“A prisom:
Um quartel um pouco estrito
Umha escola sem indulgência
Um talher sombrio
Mas em última análise, nada qualitativamente diferente”
COPEL
Nenhumha pessoa está livre de ser detida, julgada e encarcerada, especialmente quando a sua rebeldia se situa na barricada, na luta contra o Estado-Capital, ou simplesmente porque se atreve a ser diferente e escolhe ser como é e nom como quigérom que fosse. A maioria das desafortunadas que estám nos cárceres é gente como tu, só que, por umha má jogada do destino, foram detidas, julgadas e encarceradas. Quase todas as pessoas presas estám lá por serem pobres, por serem rebeldes e nom aceitarem o modo de vida que o Sistema impom e manda.
Nenhumha ativista social, ninguém que lute contra esta sociedade injusta e opressora, fica livre de sentir nas suas próprias carnes o que hoje as pessoas presas estám a sofrer. Deveríamos considerar o apoio às presas como algo prioritário, pois tanto tu como eu nunca saberemos quando os ferrolhos e as grades se fecharám atrás de nós.
Entristecem-me e indignam-me as condiçons em que vivem as pessoas presas nessa imundície que é o cárcere e a situaçom de opressom absoluta que padecem. O Estado tem a necessidade de reprimir e esmagar toda consciência de liberdade que surge na pessoa presa. À base de autoridade, disciplina e castigo querem fazer-che saber que nom só nom tens liberdade, senom que nem sequer possues o direito a ser livre, nem a querê-lo. Todo o meu apoio à gente que luta contra esses centros de extermínio e toda a minha solidariedade com as que lutam desde dentro apesar das duras condiçons a que estám submetidas.
Durante 2018, nos cárceres de todo o Estado, houvo três greves de fome coletivas para lutar por doze pontos de umha tabela reivindicativa, entre eles os que se venhem demandando desde a morte do Ditador: a erradicaçom das torturas, a aboliçom dos castigos e do isolamento, o fim da dispersom, a excarceraçom de doentes crónicos e de outros que demandam atençons médicas fora da prisom, e o esclarecimento e delimitaçom de responsabilidades polo assassinato de tantas compas nos cárceres durante todos estes anos. Razons nom lhes faltam para arriscarem mais umha vez as suas vidas, apesar do silêncio das instituiçons e da cumplicidade dos meios, que só parecem preocupar-se polas anedóticas greves dos políticos do Procés catalám, enquanto a gente do povo segue a morrer nas cadeias ante a indiferença das espetadoras.
Nom podo rematar este artigo sem dizer algo que me resulta indignante, e se nom o digo rebento. Refiro-me a essa gente que está presa por açons políticas e que, umha vez encarcerada, descobre que as suas organizaçons a deixárom de lado, que as suas companheiras lhe dérom as costas e nom a consideram digna de apoio. Como dizia o companheiro anarquista preso Harold H. Thompson: “Qualquer movimento ou luta, se nom provê apoio às caídas, está destinado a fracassar”.
Em luta até que todas sejamos livres.