As sexualidades nom normativas estám mais visibilizadas no urbano do que no rural, onde em muitos casos seguem a ser um tema tabu”. Quem fala é Brais Álvarez, e fai-no em nome da juventude do Sindicato Labrego Galego (SLG), quem desde há apenas dous anos, organiza o festival Son Labreg@. “De forma interessada, nom se contempla esta realidade no rural, por ser algo que nom entra dentro da lógica neoliberal. Se nom contemplam nem um meio rural vivo, com pessoas e produtivo, muito menos vam-no contemplar como um rural diverso”, di. As suas palavras estám cheias de coragem, de ganas de luitar pola visibilizaçom dumha realidade que, ainda que em grande medida oculta, é a de muitas pessoas que trabalham a cada dia por e para o rural galego. E, como se nom através da música e do trabalho em comum se ia poder abrir umha janela cara a umha diversidade tam real como enriquecedora? Assim nasce o Son Labreg@, um festival que pretende ser a voz dum modelo económico alternativo ao neoliberalismo e dum rural vivo e diverso.
As sexualidades nom normativas costumam visibilizar-se como algo externo, vinculado às grandes urbes e fruito da 'modernidade', quando no rural sempre existiu
No campo das diversidades, o Son Labreg@ tem muito a dizer. “Fai muito finca-pé nesta realidade e trata sempre de visibilizá-la, gerando espaços de confiança onde as pessoas poidam expressar-se livremente”, destaca Álvarez. “Pretendemos socializar a ideia de que no rural sempre houvo sexualidades nom normativas e, sobretodo, queremos fugir da cousificaçom identitária que os meios de comunicaçom, de forma orquestrada e para o interesse do capital, figérom das sexualidades nom normativas, onde o meio rural nom tem cabida”, acrescenta. Neste sentido, a situaçom do rural galego e, dentro dela, a das sexualidades nom normativas, passa por ser apenas umha sombra na chamada agenda setting que imponhem os grandes meios de comunicaçom. “As sexualidades nom normativas costumam visibilizar-se como algo externo, vinculado às grandes urbes e fruito da ‘modernidade’, quando no rural sempre existiu, e achamos é hora de ajudar a melhorar a qualidade de vida no rural de todas as pessoas, já que somos plenamente conscientes do que para umha pessoa supom ter de silenciar-se e invisibilizar-se numha questom tam vital e importante como a sua sexualidade”, explica Álvarez. Deste modo, o entorno do cinema Palleiriso de Chantada abriu-se mais umha vez o passado 22 de setembro a um público sedento de uniom, solidariedade e aceitaçom, que encontrou neste espaço a melhor via para tecer redes entre as labregas e o resto da sociedade, mostrando dumha forma lúdica umha realidade tam tradicional como inovadora, que compreende vários projetos agro-ecológicos que se estám a desenvolver por todo o país.
Nos últimos anos surgírom muitas em tudo o país que pretendem visibilizar estas realidades e pôr em valor os recursos naturais e as possibilidades que tem o agro galego, mas deveríamos coordenar-nos mais entre as que luitamos em chave feminista e agro-ecológica
Assim, o festival puido mostrar às assistentas as ideias das pessoas que dérom o passo de incorporar-se à vida agrária com projetos dumha grande visom social, com o objetivo de construir umha sociedade soberana. Também pujo em valor várias iniciativas culturais vinculadas à atividade agrária e à recuperaçom e posta em valor da cultura tradicional denunciando, ademais, a precária situaçom de muitos lugares do rural galego. “A situaçom do rural galego é de despovoamento e abandono”, salienta Álvarez. “Lugo e Ourense som as mais afetadas e ali pode-se ver a quantidade de aldeias abandonadas que há, ou como em muitas delas nom fica nem atividade agrária, nem gente nova. Existe, também, um abandono sistemático por parte da administraçom cara ao rural, já que nom se investe em melhorar infraestruturas e eliminar-se serviços básicos como a atençom sanitária e a educaçom”, assegura. “Atualmente existe a urgência dumha ambiciosa política de relevo geracional no agro. Nom se estám a gerar políticas que de verdade fagam atrativo permanecer na exploraçom familiar ou que as moças poidam aceder às terras para poderem trabalhá-las, dispondo dos serviços mínimos necessários para levarem umha vida digna. Da administraçom apenas se favorece o abandono paulatino destas zonas para que fiquem concentradas em menos maos, dedicadas à produçom agrária que demandam as grandes empresas agro-alimentarias e nom dedicadas ao que, como nós entendemos, devem estar orientadas as terras produtivas que é, por umha banda, gerar um meio rural vivo e, por outra, produzir alimentos de proximidade. Melhorando desta forma a qualidade dos produtos para o consumidor e gerando maior riqueza e mais possibilidades no meio rural para nom depender dos interesses que marcam os grandes capitais, organizados através da OMC ou do FMI, que procuram eliminar a pouco e pouco a capacidade dos povos de todo o mundo de construírem a sua soberania alimentária”, conclui.
Mas o Son Labreg@ nom está só. O festival Agrocuir da Ulhoa celebrou o passado mês de agosto a sua quinta ediçom, da mao do mesmo coletivo que lhe dá nome. O seu objetivo nom é outro mais do que visibilizar um rural afetivo e sexualmente diverso e defender outros valores como a sustentabilidade, o respeito ao património material e imaterial e o ecologismo, com a defensa da diversidade social e natural. A cada ano, outras iniciativas saem à luz com o firme propósito de visibilizar estas realidades, para assim poder gozar dum rural sustentável, integrador, aberto ao mundo e, sobretodo, livre. Em 2017 Arçua acolheu a primeira ediçom do Foro LGTBI ‘O rural entende, fai-te ver!’, que, da mao do SLG, contou com aliadas doutras naçons, e no próximo mês de novembro a Coordenadora Europea da Via Campesina (ECVC) levará a cabo umhas jornadas sobre diversidade sexual na Galiza, com o fim de artelhar um trabalho conjunto entre todas as organizaçons labregas europeias e visibilizar a diversidade no mundo rural. “Este tipo de iniciativas já fôrom mais escassas do que som mas, ainda assim, seguem a ser insuficientes”, destaca Álvarez. Segundo ele, “é certo que nos últimos anos surgírom muitas em tudo o país que pretendem, dum jeito muito similar ao do SLG, visibilizar estas realidades e pôr em valor os recursos naturais e as possibilidades que tem o agro galego, mas também pensamos que, se quadra, deveríamos coordenar-nos mais entre todas as iniciativas que luitamos em clave feminista e agro-ecológica para poder ter um maior poder de incidência e trasladar as nossas reivindicaçons a toda a populaçom”.