A sala do Centro Sociocultural Luís Seoane, no Pedrouzo (O Pino), está praticamente cheia às sete da tarde do domingo 12 de novembro. Junto à entrada, duas integrantes da plataforma vizinal Mina Touro‑O Pino recolhem os mapas que estivérom a mostrar antes do início da charla. Cartografias dum futuro projeto que tratam de paralisar. Muitas das pessoas que formam parte deste movimento coincidem: estám aos poucos de conseguir um doutoramento exprés em mineraçom.
No mês de agosto de 2017, a Junta da Galiza publicava no DOG a actualizaçom do projeto de exploraçom da cobre de San Rafael. As administraçons municipais de Touro e O Pino, naqueles terrenos onde se assentaria, nom compartírom a informaçom com as vizinhas e vizinhos até quase rematado o prazo para apresentar alegaçons. Se bem os boatos dumha possível apertura levavam tempo assentados nos bares, a publicaçom passou num princípio desapercebida, contudo, a mobilizaçom de vizinhas e vizinhos logrou com que se apresentassem, em pouco tempo, quase 1500 alegaçons.
A mobilizaçom de vizinhas e vizinhos logrou com que se apresentassem, em pouco tempo, quase 1500 alegaçons
Os vizinhos dos concelhos conhecem bem o jazigo de San Rafael; também a povoaçom de grande parte da comarca. Entre 1973 e 1986 deu de comer a muitas famílias da contorna. Umha vizinha da paróquia de Andeade explica que “umha empresa já mostrara interesse em reabrir o projeto, mas botara-se para atrás”. Matina que isto puido favorecer que as pessoas nom tomassem a sério as intençons de reabertura.
Para mim, habitante pontual das terras de Touro, a “mina de Sam Rafael”, ou “mina de Rio Tinto”, é o terreno de Paco ‑Francisco- Gómez. Sabia, por conversaçons da família, que em Touro houvera umha mina, explorada pola empresa Minas de Río Tinto, que estivo em funcionamento máis dumha década. Fechou e o tal Paco Gómez mercou os seus restos. Lembro apenas umha festa nos seus terrenos, nalgum verao dos anos 90, à que acudira da mao do meu avó. À sombra das árvores, juntavam-se várias dúzias de pessoas, modo e moda romaria. Umha década depois explicaram-me que se tratava dum evento anual de que participam antigos trabalhadores de Río Tinto.
Muitos anos despois de escuitar falar da mina por vez primeira assistia a umha charla, oferecida pola Plataforma Mina Touro‑O Pino Nom. Por causa disto fum conhecendo aquilo que se sabia e nom sabia do projeto da nova exploraçom.
Umha empresa já conhecida: Río Tinto volta para a comarca
A atual dona dos direitos da antiga mina é Cobres San Rafael S.L. A empresa que pertence a Explotaciones Gallegas S.L. e a filha do próprio Francisco Gómez, Eva Gómez, é a sua administradora. A primeira é umha construtora de estradas e autopistas que extrai parte dos seus materiais dos jazigos. A conselharia de Medio Ambiente expedientou-na, em 2006 e 2007, polo vertido de resíduos nom autorizados na zona mineira. Nessa mesma época amoestou os próprios consórcios de Touro e O Pino, por queimarem resíduos urbanos sem autorizaçom, também na mina. Os alcaldes Ignacio Codesido e Manuel Taboada, ambos os dous do Partido Popular e no cargo a dia de hoje, defenderam-se alegando que “Sogama fai o mesmo”.
Em setembro de 2017 Cobres de San Rafael recebeu cinco milhons de euros. Ao tempo que ampliava o seu capital incorporava-se como administrador solidário da empresa Alberto Lavandeira, conselheiro delegado da multinacional Atalaya Mining. No estado espanhol este gigante da mineraçom reabriu umha exploraçom de cobre cujo nome é bem conhecido em Touro e O Pino: a de Río Tinto em Huelva. Foi nesta mina onde muitos trabalhadores da antiga San Rafael recebérom, nos anos setenta, a sua formaçom. A onubense fechara pouco tempo despois do que a de Touro, polos mesmos motivos: a queda do preço do cobre no mercado.
