Periódico galego de informaçom crítica

Na procura de soluçons para os ataques de porcos-bravos e lobos

por
ne­rea v. lameiro

O aumento de ataques de fauna selvagem nos últimos anos às exploraçons agrogandeiras, especialmente de lobo e porco bravo, conformam mais umha consequência da degradaçom dos bosques galegos. A eucaliptizaçom e o abandono do rural provocam que espécies que antes podiam encontrar o seu sustento nos montes acheguem-se a cada vez mais a zonas habitadas por pessoas.

Segundo os da­dos que pu­blica a Conselharia de Meio Ambiente, as de­nún­cias por da­nos de fauna sel­va­gem, em con­creto de lobo e porco-bravo, in­cre­men­tá­rom-se nos úl­ti­mos anos. No caso do lobo, es­pé­cie cu­jas me­di­das de pro­te­çom se en­con­tram no Plano de Gestom do Lobo apro­vado du­rante o go­verno bi­par­tido, em 2017 re­gis­tá­rom-se uns 1203 avi­sos por da­nos, o que im­pli­cava um in­cre­mento con­si­de­rá­vel pe­rante os 820 do ano an­te­rior. Em 2018 e 2019 os avi­sos po­los ata­ques de lobo si­tuam-se por cima dos 1300. Dos da­dos da Junta tam­bém se des­prende que o mais afe­tado por este es­pé­cie é o gado ovino, se bem va­cas, ca­va­los e ca­bras som pre­sas do lobo. 

No caso do porco-bravo, es­pé­cie que sim que é ob­jeto de caça, os da­dos de Meio Ambiente in­di­cam que em 2019 os avi­sos por da­nos fô­rom 3907 em todo o país, en­quanto o ano an­te­rior con­ta­bi­li­za­ram-se 1335. No caso deste ani­mal, as ex­plo­ra­çons mais afe­ta­das som os cul­ti­vos de milho. 

Populaçom de porco-bravo

Resulta di­fí­cil ex­trair des­tes da­dos que a po­pu­la­çom des­tes ani­mais es­teja a se in­cre­men­tar. No caso do porco-bravo, de Meio Ambiente as­se­gu­ram que nom existe um censo ri­go­roso deste ani­mal sel­va­gem. Assim, o dado que é uti­li­zado como base para a es­ti­ma­tiva da sua ten­dên­cia po­pu­la­ci­o­nal é o nú­mero de exem­pla­res cap­tu­ra­dos nas mo­da­li­da­des de caça maior. Em 2019 fô­rom aba­ti­dos mais de 16000 por­cos-bra­vos. O nú­mero de exem­pla­res de porco-bravo ca­ça­dos leva vá­rios em au­mento, si­tu­ando-se desde o 2011 por volta dos 15000 exem­pla­res aba­ti­dos por exercício. 

O bió­logo Pedro Alonso achega al­gumhas re­fle­xons ar­re­dor da si­tu­a­çom do ani­mal. “A prin­ci­pal pro­ble­má­tica no porco-bravo é que o au­mento do es­forço de caça dá lu­gar a que es­teja a ins­ta­lar-se ar­re­dor das al­deias e dos lu­ga­res”, ex­pom. Assim, sa­li­enta que o au­mento da pres­som ci­ne­gé­tica para o con­trole desta es­pé­cie foi umha das es­tra­té­gias prin­ci­pais da Junta nos úl­ti­mos anos, “per­mi­tindo a sua caça em época de re­pro­du­çom, em áreas ve­da­das ou re­fú­gios de caça den­tro dos te­co­res. Agora a Junta per­mite que se cace ne­les para con­tro­lar a po­pu­la­çom de porco-bravo”. 

A par­tir dos da­dos de au­mento de ata­ques a ex­plo­ra­çons pe­cuá­rias nom pode de­du­cir-se um in­cre­mento da po­pu­la­çom des­tas espécies

Mas Alonso acres­centa tam­bém um ou­tro fa­tor a ter em conta no ache­ga­mento desta es­pé­cie às al­deias. Assim, nom se apro­xi­ma­ria des­tas áreas só por­que ne­las a caça es­teja ve­dada, mas tam­bém por­que a pro­li­fe­ra­çom nes­tes lu­ga­res de mas­sas ar­bó­reas nom ma­ne­ja­das, es­pe­ci­al­mente de eu­ca­lipto e pi­nheiro, es­ta­riam a for­ne­cer-lhe de refúgio. 

Brais Álvarez, do Sindicato Labrego Galego, ex­pom um dos efei­tos da eu­ca­lip­ti­za­çom e a de­gra­da­çom dos bos­ques no caso deste ani­mal, e en­con­tra umha re­la­çom com a pro­li­fe­ra­çom de ata­ques a pra­dos: “Amplas zo­nas que an­tes eram car­va­lhei­ras ou sou­tos con­ver­té­rom-se em eu­ca­lip­tais, o que pro­vo­cou que essa su­per­fí­cie de monte que an­tes ali­men­tava o ja­vali agora nom lhe serve de ali­mento, e en­tom vai aos pra­dos co­mer nas raí­zes, mi­nho­cas e de­mais”, destaca. 

