Passárom-se já 11 anos desde aquele Natal de 2008, em que a Comissom de História da Gentalha do Pichel iniciava a redescoberta da figura do Apalpador. Mais de umha década que nos dá perspetiva para fazermos umha avaliaçom do que significa, nos dia de hoje, o velho carvoeiro no Natal galego.
Devemos partir de dous objetivos que se marcárom polo movimento associativo quando se decidiu resgatar o Apalpador. Em primeiro lugar, saber se conseguimos socializar umha das tradiçons galegas mais ancestrais. E, por outra parte, se a presença deste mito conseguiu reverter o consumismo próprio destas datas.
A respeito da primeira questom, se observarmos a trajetória da presença do Apalpador na programaçom das festas do associacionismo, dos concelhos e nas escolas durante esta última década, podemos afirmar que o objetivo está cumprido. Conseguiu-se, com umha rapidez assombrosa, graças ao trabalho militante e também ao bom acolhimento por parte das Equipas de Normalizaçom Lingüística e do professorado difundindo o Apalpador nas escolas.
A socializaçom do Apalpador conseguiu-se, com umha rapidez assombrosa, graças ao trabalho militante e ao bom acolhimento por parte das Equipas de Normalizaçom Lingüística e do professorado nas escolas.
Porém, nom foi um caminho fácil. Superámos os ataques do espanholismo a umha figura que representa, para eles, umha Galiza que pom em risco o seu projeto de construçom de naçom espanhola. Mais umha vitória do movimento popular na batalha dos símbolos.
Quanto à segunda questom, som algo pessimista. A reconstruçom desta figura arcaica ligou-se a um discurso anticapitalista, antagónico com o exacerbado consumismo natalício. Certo é que o velho carvoeiro nom é ainda o protagonista da campanha do Natal do El Corte Inglés, mas também é certo que nom conseguimos ligar esse discurso anticonsumista à prática. Em muitas casas, a PlayStation4, o último CD de Uxia Lambona ou a equipaçom do Depor já nom som trazidos polo Pai Natal nem polos Reis Magos. O Apalpador deixou de fazer brinquedos de madeira e compra em Amazon e nos centros comerciais.
Superámos os ataques do espanholismo a umha figura que representa, para eles, umha Galiza que pom em risco o seu projeto de construçom de naçom espanhola.
Haverá que refletir sobre por que se impom, muito além da vontade dos pequenos núcleos militantes que lançárom a recuperaçom do Apalpador com um significado concreto, a natureza de consumismo irracional que caracteriza o sistema.
Adianto para o debate umha possível explicaçom. Tal como as supostas “finanças éticas” som subsumidas pola maquinária financeira do capital, ou como as ONG se reduzem a sucedâneos dos serviços sociais abandonados polos poderes públicos, também os apelos ao consumo responsável som afogados pola incorporaçom de cada vez mais âmbitos da vida social à produçom e circulaçom de mercadorias.
A reconstruçom desta figura arcaica ligou-se a um discurso anticapitalista, mas é certo que nom conseguimos ligar esse discurso anticonsumista à prática.
Parece claro que nom há saída cultural à esmagadora imposiçom da lógica mercantil em todas as áreas da reproduçom social. A cultura é só mais um âmbito em que a pressom do capital se impom nas nossas práticas e rotinas do dia a dia… e nem o Apalpador pode evitá-lo.
Sem deixarmos de fomentar umha constante atividade crítica nas nossas práticas culturais, devemos também tomar consciência de que só a definitiva superaçom material do capitalismo como um todo possibilitará que vivamos umha cultura verdadeiramente livre.