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O governo do gás

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Quase ao mesmo tempo que o ga­seiro Maran Gas Efessos, pro­ce­dente de Malabo (Guiné Equatorial), atra­cava o 8 de no­vem­bro no pei­rao da Reganosa, no con­ce­lho de Mugardos, Emilio Bruquetas, o seu di­re­tor, com­pa­re­cia no Parlamento da Galiza ante a “Comisión non per­ma­nente es­pe­cial de es­tudo so­bre a re­ac­ti­va­ción eco­nó­mica, so­cial e cul­tu­ral  de  Galicia  pola  crise  da  co­vid-19”. Umha planta re­ga­sei­fi­ca­dora que está a fun­ci­o­nar sem li­cen­ças, de­pois de 5 sen­ten­ças do Tribunal Supremo na sua con­tra, como tem de­nun­ci­ado pon­tu­al­mente o Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol.

Quase ao mesmo tempo que o seu di­re­tor re­a­li­zava umha pré­dica am­bi­en­ta­lista nessa co­mis­som, a fa­vor das ener­gias re­no­vá­veis, das ener­gias ver­des, nas quais in­cluem in­ten­ci­o­nal­mente o me­tano, o ga­seiro ini­ci­ava umhas ma­no­bras de en­trada na ria de Ferrol que pu­nham em pe­rigo a vida de mi­lha­res de pes­soas que vi­ve­mos na sua con­torna, ao di­ri­gir a sua proa cara a umha re­ga­sei­fi­ca­dora que ache­gou o pas­sado exer­cí­cio uns be­ne­fí­cios de 16 mi­lhons de eu­ros ao Grupo Tojeiro, de acordo com in­for­ma­çons re­co­lhi­das por di­fe­ren­tes meios no pas­sado dia 20 de agosto.

A Reganosa  está a fun­ci­o­nar sem li­cen­ças, de­pois de 5 sen­ten­ças do Tribunal Supremo na sua con­tra, como tem de­nun­ci­ado pon­tu­al­mente o Comité Cidadán de Emerxencia para a Ría de Ferrol.

Quase ao mesmo tempo que a Reganosa, para o pro­cesso de re­ga­sei­fi­ca­çom, es­te­ri­liza com hi­po­clo­rito só­dico mais de 32,8 mi­lhons de to­ne­la­das de água da ria e a ex­pulsa re­fri­ge­rada, di­mi­nuindo a sua tem­pe­ra­tura so­bre uns 4,6ºC, no Parlamento Europeu e nos ga­bi­ne­tes da Comissom Europeia, os gru­pos do se­tor do gás es­tám a li­vrar umha dura ba­ta­lha para con­se­guir nom fi­car fora dos fun­dos de de­sen­vol­vi­mento re­gi­o­nal (FEDER) ou dos do Mecanismo de Recuperaçom e Resiliência (RRF, po­las suas si­glas em in­glês), ma­no­bra de­nun­ci­ada no mês de ou­tu­bro pola Rede Europeia de Observatórios de Corporaçons (ENCO, po­las suas si­glas em in­glês). Porque o me­tano, prin­ci­pal com­po­nente do gás na­tu­ral li­que­feito (GNL), com­bus­tí­vel fós­sil, é res­pon­sá­vel polo 25% do aque­ci­mento do pla­neta, e mais le­tal para o clima que o pró­prio CO₂, se­gundo ci­fras di­vul­ga­das por Samuel Martín-Sosa, Javier Andaluz Prieto e Nuria Blázquez, mem­bros de Ecologistas en Acción, num ar­tigo pu­bli­cado o 29 de ou­tu­bro em eldiario.es.

A con­fu­som, a de­sin­for­ma­çom e a falta de peso po­lí­tico de or­ga­ni­za­çons que te­nhem como pri­o­ri­dade na agenda a luita con­tra a mu­dança cli­má­tica, fai que a opor­tu­ni­dade de re­for­mu­la­çom do mo­delo ener­gé­tico, que nos deu como um aga­sa­lho com­pen­sa­tó­rio a crise da co­vid-19, vaia ser apro­vei­tada po­los lob­bies do gás para be­ne­fi­ciar-se da torta de mi­lhons de eu­ros que vam ser re­par­ti­dos para a re­cu­pe­ra­çom eco­nó­mica na UE.

No Parlamento Europeu e nos ga­bi­ne­tes da Comissom Europeia, os gru­pos do se­tor do gás es­tám a li­vrar umha dura ba­ta­lha para con­se­guir nom fi­car fora dos fun­dos de de­sen­vol­vi­mento re­gi­o­nal ou dos do Mecanismo de Recuperaçom e Resiliência.

O co­mité de es­pe­ci­a­lis­tas que vem acom­pa­nhando a Núñez Feijóo desde o iní­cio da pan­de­mia, do que fai parte o di­re­tor da Reganosa, foi ela­bo­rando pro­je­tos nessa li­nha, e está mui pen­dente das de­ci­sons que som to­ma­das na Europa. Trata-se de pro­je­tos da ve­lha guarda das mul­ti­na­ci­o­nais que ope­ram na Galiza, como Citroën, Inditex ou Reganosa, ou o que é o mesmo, a au­to­mo­çom, o mo­delo têx­til des­lo­ca­li­zado e o gás. No caso da Reganosa, onde a Junta da Galiza junto ao Grupo Tojeiro con­tro­lam o 85% da re­ga­sei­fi­ca­dora e atra­vés das em­pre­sas de ser­vi­ços e in­ves­ti­men­tos con­for­mam umha mul­ti­na­ci­o­nal –que man­tém ne­gó­cios em Malta, Alemanha, Itália, Kuwait, Brasil, Chile, Canadá, Gana e Moçambique, e que tem na atu­a­li­dade só umhas 125 pes­soas no seu qua­dro de pes­soal–, co­me­çam a ser co­nhe­ci­dos al­guns tra­ços des­ses pro­je­tos que vol­tam apon­tar para o in­te­rior da ria de Ferrol, no­me­a­da­mente a even­tual cons­tru­çom dumha nova planta para a pro­du­çom de hi­dro­gé­nio verde que con­ta­ria com apoio au­to­nó­mico e es­ta­tal, se­gundo in­for­ma­ções di­vul­ga­das re­cen­te­mente por di­fe­ren­tes meios.

