Dada a situaçom de crise sanitária derivada do Covid-19, as celebraçons de difusom e homenagem a Carvalho Calero projetadas para vários meses, assim como a aproximaçom à sua figura nos centros de ensino, ficou paralisada. A Real Academia Galega propom mover a celebraçom do 17 de maio para o dia 31 do mês de outubro, coincidindo com o 110 aniversário do nascimento do autor, mas já som dúzias os coletivos de todo tipo que se posicionárom publicamente polo adiamento da celebraçom para o ano próximo.
A AGAL reagiu imediatamente à posiçom da RAG e destaca que “nom fai sentido celebrar umhas letras ao 10% podendo fazê-lo ao 100%”, focando a argumentaçom em três eixos: primeiro, que nom se podem garantir as condiçons da celebraçom em outubro. Em segundo lugar, estariam em risco múltiplos eventos programados para a primavera, e nomeadamente os dous centrais: a Leitura Continuada coletiva de Scórpio em Compostela e a exposiçom “A voz presente” que percorreria 10 localidades galegas e umha portuguesa. E como terceiro ponto, a perda das atividades programadas no ensino, já que no novo curso escolar nom haveria espaço académico para aproveitar todos os recursos educativos fundamentais para desenvolver as atividades ligadas à difusom do autor.
A Mesa pola Normalización Lingüística também se dirigiu à RAG com o mesmo motivo. O seu presidente, Marcos Maceiras, fai finca-pé na excecionalidade do momento e destaca a importância do peso social na homenagem a Carvalho Calero: “A dedicatória do Dia das Letras Galegas a Carvalho Calero foi motivo de celebraçom por grande parte das entidades sociais e culturais de Galiza polo merecimento do autor e por ser reclamado por muitas destas entidades, entre elas a Mesa, desde havia muito tempo.”
A AGAL reagiu imediatamente à posiçom da RAG e destaca que “nom fai sentido celebrar umhas letras ao 10% podendo fazê-lo ao 100%”
Da Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega (AELG) pronunciárom-se fazendo pública umha carta aberta ao presidente da RAG, Víctor Freixanes, em que assinalam que “seria umha injustiça histórica que o autor homenageado nom poda ser achegado à sociedade e aos seus escolares como todo autor e autora merecêrom no passado, dentro de umha maior normalidade social e cultural.” E de passo, aproveitárom para assinalar que aguardam que a seguinte homenageada, em 2022, seja umha mulher.
Também a Federación Galega de Asociacións Culturais se soma, em carta para a RAG, solicitando que “com independência dos atos cuja programaçom se puder retomar em meses sucessivos (e/ou da difusom telemática que de alguns atos ou iniciativas se está a realizar) (…) que dedique de novo o ano 2021 à celebraçom completa e devida da pessoa e obra de Ricardo Carvalho Calero.”
Da AELG aguardam que a seguinte homenageada em 2022 seja umha mulher
O Instituto de Estudos Chairegos também se adere à demanda e exprimírom a desconformidade deixando ver o risco de “que a figura de Carvalho Calero fique mais umha vez esvaecida, oculta por um véu, objetivo sem dúvida de interesse para determinados setores.” E igualmente o fijo a Associação Sócio-Cultural Lareira de Sonhos dos Vilares e o grupo Nova Poesia Guitirica (NPG) ou mesmo a Fundación Manuel María de Estudos Galegos ao considerarem que a prolongaçom da homenagem ao 2021 “sem ocasionar prejuízos a ninguém, resultará beneficiária para a extensom da cultura galega, o afiançamento do conjunto do seu tecido cultural e suporá um tratamento justo para a figura de Carvalho Calero.”
