Desde novembro do ano passado, os Concertos Expansivos por um Monte Vivo arrecadárom já mais de 4000 euros para a atividade de organizaçons ecologistas e iniciativas em defesa do território. Após umha jornada de concertos simultáneos em novembro, a iniciativa replicou-se em diversas comarcas do país, dando mostra de um tecido cultural ativo e solidário com a defesa e o cuidado do rural galego.
“Porque também estamos fartas de que o rural seja só um cenário do Caminho de Santiago, um póster de campanha turística institucional, e que, em realidade o que se planee para essa importantíssima parte do território, desde a Junta, seja o despovoamento absoluto, o abandono, a condenaçom, a barragem, o aerogerador, matéria prima para papeleiras, mineiras, elétricas…”. Estas som palavras da poeta da Costa da Morte, Maria Lado, quem redigiu o manifesto que se leu no começo de todos os Concertos Expansivos por um Monte Vivo que tivérom lugar desde novembro.
Naquele 4 de novembro, ainda com a memória recentíssima da catástrofe dos incêndios florestais de outubro, tivérom lugar em Ourense, Compostela, Mós, Ferrol, Maceda de Trives, Vilar de Santos,Vila de Cruzes e Lalim concertos solidários simultáneos para recolher fundos para organizaçons que desenvolvessem trabalhos de reflorestaçom e defesa do território. Entidades como Adega, Amigos da Terra, Amigos da Árbores de Ourense, Amigos das Árbores da Límia e Salvemos Catasós fôrom as beneficiárias do esforço realizado pola comunidade cultural que organizou os Concertos Espansivos.
Juntando associaçons das comarcas
Após o 4 de novembro, fôrom aparecendo em diversos pontos mais Concertos Expansivos, alguns dos quais nom tiveram tempo de ter todo pronto para aquela data. Assim, realizárom-se eventos em Carvalho, Verim e Carral.
No 4 de novembro, com a memória recente da catástrofe de outubro, tivérom lugar em Ourense, Compostela, Mós, Ferrol, Maceda de Trives, Vilar de Santos, Vila de Cruzes e Lalim concertos solidários simultáneos
Carme da Pontragha, integrante da Associaçom Cultural Brisas do Quenllo e das Bouba Pandereteiras, estivo na organizaçom deste último concerto, que decorreu em janeiro no local Xente Nova de Tabeaio, em Carral. Carme explica que a organizaçom deste concerto foi umha oportunidade para trabalhar em conjunto com outras associaçons da comarca, como a Associaçom Cultural Lucerna de Ordes, a associaçom eco-cultural Lacrar, o conjunto musical As do Xalo ou a própria vizinhança de Tabeiao e Carral. “Para nós, havia algumhas associaçons que mesmo fôrom umha descoberta, nom sabíamos que em Carral estivesse a trabalhar umha organizaçom interessada na custódia do território, como Lacrar”, salienta Carme.
O concerto foi um sucesso e arrecadárom-se mais de 1400 euros, parte dos quais dirigem-se a cobrir as depesas das organizaçons que estám a luitar contra o projeto de mineraçom em Touro e no Pino. No mesmo concerto recolheram-se assinaturas para a Iniciativa Legislativa Popular em defesa do bosque autóctone promovida pola Adega e que está a ser apoiada por umha multidom de coletivos sociais. As Bouba, As do Xalo, Zënzar, Broa e Fununcan fôrom as bandas encarregadas de pôr a música.
Procurando a rede
A origem da iniciativa dos Concertos Expansivos por um Monte Vivo há procurá-la por Ourense e nas datas em que os lumes de outubro estavam recentes nos sentires das galegas. Componentes de The Teta’s Van foram algumhas das quais se implicárom desde o início em botar adiante esta iniciativa. “A ideia saiu depois de todo o que aconteceu no mês de outubro”, lembra Lorena Negreira, bateria deste grupo; “Lucre, a nossa cantante, sentia a necessidade de ajudar com o que pudéssemos”. E assim iniciaram os contatos com outras pessoas do mundo da cultura e os concertos expansivos forom colhendo forma de cara o 4 de novembro, quando oito vilas organizaram os concertos de jeito simultáneo. The Teta’s Van atuou no concerto de Ourense, junto com Ménage à trois grupo, Blues do País e O Sonoro Maxín. “Foi incrível”, lembra Lorena, “houvo umha amplíssima implicaçom e participaçom da gente”. Nos oito concertos que se figérom nessa jornada arrecadaram-se uns 1800 euros.
