
As camaleónicas Areta, Noelia e Ailén, mais conhecidas como “A Panadaria”, proponhem-nos nesta terceira peça um achegamento do humor à história de Elisa e Marcela, o que primeiro espectáculo do teatro galego em contar umha história de lesbianas. Umha aposta estética de mínimos em dous dos grandes referentes de mulheres que racham com o seu tempo.
Porque Elisa e Marcela?
Conhecíamos a história e estávamos fascinadas com ela, mas foi depois dumha reuniom com a diretora, Gena Vaamonde, que decidimos ir para adiante e começar a investigar. Tinha sentido para nós, sendo aliás umha companhia com perspetiva feminista na qual a equipa está composta integramente por mulheres, pondo em valor profissons ainda nom tam habituais como a de técnica.
Como vos documentades?
Existem muitas lacunas na sua história. A maior fonte som os jornais desses anos, mas tenhem umha visom sensacionalista e contradizem-se. Ajudou-nos muito o livro de Narciso de Gabriel e o resto tivemos que enchê-lo com a imaginaçom. O formato de “falso documentário” permite-nos também jogar com as pequenas mentiras, como quando dizemos que há umha exposiçom sobre Elisa e Marcela no Museu do Povo Galego (nom há mostra permanente em nengum espaço, sendo elas um referente europeio!).
Que se sente nos seus corpos?
Bom, nós trabalhamos a partir dos nossos próprios corpos de atrizes, mas o certo é que nom nos impede ver a valentia que tivérom em 1901 para fazer algo que ainda hoje é impossível, que é que duas mulheres casem pola Igreja. Rachárom muito cedo com as regras. Ao sair da pré-estreia em Dumbria, onde morárom Elisa e Marcela, umha nena de 8 anos dixo-nos que a cousa nom mudara tanto, que ainda se assinalava parelhas como elas entre a vizinhança. Nesta liberdade e decisom achamos que influi o facto de que fossem mestras e tivessem accesso aos livros, e que pudessem saber doutras mulheres que se travestiram como Pardo Bazán ou Concepción Arenal.
As cenas lésbicas som das mais comentadas ao sair da funçom. Surpreende ainda ver sexo entre mulheres?
Claro! Tanto que nalguns lugares ao chegar essa parte, que está tratada do humor, quase como cenas de banda desenhada, há gente que se ergue e marcha da sala. Tínhamos claro que para contar esta história de amor havia que falar também de desejo e sexo entre mulheres, algo que nom está presente nos outros referentes que a abordam nem no cinema em geral. Parece-nos importante e a reivindicar, que a gente nova veja cenas sexuais