS Bebés Roubados Galiza leva recebido a chamada de milheiros de pessoas que suspeitam ter sido vítimas da rede de substraçom de crianças. “Boa parte dos casos correspondem-se com umha adoçom ilegal já que, até que exista um certificado de óbito, nom se pode falar de roubo ao cento por cento”, explica a Presidenta da entidade, Estrella Vázquez. A história de María Jesús Loureda, ainda que com falta de provas físicas, é das que apontam para o roubo de bebés.
À primeira hora da manhá do dia 12 de abril do 2013 realizou-se no cemitério de Santo Amaro a primeira exumaçom na Galiza vinculada ao roubo de bebés. Tratava-se do nicho em que, supostamente, descansa a filha de María Jesús Loureda. A família suspeita que lhe roubárom a sua bebé em 1977 após nascer na maternidade privada da cidade da Corunha. Para exumar o nicho, tivêrom que pagar mais de mil euros do seu próprio peto mas o resultado foi o nada. “Como Presidenta, enfastia-me que um laboratório encha o peto e os afetados fiquem com as mãos valeiras e ainda mais intranquilos”, explica Estrella Vázquez, Presidente da SOS Bebés Roubados Galiza.
Em começos de 2015, após o despacho do Juízo N.º 5 de Instruçom da Corunha, umha comissom judicial acompanhada da Polícia Científica procedeu a umha segunda exumaçom com o objetivo de obter datos concludentes do ADN. As provas foram realizadas pelo Instituto Nacional de Toxicologia de Madrid. “Tu imagina o que tenhem que passar estas famílias investindo os quartos que nom tenhem e com a constante pergunta na cabeça de se no nicho está a sua filha ou nom. Sabes o que lhe digêrom quando em 1977 saiam da maternidade, quando fôrom pagar os gastos médicos? ‘Nada levas, nada pagas’”, diz indignada a Presidenta da associaçom.
“E que o que me figêrom nom tem nome”, sustém María Jesús Loureda com a voz entrecortada. “Arquivárom-me o caso chamando-me de tola! Tenho umha raiva enorme dentro de mim por todo o que levam feito!”.
María Jesús Loureda explica como na segunda exumaçom a Polícia Científica lhe explica que detetárom dous alelos de ADN que nom se correspondem nem com ela nem com o seu marido, o que indicaria que o bebé do nicho nom era seu. “Mas nom me confirmam nada por escrito, os documentos só assinalam que nom é concludente”. A primeira exumaçom, acrescenta, “realizámo-la com um laboratório privado, pagamos mais de mil euros e ficamos pior de como estávamos”.
Durante a investigaçom, os agentes encontrárom umha fatura do parto de María Jesús. “Mas a mim nom me cobraram nada! Perguntárom-me se eu conhecia a pessoa que assinava a fatura, um tal R., e eu nom, nada, nom conhecia”. Depois de tempo de pesquisas, Loureda soustém que o R. assinante nom era outra pessoa senom o anestesista que a atendeu no sanatório Modelo.
"Nom me cobrárom nada polo parto, mas um homem que nom conhecia assinou a fatura
O seu marido, Paco Bernedo, também está cento por cento seguro de que lhe roubárom a bebé. “Ou as bebés, porque o médico dixo que ouvia dous coraçons. Eram gémeas e dixo, que negócio!”. Paco explica como naquele dia de 1977 lhe comunicárom a morte da filha e fôrom mostrar-lhe o corpo. “Mas esse era um bebé duns 6 quilos que estava frio e arroxeado! A mim é o que mais me pesa na cabeça!”, exclama. “E María Jesús nom tinha nenhum rasgado… É impossível. A ela provocárom-lhe o parto quando estava de 8 meses!”.
Tanto a Paco Bernedo como a María Jesús Louredo lhes custa encontrar oco para a esperança. “Nom vou ver nunca essas duas filhas minhas… Nom as vou ver. Eu só queria dizer-lhes que, além dos seus pais adotados, nos tinha a nós, que soubessem que nom as vendemos, que nom as deixámos, que as queríamos e que as buscámos”, sustém Paco Bernedo, que reconhece que “só ao pensar que nom as vou ver jamais se me encolhe o coraçom”.
María Jesús Louredo denuncia que, após a exumaçom, a Polícia Científica incinerou os restos sem o seu consentimento. “Fiquei sem restos com que continuar a pelejar”. Como se fosse umha pequena raiola, Louredo pede que se conte a sua história. “Quiçá alguém a ouça, alguém que nascesse nesse ano, nesse dia, no maternal Modelo da Corunha”.