A pesca de baixura leva anos em cifras à baixa. Nos últimos 10 anos o número de embarcaçons diminuiu em mais de 1000, do mesmo jeito do que as tripulaçons: as cifras da Segurança Social no regime de trabalho do mar perdeu perto de 1800 filiaçons desde 2012. As pessoas com permex – licenças para a exploraçom marisqueira‑, também descêrom nos últimos anos.
As gentes que trabalham na pesca artesanal e de baixura sentem-se esquecidos pola administraçom. Num contexto em que o sector está a contar com cada vez menos barcos e pessoas trabalhando, as associaçons que defendem a pesca artesanal criticam o forte investimento que nos últimos anos tem efetuado a Junta da Galiza para o desmantelamento de embarcaçons, o que contribuiu para este descida no número de embarcaçons pesqueiras.
Nalguns trabalhos do mar maior potência do motor nom implica maior produtividade
Estas associaçons mostram-se críticas com o procedimento de regularizaçom de embarcaçons e as recentes atuaçons, que consideram desproporcionadas, de apreensom de barcos em Ribeira e na Corunha por contar com motores de maior potência do que estava registado. Luís Rodriguez, da Associaçom de Armadores de Artes Menores (Asoar-Armega), explica que após o processo de regularizaçom da Junta ficaram umhas 400 embarcaçons nom reguladas, e que a problemáticas dos motores nom regulados afeta especialmente a frota do percebe e o do marisqueio a frote, onde a relaçom entre produtividade e maior potência do motor nom existe, pois as embarcaçons do percebe aguardam em água enquanto se recolhe o percebe e o marisqueio a frote realiza-se com o motor parado. “Se tés um motor de mais capacidade, essa alteraçom nom intervém na produtividade, mas influi de forma direta na segurança da tripulaçom, quanto maior é a potência, maior é a segurança”, indica Rodríguez. “Aumentar a potência”, acrescenta Rodríguez “nom significa que vá haver umha sobreexploraçom. Por que se incide nisso? Nom entendemos esse zelo”.
Marisqueio em Noia
Pablo Silva trabalha no marisqueio em Noia, no berberecho e no mexilhom. Ele é também presidente da Plademar Muros-Noia, organizaçom nascida durante a luita contra a Lei de Aquicultura da Junta e que continua com o seu trabalho em defesa da ria. “A nossa ria tem umha boa presença de moluscos filtradores, se bem que a estamos a explorar por debaixo das possibilidades que tem”, indica Silva. Precisamente, a Plademar está a reivindicar a Denominaçom de Origem para o berberecho de Noia. “O berberecho é um 80% da produçom desta ria, e nom se está a tomar medida nengumha para a sua proteçom”, salienta este marinheiro.
Problemas de saneamento de águas dificultam o marisqueio nas rias
No seu trabalho na exploraçom de ameijoa, Silva detetou umha maior presença da ameijoa japónica, umha espécie foránea que está a estender-se nas costas da ria. Silva indica que esta espécie “começou a pôr-se em zonas de praia que nom eram produtivas. Os científicos diziam que nom afetaria a ameijoa fina, mas está-se a ver que está a quitar-lhe terreno e comida. Se vês as estatísticas da confraria, vê-se que a ameijoa fina caiu em picado, e com a ameijoa babosa acontece uma cousa parecida”. Para este noiês, haveria que experimentar novas formas de cultura que nom passem pola introduçom de espécies foráneas, mas a melhoria da produçom marisqueira passa também por umha melhor depuraçom das águas da ria. Este problema tem especial releváncia em Noia, onde desemboca o Tambre e se construiu umha depuradora cuja capacidade atual é considerada insuficiente.
Marisco de homens e de mulheres
No trabalho marisqueiro vem desenvolvendo-se umha discriminaçom de género. Os homens som os que costumam recolher o marisco a frote desde umha embarcaçom e as mulheres as que recolhem o marisco a pé na areia. Para esta exploraçom marisqueira é preciso o Permex. Para conseguir o Permex, primeiro a confraria da zona tem que convocar umhas vagas, para quais as pessoas interessadas se increvem. A seguir, esta lista é enviada à Conselharia do Mar, a qual aplica determinadas tabelas de pontuaçom para a concessom das licenças. Inés (falta-me apelido), trabalhadora do mar, explica que sendo mariscadora “pagas à Segurança Social como autónoma, e atualmente é umha atividade artesanal com medidas e quantidades estabelecidas”. Há diversas formaçons que pontuam para a tabela da Conselharia. “Atualmente estám menos valorados os cursos relacionados com a pesca do que diplomaturas de qualquer tipo. Os cursos de aquicultura também pontuam muito”, acrescenta Inés.
Cursos de aquicultura pontuam para a concessom das licenças para mariscadoras de a pé
Descartes e quotas
Entre as novidades da Política Pesqueira Comum (PPC) para o período 2105–2020 encontra-se a obrigaçom de desembarcar em porto os descartes. Ou seja, o peixe que nom chega aos tamanhos legais já nom pode ser devolvido ao mar e nom poderá ser comercializado para consumo humano, o que dispara os alarmas no sector, pois esta prática permite que o peixe descartado seja empregado para a fabricaçom dos pensos de engorde que se empregam na aquicultura industrial.
O sistema de descartes europeu nom discrimina as artes mais agressivas
A PPC estabelece estes descartes por espécie. “Fala-se de descarte de espécies e é um insulto”, expom Luís Rodríguez, de Asoar-Armega. Este marinheiro de Corcubiom acha que para reduzir efetivamente os descartes “haverá que ver quais som as artes de pesca que mais descartes provocam, que é sobretodo a frota do arraste, e incidir nelas”. Rodríguez relaciona o sistema de descartes com as restritivas quotas de pesca e acha que com todas estas limitaçons à pesca de espécies autóctones som beneficiadas as grandes empresas exportadoras e importadoras de peixe ou mesmo as empresas aquícolas.