Em 2017 incorporava-se Alberto Lavandeira, conselheiro delegado da multinacional Atalaya Mining, administrador solidário em Cobres San Rafael
Enquanto levárom a cabo as prospeçons para o futuro projeto começárom as protestas de vários vizinhos, quando se encontrárom com que se levavam a cabo sem permissom em terrenos privados. Algum decidiu interpor umha denúncia. Em novembro um helicóptero de inspeçons geológicas da empresa perdia o seu radar em Boqueixom, concelho limítrofe com Touro. Membros da plataforma em contra da mina denunciárom que os voos demostravam a intençom de Atalaya Mining de aumentar os terrenos da futura exploraçom.
A atual dona de Río Tinto encontrou em Explotaciones Gallegas um aliado. Nos últimos informes ao seu acionariado informou da sua intençom de adquirir até o 80% da futura mina. O jornal Economia Digital partilhou numha notícia que, num informe de junho de 2017, Lavandeira anunciava a possibilidade de adquirir os direitos das concessons mineiras que arrodeiam San Rafael.
A plataforma e a luita contra a desinformaçom
Na sala Luís Seoane o professor titular de Economia Aplicada, Xoán Ramón Doldán, explicou o funcionamento dumha dança de alianças habitual no sector mineiro. Pondo como exemplo o caso da mina de Corcoesto, o público de Pedrouzo atendia à estratégia na qual pequenas empresas presentam projetos em que detrás está a mao de gigantes da mineraçom. Fazendo umha pequena pesquisa sobre Atalaya, o buscador devolve um informe, ano 2015, em que o sindicato internacional IndustriAlh denuncia a multinacional pola sua falta de transparência, práticas laborais abusivas, falhos na segurança nas suas exploraçons e o incremento de trabalhadores subcontratados nas mesmas. As mesmas que Doldán e a representante do Sindicato Labrego Galego, Margarida Ledo, descrevem perante o auditório.
O ato informativo de Pedrouzo nom foi o único organizado pola plataforma. A este seguírom outros em Vedra, Fonte Diaz (Touro) ou Santiago de Compostela. Isabel, vizinha de Bama, explica que a plataforma foi formada por vizinhos que compartiam inquedanças perante o novo projeto. “A empresa reuniu-se com os alcaldes e organizárom algumha charla”, explica Isabel, e as explicaçons que davam “entravam em muitas contradiçons”. A preocupaçom crescia, e decidírom organizar-se. “Nesse começo o primeiro que figemos foi apresentar as alegaçons. Asociaçons ecologistas como Adega, ou o Sindicato Labrego Galego, também o figérom. Em dezembro uniu-se também a Plataforma em Defensa da Ria de Arouça, confrarias e associaçons de mariscadoras. O sector do mar teme que os resíduos da mina contaminem o Ulha, que desemboca diretamente na ria de Arouça.
A rejeiçom à nova mina aumentou quando se publicárom os informes apresentados pola Sociedade Galega de Historia Natural e por Ambiotec, empresa à que acudiu o Concelho de Touro para que avaliasse seu futuro impacto. Ambos os documentos responsabilizam a empresa de omitir mananciais e fontes naturais de água na sua avaliaçom de impacto ambiental, de nom qualificar os riscos da mina de forma acorde com o perigo real que supom esta para as pessoas ou de analisar a realidade demográfica dos concelhos utilizando dados desatualizados.
O papel dos concelhos e a Lei Depredaçom
As próprias administraçons municipais de Touro e O Pino mudárom a sua postura a medida que medravam as protestas polo projeto. Do sim à mina passárom a rejeitá-la a causa da presom social exercida. Outras administraçons locais como Santiago de Compostela, Teo, Vila Garcia de Arouça somarom-se aos protestos. Além do valor simbólico que poda ter esta mudança de posicionamento, na prática de pouco serve. A nova Lei de Fomento de Implementaçons de Iniciativas Empresariais na Galiza, conhecida também como “Lei de Depredaçom”, limita a capacidade dos concelhos para decidirem sobre projetos empresariais de grande envergadura.
A nova mina em cifras
- Cobres de San Rafael SL é titular dos direitos até 2068
- Projeto: mina de cobre a céu aberto
- Empregos diretos (estimados pola empresa): 400
- Superfície: 689 ha
- Duraçom da exploraçom: 16 anos
- Extraçom de material: 267 milhons de toneladas (102 de mineral de cobre)
- Estimam-se 6 voaduras diárias para extrair o cobre, de entre 9 e 16 toneladas de explosivos
- Instalaçom de umha linha de alta tensom de 14 km
- Umha vez fechada a exploraçom a empresa deixaria duas balsas de resíduos, umha a menos de 200 metros das casas de Arinteiro