Investimentos mi­li­o­ná­rios que nada te­nhem a ver com a po­ten­ci­a­çom dos nos­sos re­cur­sos na­tu­rais, com a de­fensa dos nos­sos se­to­res pro­du­ti­vos tra­di­ci­o­nais e do nosso meio am­bi­ente, li­nhas bá­si­cas que de­vera se­guir qual­quer po­lí­tica de “re­cons­tru­çom” pós-co­vid na Galiza. Mesmo con­ta­bi­li­zando a po­tên­cia em cri­a­çom de em­prego, dos di­fe­ren­tes mo­de­los ener­gé­ti­cos, a aposta polo gás é a me­nos ren­dí­vel. Segundo os da­dos for­ne­ci­dos por mem­bros de Ecologistas en Acción no ar­tigo an­tes re­fe­rido, o se­tor do gás gera em fa­bri­ca­çom e cons­tru­çom 3,5 mil em­pre­gos por cada mi­lhom de eu­ros in­ves­ti­dos, en­quanto a ener­gia so­lar fo­to­vol­taica gera 8,5 mil e o se­tor da efi­ci­ên­cia ener­gé­tica 12 mil.

A Uniom Europeia es­ta­be­lece que umha ati­vi­dade eco­nó­mica que causa mais dano ao meio am­bi­ente do que be­ne­fí­cios nom pode ser clas­si­fi­cada como sustentável.

A  Uniom  Europeia  es­ta­be­lece  seis  ob­je­ti­vos  am­bi­en­tais e es­cla­rece que umha ati­vi­dade pode ser con­si­de­rada am­bi­en­tal­mente sus­ten­tá­vel se con­tri­bui a qual­quer um des­ses ob­je­ti­vos sem da­nar sig­ni­fi­ca­ti­va­mente nen­gum dos outros:

1.  Atenuar a mu­dança cli­má­tica (evi­tar ou re­du­zir  as  emis­sons  de ga­ses de efeito es­tufa  ou  au­men­tar a eli­mi­na­çom de ga­ses de efeito estufa).

2.  Adaptaçom à mu­dança cli­má­tica (re­du­zir ou pre­vir o im­pacto ad­verso no clima atual ou fu­turo aguar­dado, ou os ris­cos de dito im­pacto adverso).

3.  Uso sus­ten­tá­vel e pro­te­çom da água e dos re­cur­sos marinhos.

4.  Transiçom para umha eco­no­mia cir­cu­lar (cen­trada na reu­ti­li­za­çom e na re­ci­cla­gem de recursos)

5.  Prevençom e con­trolo da poluiçom.

6.  Proteçom e res­tau­ra­çom da bi­o­di­ver­si­dade e dos ecossistemas.

O  prin­ci­pio de “nom  pre­ju­di­car” as­se­gura que umha ati­vi­dade eco­nó­mica que causa mais dano ao meio am­bi­ente do que be­ne­fí­cios nom pode ser clas­si­fi­cada como sus­ten­tá­vel. As ati­vi­da­des  am­bi­en­tal­mente sus­ten­tá­veis tam­bém de­vem res­pei­tar os di­rei­tos hu­ma­nos e la­bo­rais. A Comissom  Europeia está  a de­sen­vol­ver cri­té­rios téc­ni­cos para cada ob­je­tivo, que de­ve­ram  es­tar pron­tos em  fi­nais  de 2020, para a mi­ti­ga­çom e a adap­ta­çom à mu­dança cli­má­tica, e fi­nais de 2021 para o resto de objetivos. 

Qualquer pro­jeto que in­clua o me­tano ou a tec­no­lo­gia bi­o­cida que Reganosa uti­liza para a re­ga­sei­fi­ca­çom, tam des­tru­tiva da bi­o­di­ver­si­dade e dos pos­tos de tra­ba­lho na nossa ria, ou o seu mesmo fun­ci­o­na­mento, que pom em pe­rigo a vida das pes­soas, nom cum­prem com os re­qui­si­tos de sus­ten­ta­bi­li­dade mar­ca­dos pola UE, e por­tanto nom se­riam me­re­ce­do­res dos fun­dos des­ti­na­dos à re­cu­pe­ra­çom pós-co­vid. Mas quem está acos­tu­mado a vi­ver acima da lei, go­zando de im­pu­ni­dade, pode pen­sar que desta tam­bém se li­vrará, seja com pro­je­tos de carga de com­bus­tí­vel para na­vios (HUB), caso de Reganosa, seja para a pro­du­çom de hi­dro­gé­nio uti­li­zando ele­tri­ci­dade a par­tir do gás  ou para a fa­bri­ca­çom de “me­tano sin­té­tico”, como de­fen­dem na atu­a­li­dade as prin­ci­pais agru­pa­çons do se­tor, a Asociación Empresarial Eólica e Sedigas – Asociación Español del Gas, de que fa­zem parte em­pre­sas bem co­nhe­ci­das como Iberdrola, Endesa ou Naturgy.

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