
O chamado ‘gene vermelho’ e a autonomia das mulheres obcecava o psiquiatra franquista Juan Antonio Vallejo Nájera. A sua convicçom consistia em que as defensoras da igualdade tinham umha patologia mental que as levava a defender esse ideal e, o que era pior, transmitiam-lho às suas crianças. Um hereditário ‘gene vermelho’ que poderia aplacar-se com a separaçom entre os que já nom tenhem cura e os que ainda estam por formar-se. Desenvolveu assim o teorema fascista que colocou o foco nas mulheres de esquerdas e serviu como justificaçom para o roubo de crianças durante e após a ditadura franquista.
O roubo de crianças começou com fortes motivaçons políticas sob a ordem e o olhar da Igreja, que abandona os rosários para dominar as instituiçons, e os fuzis sobre os quais descansava a ditadura. As republicanas grávidas com pena de morte eram fuziladas mal davam à luz e as suas filhas entregues a outras famílias. “Levárom-no para batizar e nom o voltei ver”, “enviárom-no ao Auxílio Social porque estava ‘sovietizado’”(1). Diferentes nomes, em diversas circunstâncias e noutras décadas mas um único sistema, um idêntico crime e os mesmos carrascos.
A Igreja começou a tirar lucros pedindo altas somas de dinheiro quando realizava adoçons. Quando umha família rica pedia umha bebé, umha mulher pobre paria umha criança morta.
Com a misoginia como base do sistema, em breve percebêrom o lucro que acarretava o roubo de bebés. A Igreja começou a tirar lucros pedindo altas somas de dinheiro quando realizava adoçons. Quando umha família rica pedia umha bebé, umha mulher pobre paria umha criança morta.
O primeiro caso que evidenciou a existência dumha rede de roubo de bebés foi detetado no sanatório de San Ramón, em Madrid. Em 1982, e após as denúncias de várias mulheres, o fotógrafo Román Gallego, que trabalhava para Interviú, conseguiu entrar no centro e fotografar um bebé morto arroxeado e metido numha cámara frigorífica. Da jornalista que revelou a história, María Antonia Iglesias, nom se voltou saber mais nada. O ginecologista e ex-diretor desse centro, Eduardo Vela, será o único que sente na banca dos acusados depois de o Ministério Público requer umha pena de prisom de 7 anos contra ele por crimes de substraçom de menores, suposiçom de parto e falsidade de documentos. Este é o mesmo caso polo qual estava a ser julgada a monja María Gómez Valbuena, que morreu no 2013, quando ainda nom concluíram as pesquisas.