As trabalhadoras do Bershka em Ponte Vedra conseguírom torcê-lo braço do império do têxtil fundado por Amancio Ortega. Nove dias consecutivos de greve secundados por todo o pessoal da cadeia em Vigo, Ponte Vedra e Vilagarcia da Arouça propiciárom o acordo. No pacto recolhe-se o plus de 50 euros logrado polas trabalhadoras da Corunha após negociaçons com a empresa. A secretária nacional da CIG-Serviços, Tránsito Fernández, avança que o conflito estenderá-se às províncias de Lugo e Ourense.
O dia 26 de outubro inicia-se a greve indefinida em cinco lojas de Bershka da província de Pontevedra. O que há detrás desta decisom?
Queríamos conseguir acordos superiores aos convénios coletivos com Inditex sendo a nossa proposta a criaçom de um acordo galego, mas Inditex negou-se. Pola contra, a empresa aceitou negociar por cadeias de lojas e na província da Corunha conseguírom-se melhoras. Quando queremos trasladar esse pacto para Ponte Vedra, encontramos um problema com Bershka. Esta cadeia na província nom permitia que adquirissem o plus de 50 euros mensal que conseguiram as trabalhadoras da Corunha. A maioria das trabalhadoras sustivérom que sem esse plus, nom haveria acordo algum.
A que se deve a negativa do Bershka?
“Entre os próximos passos está negociar o plus de 50 euros nos Oysho de Ponte Vedra, e depois passar para o resto de províncias”
Houvo um problema com os mandos intermédios desta cadeia em Ponte Vedra. Nom soubérom ver o que tinham entre as maos. Assim começou a greve, sentamos a negociar esse plus de 50 euros. Após cinco dias de protestas, colocamos enriba da mesa o plus de 25 euros, mas a empresa rebaixou a 10. Nom houvo pacto e a greve seguiu. O dia 3 de novembro, na segunda concentraçom em Arteijo, chamou-nos a responsável da negociaçom por parte da empresa com a intençom de desbloquear o conflito nesse mesmo dia. Conseguimos pactar o plus de 40 euros, o pagamento de atrasos e que nom se descontassem do soldo os dias da greve.
O conflito trasladará-se agora para outra província?
É um efeito dominó! Vamos levar isto ao resto do nosso território para que todo o mundo poida ter os mesmos acordos. Entre os próximos passos está negociar esse plus de 50 euros na cadeia de Oysho, também em Ponte Vedra, e já depois se passará para as províncias de Lugo e Ourense.
Esta greve foi um sucesso sindical e isto nom é habitual no comércio. Neste setor, costuma-se aceitar todo o que se che coloca diante mas o cem por cento do pessoal plantou-se e conseguiu o objetivo.
É a primeira greve que vive Inditex. Gerou medo?
“Dentro do sindicato também dás com o machismo. Levávamos vários dias de greve e havia quem dizia que se nos estaríamos a equivocar”
Houvo medo e também muita valentia. O medo é umha sensaçom humana que nom podes evitar. Tu sabes que che vam descontar o dia e quando passam duas jornadas e vês que nom se avança nas conversas, entra o medo. Mas porque íamos ser menos em Ponte Vedra? Todos os dias fazíamos terapia de grupo para animar-nos. Dizíamos que nom havia que preocupar-se já que podíamos vender cartões solidários e que todo conflito tem soluçom na negociaçom coletiva.
Que papel jogam os cuidados no mantimento de umha greve?
É mui importante. Se um coletivo arroupa e nom deixa soia a ninguém, se acompanha, entom traslada-se umha força de apoio que tira polo conflito adiante.
Os conflitos liderados e protagonizados por mulheres estám a ter sucesso sindical. O povo pede luita de mulheres?
O sindicato é o reflexo da sociedade e dentro da organizaçom também dás com o machismo. Um homem que acompanhe um conflito laboral vai receber mais parabéns do que tu –mulher- polo feito de que ele é homem e tu nom. Levávamos vários dias de greve no Bsk-Ponte Vedra e havia quem dizia que se nos estaríamos a equivocar.
As mulheres som maioria em determinados sectores como no da limpeza e quando se geram conflitos a rebeldia é brutal. Somos mais práticas, resolvemos muito antes. Nesta negociaçom, todas éramos mulheres: as trabalhadoras, as assessoras sindicais e as negociadoras da empresa. Percebe-se umha barbaridade! É todo muito mais rápido!
Depois deste sucesso sindical, como se produziu a reincorporaçom ao trabalho?
Desde o dia 4, que volvérom abrir as lojas, nom houvo nenhum problema. Estaremos vigiando constantemente ainda que acho nom se atreverám. Aguardo que se conserve a relaçom normal anterior à greve.
Como se gere um conflito sindical frente ao silêncio e bloqueio mediático?
"As mulheres som maioria em determinados sectores como no da limpeza e quando se geram conflitos a rebeldia é brutal"
À rolda de imprensa em que apresentamos o conflito nom véu ninguém. Ninguém! Mandamos um convite a todas as pessoas jornalistas e eram as onze da manhá em Urzaiz e ninguém. Comecei a enviar whatsapps a jornalistas de diferentes meios como Diário Atlántico, Localia, La Voz de Galicia… E todas as respostas eram desculpas estúpidas. Vimos o bloqueio. Nesse momento, começamos a pedir às pessoas que conhecemos que partilhassem nas redes sociais o conflito e entrassem nas redes sociais dos jornais para perguntar por que ocultavam a notícia. Começou a mover-se mui rápido. Construiu-se umha rede em que se falava do Bershka na província de Ponte Vedra e a partir de aí se foi desbloqueando um pouco e entrárom as primeiras chamadas dos meios de comunicaçom.
Deduzo logo que percebestes um forte apoio social, nom é?
A notícia que figemos do sindicato e subimos à nossa web tivo mais de 150.000 visitas. As redes sociais tenhem partes más, mas também boas como ocorreu desta vez.