Noelia Álvarez (Riós, Ourense), Paula Domínguez (Meder, Salvaterra do Minho), Laura Prado (Ponte-Areas), Silvia R. Gil (Fozara, Ponte-Areas), Marta Antonio (A Batalha, As Neves), Goreti Abalde (Moreira, Ponte-Areas), Silvia G. Lago (Ribadetea, Ponte-Areas), Esther Marchena (Vigo) e Patricia Ledo (Ginzo, Ponte-Aareas) som as Punkiereteiras: “Mulheres listas para luitar, mulheres até rebentar”.
Como nascem as Punkiereteiras? Qual é o laço que une a música tradicional com o ‘punk’?
Nascemos pola necessidade que tínhamos como feministas, galegas e do rural, de achegar e partilhar este discurso com pessoas e espaços diversos. Desde o local, tentando espalhá-lo por todos os recunchos da Galiza e do estrangeiro. À vez que considerar o punk como um estilo musical, para nós representa umha atitude contestatária através da qual rachar e transgredir padrons hegemónicos.
Reivindicades as nossas tocadoras, tendes um tema junto com Flow do Toxo dedicado a Concha de Luneda. Elas também eram ‘punkies’?
Elas eram e som as mais punkies! Para nós, as mulheres do rural som as referentes mais prezadas. Além da sabedoria tradicional que há detrás de cada mandil, a bravura com que afrontam e afrontárom a vida sofrendo múltiplas discriminaçoms na sombra, significa para nós motivo suficiente para as homenagear em todo momento. Reflexo disto é o conteúdo reivindicativo das suas coplas, carregadas com mensagens de crítica, retranca, luita e açom.
Para nós, as mulheres do rural som as referentes mais prezadas.
Fazedes algo pouco habitual na música tradicional: compor. Como é o processo?
É certo que alguns temas som de composiçom própria, mais a maioria do repertório som versons de temas que conhecemos polas nossa avós, foliadas e seraos. O processo de composiçom tem a ver mais com as inquedanças ou temáticas que queiramos abordar, que com os conhecimentos musicais que poidamos ter. Desde o começo fomos autodidatas e tentamos aproveitar as redes e alianças que forjamos entre nós para apoiar-nos e levar adiante as propostas que consideramos oportunas.
A ‘Moinheira da Cona’ é umha das cançons que tocades tal qual vos chegou. Surpreende que as nossas avós cantassem essas coplas?
Pois pode ser que surpreenda, mas a luita das mulheres sempre estivo presente nas coplas tradicionais. Fai-nos tomar terra e consciência da história que nos precede como mulheres galegas e alenta-nos a tentar que nom fique no esquecimento.
Existe umha conexom forte entre os movimentos sociais (centros sociais, mas também manifestaçons) em que a música tradicional está mui presente. Por que achades que se dá esta uniom e como a vivedes vós?
Vivemo-lo mui positivamente, porque consideramos que nestes espaços politizados a música tradicional é entendida também como um instrumento mais de luita. Ademais, representa o que somos e o vinculadas que nos sentimos com a nossa terra.