Sobre a po­pu­la­çom de lobo

Segundo sa­li­en­tam de Meio Ambiente, no nosso país vi­vem a quinta parte dos exem­pla­res de lobo ibé­rico, exis­tindo umha con­ti­nui­dade po­pu­la­ci­o­nal com o resto de ter­ri­tó­rios da Península Ibérica. Porém, vá­rias vo­zes sa­li­en­tam a de­sa­tu­a­li­za­çom dos da­dos re­la­ti­vos ao censo des­tas es­pé­cies. Assim, Pedro Alonso lem­bra que na Galiza nos úl­ti­mos vinte anos re­li­zá­rom-se dous cen­sos do lobo, um re­a­li­zado por pro­vín­cias que re­ma­tou em 2002 e ou­tro mais re­cente dos anos 2014 e 2015. Este úl­timo quan­ti­fi­cava a pre­sença do lobo em 90 gru­pos fa­mi­li­a­res. Porém, Alonso cri­tica que o censo de 2014 nom con­tou com um fi­nan­ci­a­mento ajei­tado e que puido ha­ver zo­nas que nom fi­cas­sem bem ana­li­sa­das. “No norte da pro­vín­cia de Lugo e nor­deste da da Corunha nom houve umha co­ber­tura ade­quada, e se em 2014 aí fô­rom de­te­ta­dos ape­nas 6 gru­pos fa­mi­li­a­res, agora mesmo por re­sul­ta­dos de se­gui­men­tos abor­da­dos por mim pró­prio e David Martínez, um com­pa­nheiro na­tu­ra­lista, ve­mos que como mí­nimo há 24 gru­pos fa­mi­li­a­res” co­menta Alonso.  “Nos úl­ti­mos tem­pos nunca se che­gou a um ní­vel po­pu­la­ci­o­nal como o que há agora do lobo ibé­rico”, con­clui. Para Alonso o aban­dono do ru­ral se­ria um dos mo­ti­vos prin­ci­pais para a pro­li­fe­ra­çom da pre­sença do lobo. 

Pedro Alonso: “A prin­ci­pal pro­ble­má­tica no porco-bravo é que o au­mento do es­forço de caça dá lu­gar a que es­teja a ins­ta­larse ar­re­dor das al­deias e dos lugares”

O tra­ba­lho do Grupo Lobo Galiza, por ou­tra banda, o que ob­serva é um es­tag­na­mento na po­pu­la­çom de lobo ibé­rico no nosso país. Esta or­ga­ni­za­çom re­a­liza se­gui­mento de vá­rias man­das ao longo do país e de­fende a con­ser­va­çom da es­pé­cie pola sua la­bor de con­tro­la­dor de un­gu­la­dos nos ecos­sis­te­mas. Jesús Criado, mem­bro deste or­ga­nismo, acha que mesmo al­guns gru­pos fa­mi­li­a­res de lobo se en­con­tram em re­tro­cesso. “Cada grupo é di­fe­rente e te­nhem pa­trons de ali­men­ta­çom di­ver­sos. Há gru­pos com con­sumo alto de ja­vali, e ou­tros gru­pos como pola zona de Pontevedra que te­nhem um alto per­cen­ta­gem de pol­dro. Tés que tra­tar de ma­neira in­di­vi­du­a­li­zada cada pro­blema que po­das ter, fa­zer um se­gui­mento e to­mar de­ci­sons”, ex­pom Criado.

Para Criado é im­por­tante nom fa­lar ape­nas de nú­me­ros no caso de lobo, mas tam­bém da de­gra­da­çom do há­bi­tat, sa­li­en­tando que a eu­ca­lip­ti­za­çom pro­voca que os her­bí­vo­ros, pre­sas do lobo, te­nham que fa­zer mai­o­res des­lo­ca­men­tos e que os re­cur­sos ali­men­tí­cios para o lobo se­jam es­cas­sos. Também cri­tica a pro­li­fe­ra­çom de par­ques eó­li­cos ins­ta­la­dos em mon­tes com pre­sença de lobo. “Era o seu monte e agora o que fai é usá-lo para des­lo­car-se en­tre par­ches de fra­gas, que é onde os her­bí­vo­ros vám ali­men­tar-se e onde en­con­tra a sua caça”, sus­tém Criado.