Umha das características destes concertos era o seu carácter descentralizado. Aquele 4 de novembro, Mós foi um dos lugares que se juntárom ao chamado, em particular, a paróquia de Tameiga. Aqui, no centro sócio-cultural e desportivo As Pedrinhas organizou-se um magusto que rematou integrando-se na iniciativa dos concertos expansivos. Este centro sócio-cultural, que está a trabalhar para elaborar umha agenda cultural e já programou vários concertos para os próximos meses, foi criado por iniciativa da Comunidade de Montes de Tameiga. Segundo explica Cao de Mós, “há uns anos entramos gente nova na diretiva da comunidade de montes e decidimos recuperar este centro. Houvo que ampliar o edifício, figemos umha sala de concertos e teatro. Há também umha cafeteria que funciona de forma autónoma”.
Ao pé do Neme
Organizarom-se mais concertos expansivos após o mês de novembro em Carvalho, Verim e Carral
Algumha comarcas nom chegárom a tempo para o 4 de novembro, mas conseguírom organizar um evento solidário, enquadrado na proposta dos Concertos Expansivos por um Monte Vivo. É o caso de Carvalho, onde se realizou umha foliada em 17 de novembro. “Aguardamos umha semana mais para fazê-lo e acho que foi um acerto”, explica Adrián Eirís, quem também acha que faltou algo de acompanhamento por parte da coordenaçom dos concertos. Neste caso a organizaçom do concerto correu a cargo de pessoas ligadas à Plataforma pola Defesa do Monte Neme, como o próprio Adrián. “Somos umha organizaçom nova, levamos apenas uns seis meses”, explica. “O nosso objetivo é valorizar o monte Neme, recuperar o espaço. É um monte lendário que possui um alto valor arqueológico”. De algumha forma, esta plataforma funciona como aglutinante do associacionismo das cinco paróquias — três correspodentes a Carvalho e outras duas a Malpica – que tenhem relaçom com o Monte Neme.
Para a organizaçom dos Concertos Expansivos, as entidades organizadoras dos concertos locais mantinham contato com a gente coordenadora e tinham-se que cumprir certas premissas, como a leitura do manifesto, a transparência no destino do dinheiro, ou a duraçom dos concertos e o preço da entrada. Logo, o trabalho de difusom, publicidade nas redes sociais e a linha gráfica corria a cargo da equipa de coordenaçom dos Concertos Expansivos.
Mais respostas da música
A tragédia dos incêndios florestais de outubro provocou mais respostas do mundo da música. Assim, durante os meses de novembro e dezembro tivérom lugar em Ferrol, Boiro, Compostela, Vigo, Ourense e Ponte Vedra os concertos de Nunca Mais Fest, iniciativa solidária surgida de integrantes de diversos grupos musicais. Guillermo Vistoso, de Mojo Project, estivo na organizaçom deste evento em Compostela, que se realizou durante as jornadas do 11 e 12 de novembro. Se bem que no resto de localidades o formato fosse de um único concerto com vários grupos, “em Compostela fomos ao grande, fôrom dous dias com concertos ao longo da tarde”, explica Guillermo; “falamos com a associaçom Cidade Vella para organizar os concertos, e mesmo os locais figerom aportaçons económicas”. Este evento rematou com um concerto apresentado pola artista Isabel Risco em que participárom os grupos Son Elas, Roberto Sobrado Grupo e Som do Galpom. Nesta gala de encerramernto, à associaçom ecologista Adega, a organizaçom escolhida polas pessoas organizadoras do evento em Compostela, foi entregue o dinheiro arrecadado nestas duas jornadas, algo mais de 1800 euros.
Ademais, os incêndios levárom também vários grupos a dar saída à sua raiva criando cançons de urgência que se espalhárom polas redes sociais. Este é o caso de ‘Com os melhores desejos’ de Berlai, ‘Plantarom lume ao monte’ de Rebeliom do Inframundo ou ‘Cinzas’ da Compañía do Ruído. Diversos graus da areia que conformam um tecido solidário das artistas mais comprometidas com o futuro do país.