Marcos Abalde recebe-nos no local de Rexenerando, de onde se puxo em marcha Ferrol Rebelde há um ano. Fala-nos com paixom destes roteiros polos quais passárom por volta de 600 pessoas, e que lhe devolvérom a dignidade roubada a personagens indispensáveis para a nossa história.
Como foi a investigaçom que che permitiu tirar o pó ao movimento operário em Ferrol?
Em Ferrol o movimento operário está mais estudado do que no resto da Galiza, mas temos lagoas terríveis: alguns dos jornais mais importantes de pré-guerra só se encontram em Ámsterdam. A maioria das bibliotecas proletárias fôrom queimadas em agosto do 36 na Praça de Amboaxe, e contavam com fundos nom só da República, se nom desde 1891. Bebim dos livros de Manuela Santalla, Eliseo Fernández, Dionísio Pereira, Bernardo Maiz e Paco Balón. O trabalho da associaçom Fuco Buxán ou das Fundaçons Moncho Reboiras e 10 de Março é também importantíssimo. Nom é casualidade que nenhum destes investigadores trabalhe para a universidade. Infelizmente, esta instituiçom nom está ao serviço da emancipaçom social.
Nalguns artigos de Ferrol360 falas dos mestres da liberdade, das mulheres anarquistas, de Quintanilla… Quantos personagens inspiradores!
Temos tanto que aprender das diferentes famílias operárias! Garcia Niebla e Iturralde fôrom uns desses mestres que queriam ultrapassar os muros das escolas. Proponhem aproveitar o mundo para aprender dele e vincular-nos. Mesmo hoje seria um ensino vanguardista. Assim é que 30% do magistério foi retaliado no 36. Quanto às mulheres, estavam organizadas em sindicatos e coletivos que ainda estám por fazer visíveis. Pensemos em Rosário Sardinha, umha mulher a quem as pessoas lembram como umha velha liberal, que fumava e morava no Ferrol Velho, mas da que apenas ninguém sabia que era anarquista. Há umha ruptura total. O projeto genocida é um projeto de esquecimento e nom se desativará até recuperarmos a nossa história rebelde.
30% do magistério foi retaliado no 36. Quanto às mulheres, estavam organizadas em sindicatos e coletivos que ainda estám por fazer visíveis
Que surpresas encontras umha vez que monstras toda essa informaçom na rua?
Impressiona o viva que está a memória do 10 de março do 72; num dos roteiros um familiar de um dos lideres puxo-se a chorar ainda a lembrar a massacre. Apesar de toda essa emoçom que lateja ficam muitas lagoas: umha moça descubriu com Ferrol Rebelde que a sua bisavó era Amparo Foxo, a primeira presidenta do Sindicato de Descarregadoras do Peirao. Como essa, muitas histórias mais!
Quais as resistências e alianças com que topas-te à hora de lançar os roteiros?
Na rua houvo algumha resistência anedótica; Ferrol nom é um lugar hostil, há umha consciência obreira diáfana. As dificuldades som mais estruturais, como o ocultamento oficial ou a perda de documentaçom. O roteiro foi bem acolhido pola vizinhança e também polo Concelho, assim foi que este outubro lançamos outro sobre as Irmandades da Fala.