A caída de quotizaçons durante a crise conduz a umha reforma do sistema. O PP poderia manobrar para retirar-lhe às viúvas o direito a pensons contributivas
O sistema de pensons leva registando deficit desde 2012. O aumento de pensionistas dos últimos anos nom foi acompanhado por um aumento paralelo das quotizaçons, senom que os altos índices de desemprego e os baixos salários pintárom as contas da Segurança Social com números vermelhos ano trás ano. Para quadrar cada exercício, até agora o Governo foi retirando recursos do Fundo de Reserva, que chegou a acumular um máximo de 66.815 milhons de euros em 2011 procedentes dos superavits de anos anteriores.
Mas no mealheiro das pensons já apenas fica um montante de 15.915 milhons de euros, inferior aos 19.200 milhons que o Governo retirou em 2016 para fazer frente às folhas de pagamento. Umha quantidade que nom chega para cobrir o deficit que se gere em 2017 e garantir os ingressos das mais de oito milhons de pessoas que tenhem direito a pensons no Estado espanhol. É neste contexto que a reforma do sistema se situa nos primeiros postos da agenda política do novo Governo do Partido Popular.
Viuvez no ponto de mira
A informaçom acerca dos planos do Governo vai chegando por conta-gotas, às vezes procedente de filtraçons e balons-sonda lançados para testar o estado de ânimo da opiniom pública e do resto de agentes políticos. Assim, segundo publicou Eldiario.es, o entorno da ministra de Emprego Fátima Báñez teria posto acima da mesa a possibilidade de excluir do sistema as pensons de viuvez e orfandade, que deixariam de ser prestaçons contributivas às que dá direito a quotizaçom dum trabalhador (neste caso cobrada polos seus familiares) para passar a serem ajudas assistenciais. Desta maneira, a sua quantia poderia depender dos orçamentos de cada ano e nom teria porquê estar ligada às quotizaçons que as originárom.
Aliás, o mesmo entorno da ministra também teria sugerido que sejam as Comunidades Autónomas as que se fagam cargo do gasto originado por estas prestaçons. Na Galiza, 16 por cento das pensionistas cobra umha pensom de viuvez (percentagem três pontos inferior à média espanhola) e 96 em cada cem viúvas som mulheres. As pensons de orfandade apenas suponhem três por cento do total. Os recursos necessários para fazer frente a estes dous tipos de pensons rondam os 1.500 milhons de euros anuais, o equivalente a 17 por cento do Orçamento da Junta de 2017.
Se finalmente o Governo opta por carregar parte do gasto em pensons às Comunidades Autónomas, para evitar cortes nas folhas de pagamento ou noutras partidas orçamentárias seria inevitável abordar algumha reforma ‑como a do modelo de financiamento autonómico- com o objetivo de aumentar os ingressos das comunidades. Em qualquer caso, se desligar a viuvez e a orfandade das pensons contributivas, o Governo estaria abrindo a porta a eventuais cortes nestas prestaçons.
O entorno da ministra Fátima Báñez teria posto acima da mesa a possibilidade de sacar do sistema as pensons de viuvez e orfandade
Abrir o sistema aos impostos
Se a proposta do Governo para eliminar o deficit da Segurança Social vai no sentido de cortar gastos excluindo alguns tipos de pensionistas do sistema, as propostas da oposiçom vam no sentido contrário: aumentar os ingressos abrindo o financiamento à via impositiva. É a posiçom defendida por parte do PSOE ou Podemos nos seus respetivos programas (En Marea e BNG nom contemplavam a reforma do sistema nos seus programas para as gerais e ainda nom detalharom a sua postura sobre a mesma). Até agora, as pensons contributivas da Segurança Social som financiadas unicamente a partir das quotizaçons das pessoas empregadas. O Estado apenas se fai cargo de pequenos gastos como os complementos a mínimos.
Quê suporia rachar a separaçom das fontes de financiamento e permitir sufragar parte do gasto em pensons contributivas via impostos? No sistema nascido do Pacto de Toledo (1995) todo este gasto recai sobre as rendas dos trabalhadores (quotizaçons dos empregados e das empresas em funçom do salário). As rendas do capital e os benefícios empresariais nom aportam nada ao sistema.
Financiar parte do gasto via impostos aumentaria a progressividade do sistema
No entanto, se parte do gasto em pensons contributivas pudesse ser financiado através dos Orçamentos Gerais do Estado, estariam contribuindo tanto as rendas do trabalho como as rendas do capital, que nom pagam quotizaçons mas sim pagam impostos. Dado que sobre o papel o sistema fiscal exerce umha funçom redistributiva, o sistema de pensons exerceria como mecanismo de redistribuiçom das rendas do capital cara as rendas do trabalho. Financiar parte do gasto via impostos é, aliás, a prática mais comum nos países da Uniom Europeia.
Os cortes que já estám em vigor
O Governo já reformou o sistema de pensons em 2011 e 2013 tendo como objetivo reduzir a quantia das folhas de pagamento. Com o PSOE na Moncloa, em primeiro lugar, aprovou-se o aumento dos 35 aos 37 anos como mínimo necessário de quotizaçom para cobrar 100% da pensom. Em segundo lugar, o cálculo da base reguladora passou a fazer-se tendo em conta os últimos 25 anos quotizados (antes eram 15). Em terceiro lugar, a idade geral de jubilaçom ampliou-se dos 65 aos 67 anos.
O governo do PSOE também introduziu dous novos índices para realizar o cálculo da revalorizaçom das pensons, mas seria o PP em 2013 quem concretizaria as fórmulas. Até 2014, as pensons atualizavam-se cada ano segundo o IPC, o que protegia os pensionistas frente às perdas de poder aquisitivo motivadas pola inflaçom. Com o novo índice de revalorizaçom aprovado polo PP desaparece esta seguridade. A atualizaçom das pensons passa a depender do equilíbrio das contas da Segurança Social e da evoluçom do número de pensionistas, podendo subir entre um mínimo de 0,25% e um máximo igual ao IPC mais 0,5%. Quer dizer, abre-se a porta a que os pensionistas percam poder aquisitivo, como de facto acontece já este ano, ao subir as pensons o mínimo estabelecido de 0,25% enquanto a suba estimada do IPC será de 1,5%.
Por outra parte, o PP também introduziu o factor de sustentabilidade, que entrará em vigor em 2019 e fará computar no cálculo das pensons a esperança de vida dos pensionistas.