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Mulheres e repressom na Terra de Montes: vítimas e resistentes

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Nestes mês fijo oi­tenta e cinco anos do golpe de es­tado que cau­sou mi­lha­res de ví­ti­mas na Galiza, en­tre mor­tes, tor­tu­ras, exí­lio e re­pre­sá­lias diversas.

No vi­çoso te­cido as­so­ci­a­tivo dos con­ce­lhos de Cerdedo e Forcarei e nas afou­tas lui­tas so­ci­ais que alen­tou no pri­meiro terço do sé­culo XX está au­sente em boa me­dida o ele­mento fe­mi­nino, de­bru­ça­das as mu­lhe­res no eido pri­vado, no tra­ba­lho das ter­ras, no cui­dado do gado e da casa, en­quanto os ho­mens emi­gra­vam polo Estado es­pa­nhol adi­ante ou cara ao es­tran­geiro para tra­ba­lhar como can­tei­ros, to­mando con­tacto na açom pú­blica co­le­tiva com as cor­ren­tes ope­rá­rias (so­ci­a­lis­tas, li­ber­tá­rias) do momento.

Porém, é pouco co­nhe­cido o feito de que, como mí­nimo, en­tre o 15% e 20% das re­pre­sá­lias sem re­sul­tado de morte nes­tes con­ce­lhos ti­ve­ram como ob­je­tivo as mu­lhe­res, o que evi­den­cia a re­le­ván­cia dumha re­pres­som, a de gé­nero, de­fi­nida por umhas ca­ra­te­rís­ti­cas es­pe­cí­fi­cas que di­fi­cul­tam ainda hoje o seu co­nhe­ci­mento e de­nún­cia. As re­pre­sá­lias que as mu­lhe­res de­vê­rom pa­de­cer pro­du­zí­rom-se so­bre­tudo no ám­bito ex­tra­ju­di­cial e pri­vado, sem que fi­casse cons­tán­cia do­cu­men­tal; só con­ta­dos tes­te­mu­nhos orais fô­rom quem de trans­cen­der o feito de ser tra­tado o seu corpo como presa de guerra, su­pe­rando a hu­mi­lha­çom e a ver­go­nha com que os vi­ti­má­rios de­se­ja­vam mar­car até ao fim da vida as mu­lhe­res que ti­vé­rom a des­graça de ser ob­jeto des­tas no­jen­tas agres­sons. Estamos a fa­lar, por­tanto, dumha re­pres­som du­pla­mente si­len­ci­ada, mas que por ve­zes re­flete, as­sim mesmo, ati­tu­des de tei­muda re­sis­tên­cia aos facciosos. 

Entre o 15% e 20% das re­pre­sá­lias sem re­sul­tado de morte em Cerdedo e Forcarei ti­ve­ram como ob­je­tivo as mulheres

Eis o acon­te­cido às vi­zi­nhas de Quireza (Cerdedo) Manuela García e Otilia Fernández, ma­lha­das e ra­pa­das na tris­te­mente cé­le­bre ta­verna-cheka de Outeiro, as mul­tas e os maus tra­tos so­fri­dos por Elvira Quibén, dona da ta­verna de Fondós, os con­tí­nuos rou­bos pa­de­ci­dos po­las pro­pri­e­tá­rias dou­tra ta­verna em Castro, María e Dorinda Garrido, o cal­vá­rio da cer­de­dense Elena Bugallo, mul­tada e presa du­rante al­gum tempo, ou a per­se­gui­çom da la­brega de Figueiroa Carmen Monteagudo, que a pi­ques es­tivo de ser “pas­se­ada” e cuja casa foi saqueada.

Quanto às mes­tras, cum­pre lem­brar que em Cerdedo ca­torze de­las se­riam de­pu­ra­das e sus­pen­sas dos seus car­gos du­rante vá­rios me­ses; mesmo umha, Carolina Camiña, que pu­nha es­cola em Barro, foi afas­tada du­rante cinco anos da pro­vín­cia de Ponte Vedra.

Em Forcarei cabe lem­brar a Amália Calvo, Isaura Dapena e Pepa “de Aurora”, ma­lha­das e ra­pa­das na cheka fa­lan­gista de Soutelo por ter le­vado a ban­deira re­pu­bli­cana no 1º de maio de 1936, o mesmo lu­gar onde fô­rom tor­tu­ra­das e tal­vez vi­o­la­das vá­rias mu­lhe­res por nom de­la­ta­rem os seus ho­mens, fu­gi­dos no monte. Anos an­da­dos, já em 1951, Erundina Alonso, Dolores Bértolo e María Doval tam­bém de­vê­rom atu­rar um con­se­lho de guerra em que fô­rom acu­sa­das de co­la­bo­rar com a guerrilha.

E tam­pouco po­de­mos es­que­cer as treze mes­tras de­pu­ra­das do seu cargo du­rante vá­rios me­ses e umha de­las, Isolina Méndez, com es­cola em Duas Igrejas, que foi ex­pulsa em 1940.

Valham es­tas li­nhas para ra­char a sua invisibilidade.

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