Um gorro em forma de galinha ou porco, com adornos pouco discretos ou feitos de tela de saco mal cosida; a camisa por fora; um farol caraterístico dos camponeses que se encarregavam de limpar a cidade polas noites, e a face agachada baixo umha careta que procura o medo e o respeito nos viajantes. Assim som as quatro caraterísticas básicas do Merdeiro tradicional, segundo recolhe Xerardo F. Santomé no livro ‘O Merdeiro: un personaxe do entroido vigués’, editado em 2006. Trata-se da primeira publicaçom íntegra sobre o Merdeiro viguês, impulsada pola Asociación Cultural e Veciñal Casco Vello e polo centro social A Revolta, que a princípios dos anos 2000 começaram a trabalhar pola recuperaçom desta personagem, que hoje se voltou imprescindível nas ruas do entruido viguês mais tradicional.
O Merdeiro nasce no Berbês como umha figura criada polos marinheiros para fazer burla daqueles chegados do rural e que acudiam à zona para recolher o escabiche, que lhes serviria para abonar os campos. Portanto, a sua indumentaria baseava-se na exageraçom da vestimenta labrega e, o seu comportamento, numha imitaçom burlesca do que para eles representava a vida do escabicheiro. Fôrom substituindo o farol pola vara e as tripas de peixe que guindavam pola farinha. Mas, o seu jeito de atuar, segue conservando a mesma essência.
O Merdeiro nasce no Berbês como umha figura criada polos marinheiros para fazer burla daqueles chegados do rural e que acudiam à zona para recolher o escabiche, que lhes serviria para abonar os campos.
A data exata da primeira apariçom do Merdeiro no Entruido viguês é ainda umha incógnita sem fácil resoluçom, mas a sua presença já era umha constante nos entruidos anteriores ao século XIX. Santomé descreve o nascimento do Merdeiro como um fenómeno “tam ambíguo coma o próprio nascimento do carnaval na Galiza ou em qualquer outra comunidade”. Mas, o que está claro, é a data da sua desapariçom: uns anos antes da Guerra Civil espanhola de 1936, quando há constância de bandos da Alcaldia que advogavam pola proibiçom da figura do Merdeiro em favor dum ‘carnaval’ mais burguês. Um aspeto em que os meios de comunicaçom tivérom umha grande responsabilidade, devido à crítica constante da que era objeto esse chamado entruido de rua que assumia o Merdeiro, máximo representante da desordem e da manifestaçom canalha.
A proibiçom do Merdeiro é duns anos antes da Guerra de 1936, quando há constância de bandos da Alcaldia que advogavam pola proibiçom da sua figura em favor dum ‘carnaval’ mais burguês.
O trabalho impulsado polo C.S. A Revolta e pola Asociación Cultural e Veciñal Casco Vello fijo possível que em 2006, trás oito décadas no ostracismo, tivesse lugar a saída dum primeiro grupo de Merdeiros ás ruas do Casco Velho viguês. Os primeiros obradoiros e assembleias dérom origem a umha nova visom do Entruido no Vigo do século XXI, em que nom só há que falar do Merdeiro, senom também da Merdeira, a completa marginada em tuda esta história. Se bem que o primeiro grupo de merdeiras e merdeiros que saírom à rua em 2006 nom o tivérom fácil, a tradiçom foi-se assentando nos anos posteriores, onde os coletivos melhorárom a sua logística e organizaçom. O desenho das caretas, elaboradas polo artesám Pancho Lapeña representou, desde o princípio, a devoluçom da sua identidade a umha figura histórica sem a que hoje, nem o Entruido viguês seria Vigo, nem Vigo poderia falar de Entruido. Só de carnaval.