Manifesto conjunto de centros sociais, escolas Semente e organizaçons
As organizaçons Associaçom de Estudos Galegos, Briga, o Coletivo Terra, a SCD Condado, as Escolas de Ensino em Galego Semente, assim como os centros sociais CS A Revolta e CS Faísca de Vigo, a CS O Pichel de Compostela, o CS Gomes Gaioso da Corunha, o CS Madia Leva de Lugo, o CS O Quilombo de Ponte Vedra, a Fundaçom Artábria de Trasancos e o CS Fuscalho do Baixo Minho assinam conjuntamente um comunicado público em que exprimem a sua oposiçom à decisom do adiamento a outubro proposta pola RAG. No manifesto incide-se no problema para o ensino: “Sendo a começos do ano letivo e tendo que recuperar parte do currículo sem desenvolver nestes meses, semelha que a presença do autor seria testemunhal. Aliás, a data escolhida coincide com a celebraçom do Samaim, tradiçom na qual o tecido associativo levamos anos trabalhando na sua recuperaçom.” Por outra parte também recolhem a falta de garantias a respeito de qual serám as condiçons nesse momento, e colocam que “nom imaginamos um Dia das Letras sem a reivindicaçom na rua da defesa do nosso idioma ou sem as muitas atividades culturais que se desenvolvem por todo o País.”
“O papel da cultura de base e do reintegracionismo foi, é e será fundamental na divulgaçom de Carvalho Calero. Sabemos que foi negado durante anos pola RAG, só polo facto de ser reintegracionista”
Por outra parte, afirmam que “o papel da cultura de base e do reintegracionismo foi, é e será fundamental na divulgaçom de Carvalho Calero. Sabemos que foi negado durante anos pola RAG, só polo facto de ser reintegracionista. Por isso aguardamos que seja escuitada a demanda de adiar para 2021 esta merecida homenagem, que cada vez conta com mais adesons (…) Faga o que figer a RAG finalmente, Carvalho continuará a ser lembrado e reivindicado. Continuaremos a difundir a obra de um dos grandes da nossa história contemporânea e destacado teórico do reintegracionismo lingüístico.”
BNG, CIG-ensino e Compostela Aberta também se somam
O Bloque Nacionalista Galego, pola sua parte, também se vém de situar nesta mesma reclamaçom, e assinalam que “é de justiça garantir que todas as pessoas homenageadas gozem do reconhecimento e comemoraçom que corresponde ao longo do ano, mais se cabe quem, como aconteceu com Carvalho Calero, foi tam aguardado.”
Por sua parte, A CIG, sindicato maioritário no ensino público galego, soma-se também à demanda do adiamento para 2021 e desacreditam a possibilidade da celebraçom no outono, por nom ser um contexto adequado para poder dar o espaço académico preciso para o desenvolvimento curricular de Carvalho entre o alunado.
No nível local, o grupo político municipal Compostela Aberta fijo público que instará à Corporaçom da câmara municipal a realizar umha declaraçom institucional para trasladar esta demanda de parte do Concelho de Santiago à RAG. Na defesa desta posiçom, a organizaçom lembra que no passado mês de setembro foi aprovada umha declaraçom institucional no concelho, a partir dumha moçom sua, em que se instava ao governo a preparar umha programaçom própria durante todo o ano para difundir a figura de Carvalho e nomeá-lo filho adotivo de Santiago.
Também som muitas as vozes que estám a mostrar o seu apoio através das redes sociais e em artigos de opiniom individuais. Assim, as vozes a favor de alargar a celebraçom do Dia das Letras Galegas em homenagem a Carvalho Calero passam a ser clamor popular.
Cumpre lembrar, aliás, que nenhumha outra pessoa homenageada com o Dia das Letras Galegas tivo o apoio social e a reivindicaçom de base que durante anos se desenvolveu nos movimentos culturais e de defesa da língua por Carvalho Calero. Um brado difícil de silenciar, e que, com a soma de forças e de vozes tam diversas em favor de fazer justiça a um referente fundamental da nossa cultura, alenta a imaginar que o 2021 vai ser o ano Carvalho.