Leo é músico e profe, “choios complexos, como muitos outros” di. Mas em estes tempos, com o duplo de trabalho nas aulas e um verao em branco na música, embora nom houvesse contágios: “somos as últimas monas”. Contodo, crê que a pandemia foi um aviso da natureza do qual tirar aprendizagens positivas.
Dizias que o fim da pandemia ia ser “como quando ligam as luzes ao rematar umha orgia”.
(Ri) Foi como dizendo “quando remate isto aqui a peña nom se vai poder nem olhar a cara”. A sensaçom de dizer “Minha mae! As responsabilidades que se podem depurar com todo isto”. Humor absurdo.
Tés dito que vivemos num sistema em que nom é fácil consumir arte de jeito que poda ser libertadora. Aprendemos algo este ano?
Temos uns hábitos de consumo de cultura bulímicos que nom comparto. Eu às vezes colho e escoito a discografia completa dumha autora para vê-la evoluçom. Procuro que me sirva para a vida e para entender o que escoito, nom me interessa esse rollo enciclopédico de controlar de cultura. Isto serviu-nos para parar um chisco e decatarmo-nos do ritmo tolo que levávamos. Era umha doença porque nom era uma vida sã.
Íamos e imos mui rápido, nom é?
Sim e o vírus saiu do seu reservatório e estendeu-se a toda leche precisamente por isso, pola rapidez com que vivemos.
“Temos uns hábitos de consumo de cultura bulímicos que nom comparto”
Vês uns hábitos de consumo diferentes na gente nova?
Acho que temos uma trampa concetual de pensar que “gente nova” é uma realidade aparte. Ao final, som uns anos e essa peña é peña, é gente. O outro dia levei à sala de aulas a guitarra e flipei com a sua reaçom; acho que é umha geraçom que vai botar o freio, que vai gostar de propostas mais de tranquis, de sentir. É uma alternância que houvo sempre, como quando o revival do folk sucedeu ao rock e o rollo progressivo ao folk. É um pêndulo que funciona à margem de raivosas atualidades.
Em esse sentido, que tal o Band Camp?
Eu som defensor absoluto. É um sistema de partilhar e editar música mui horizontal. Conheces muitas bandas que estám no underground, desde A neurona da patineta ou Ostia. Agora a gente compra muita mais música. Saquei sé[mente de vencer] em dezembro de 2019 e, com o que pagou a gente no Band Camp, paguei a ediçom do disco em dous meses.
Também há cousas positivas então, que semelha que consumimos mal, que na cultura todo vai mal, que nom passa nada bom…
Eu saco liçons boas. Nom som negacionista, mas vejo umha posiçom intermédia. Houvo um shock e tivo consequências, por exemplo, dobrárom-nos o volume de trabalho, nom se podem ter 200 alunas ou 30 por sala, é impossível. É como os médicos, que precisam dez minutos por doente. Se botas contas, nom temos nem dous minutos por aluna. Pois haverá que dar-lhe uma volta grande a isto, nom?
Estas reflexons nom as tenhem os de arriba?
Tenhem, mas no sentido de como nom fazê-lo, de tirar cara o lado neoliberal. Aí é onde temos que pelejar, aproveitar essas oportunidades. Aguardo que nos neguemos a volver a umhas aulas lotadas na ESO, depois do que se tem logrado.