Arredor da caça

No pas­sado 30 de agosto umha ba­tida foi apro­vada pola Junta para ca­çar um exem­plar de lobo em Jove. Grupo Lobo e vá­rias or­ga­ni­za­çons eco­lo­gis­tas de­nun­ciá­rom que esta ba­tida fora apro­vada sem cum­plir com o es­ta­be­le­cido no Plano de Gestom do Lobo. De facto, da Junta da Galiza tem-se in­cre­men­tado nos úl­ti­mos anos o re­curso à caça para a ges­tom da fauna sel­va­gem. Segundo da­dos ache­ga­dos pola Conselharia em 2019 apro­vá­rom-se um to­tal de 13 açons de caça con­tra o lobo. O in­cre­mento deve-se es­pe­ci­al­mente à apro­va­çom de 11 aguar­das neste ano, quando nos exer­cí­cios an­te­ri­o­res nom se ce­le­brara nengumha. 

Do Grupo Lobo apos­tam pola trans­lo­ca­çom de in­di­ví­duos con­cre­tos e nom pola eli­mi­na­çom, mas as­su­mem que é umha op­çom pouco in­te­res­sante para as administraçons

Nós nom es­ta­mos fa­vor de eli­mi­nar nen­gum in­di­ví­duo”, di Criado, “mas tem que ser pes­soal da ad­mi­nis­tra­çom quem o faga”. Assim, acres­centa que nom se pode eli­mi­nar qual­quer in­di­ví­duo de um grupo de lo­bos, pois cada um tem umha fun­çom na sua manda. “Se eli­mi­nas um in­di­ví­duo re­pro­du­tor com mais ex­pe­ri­ên­cia, que achega sa­be­do­ria ao grupo, es­tás a de­bi­litá-lo e po­dem au­men­tar os da­nos ao gado do­més­tico”, des­taca Criado. Do Grupo Lobo con­si­de­ram-se par­ti­dá­rios, em ca­sos em que haja um alto ní­vel de ata­ques a ex­plo­ra­çons ga­dei­ras, da trans­lo­ca­çom de in­di­ví­duos con­cre­tos, mas as­su­mem que nom é umha me­dida in­te­res­sante para as ad­mi­nis­tra­çons e que pre­ci­sa­ria de umha pla­ni­fi­ca­çom e um se­gui­mento real dos gru­pos de lo­bos que nom existe. 

Assim Criado enu­mera tam­bém al­guns as­pe­tos do Plano de Gestom do Lobo que es­tám a se in­cum­prir, como se­riam a fa­lha de umha posta em va­lor do lobo, atra­vés de pro­gra­mas edu­ca­ti­vos ou mesmo ini­ci­a­ti­vas de eco-tu­rismo. Também cri­tica que nom há pro­gra­mas de co­e­xis­tên­cia en­tre o lobo e a ati­vi­dade ga­deira nem se­gui­mento so­bre as me­di­das pre­ven­ti­vas a usar frente ao lobo, as­sim como umha au­sên­cia de se­gui­mento pe­rió­dico so­bre a pre­sença do lobo no nosso país. 

Quadrilha de ca­ça­do­res em Arteixo com um ja­vali aba­tido de 200 kg.

Voltando à caça, o bió­logo Pedro Alonso acha que esta prá­tica cum­pre um pa­pel na ges­tom da fauna sel­va­gem. “Para quem nom re­nun­cia à pos­si­bi­li­dade de um mundo ru­ral vivo, a caça nom te­ria por­que re­pre­sen­tar um im­pacto ne­ga­tivo, se se en­con­tra bem ge­rida e cum­prindo a nor­ma­tiva ci­ne­gé­tica vi­gente pode ser mesmo um re­curso eco­nó­mico mais no meio ru­ral”, acha Alonso, e acres­centa que “num con­texto de aban­dono e de ca­ta­tó­nia ge­ne­ra­li­zada, como é atu­al­mente no ru­ral, é di­fi­cí­limo evi­tar que cresça umha es­pé­cie como o porco-bravo e gere pro­ble­mas, ali onde o meio ru­ral trata de so­bre­vi­ver”. No caso do lobo, Alonso tam­bém acha ne­ces­sá­rio es­tu­dar cada caso e ver quais som as pos­si­bi­li­da­des que se apre­sen­tam à hora de ge­rir o con­trole da po­pu­la­çom desta es­pé­cie. Chama tam­bém a aten­çom so­bre o pro­blema do fur­ti­vismo e in­dica que eli­mi­nar a pos­si­bi­li­dade de umha caça re­gu­lada pode dei­xar em maos de prá­ti­cas in­con­tro­la­das a po­pu­la­çom do lobo ibé­rico. E o fur­ti­vismo nom se tra­ta­ria de um pro­blema me­nor, um es­tudo do Grupo Lobo es­ti­mava que em 2017 mor­ré­rom 84 lo­bos por furtivismo. 

Para con­cluir, Alonso sa­li­enta o que con­si­dera que é a ques­tom de fundo: “A ca­rên­cia de me­di­das con­cre­tas de re­vi­ta­li­za­çom do meio ru­ral está a fa­zer com que o pro­blema com a fauna sel­va­gem seja a cada vez maior”.

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