A participaçom das mulheres dentro das organizaçons mistas segue a gerar controvérsia. Nos últimos meses o debate passou a estar de novo de atualidade no independentismo, após a auto-dissoluçom da Comissom Feminista de Causa Galiza e os acontecimentos derivados.
Este caso concreto explica-se no escrito que a própria Comissom publicou, solicitando o apoio do feminismo. O texto evidencia que os problemas formulados, há décadas já, quanto à participaçom das mulheres nos espaços mistos seguem a estar presentes, sem um debate real nestas organizaçons para os atalhar.
A grande trava que encontramos as mulheres nestes eidos é a separaçom e a priorizaçom das frentes que nos abre o inimigo, singular e indivisível: o sistema patriarcal, capitalista, racista e colonial. É como olhar para os fios sem reparar em que tecem umha única corda que nos prende. Abofé que esta hierarquizaçom de luitas vem marcada por quem estabelece a norma a partir dos seus privilégios.
A preponderáncia dumhas luitas sobre outras tende a primar o identitarismo ideológico, essencialista, idealista, religioso, baseado em categorias próprias do século passado. Mais próximas na prática a postulados pós-modernistas pequeno-burgueses, a partir de identidades de grupo, do que à materialidade do pais atual.
Os problemas formulados quanto à participaçom das mulheres nos espaços mistos seguem a estar presentes, sem um debate real nestas organizaçons para os atalhar
Nesta priorizaçom, as mulheres e a luita feminista ficamos em simples “fator de contradiçom”. Quer dizer, nestes espaços podes ser e exercer como um auténtico machista, que se cumpres com os demais requisitos serás considerado igualmente um bom companheiro e camarada. Com contradiçons, mas camarada.
No caso concreto de Causa Galiza nom só se deu umha agressom misógina. Também, do outro lado, saírom a reluzir posicionamentos que tenhem a ver com esta hierarquizaçom e com o ideal de vítima que impom o patriarcado: a que sofre e atura, a que cala, a que pom sempre as necessidades alheias por riba das suas. Mas o pessoal é político, e esta necessidade nom é só minha. É de todas. É um erro pensar que dar luz sobre o que nos acontece nas organizaçons mistas é o problema e que vai na contra do interesse comum. Porque esse “comum” nos volve excluir.
Prevê-se agora, trás o comunicado “oficial” — publicado nas redes polo agressor e acólitos — e a rolda de imprensa oferecida pola outra parte, um cenário de disputa por umhas siglas que já nada tem a ver com as motivaçons que levárom à auto-dissoluçom da Comissom Feminista. Um final triste para algo que começou com a força que nos dá às mulheres sabermo-nos unidas frente às agressons machistas.
Dizia Audre Lorde que sobrevivência é aprender a ficar firme na soidade, contra a impopularidade e os insultos, e aprender a fazer causa comum com outras que também estám fora do sistema. Assegurava que as ferramentas do amo nunca desmontam a casa do amo. Se calhar, permitem-nos atingir umha vitória temporal seguindo as suas regras do jogo, mas nunca umha mudança real. E isso só se torna ameaçador para as mulheres que ainda olham a casa do amo como a sua única fonte de apoio.