Entrevista a Jordi Borràs, fotojornalista experto na ultra-direita
Que ambiente percebeste no começo do juízo?
Já tinha estado outras vezes em Madrid, e o que vivim, numha palavra, foi hostilidade. Em muitos sentidos. O primeiro dia havia muita expetaçom. Cheguei bastante cedo, como às sete. Já havia muitas pessoas e ainda que sabia que haveria algo de todo, a surpresa foi que como noventa por cento da gente era de Vox. Até o ponto de que eles repartiam os números para entrar à audiência pública, porque a polícia deu a eles. Havia hostilidade cara os familiares, e gritos de “traidor, golpista, filho da puta” quando chegavam os presos nas carrinhas, ou os encausados que nom estavam detidos… Até nos bares havia comentários, se sentiam falar catalám já che arqueavam a celha, bufavam… Fora do cordom policial havia gente da Falange e de Hogar Social Madrid. Reconhecêrom-me a tirar fotos de longe, e berrárom ameaças com o meu nome. Nada que nom viva aqui mas claro, alí a sensaçom é essa: hostilidade.
A presença da ultra-direita no juízo compromete o Estado?
Na história da ultra-direita em Espanha nos últimos quarenta anos, que só muda agora um pouco em terem presença institucional, há o que o historiador Xavier Casals chama de “presença ausente’: a capacidade da ultra-direita, com todo estar fora das instituiçons, de marcar a agenda política dos grandes partidos. Neste caso ademais encontramos um partido, até há um par de dias extra-parlamentário, que com as suas querelas como acusaçom particular conseguiu, de facto, pôr umha série de pessoas em prisom preventiva acusadas de delitos de rebeliom e sediçom.
Conseguírom marcar as agendas políticas e judiciais do Estado. E o que vemos agora? Que as posiçons se radicalizam: o PSOE quere ser Ciudadanos, sacando a passear ao Borrell e essas teorias de espanholismo ‘desacomplexado’, Ciudadanos quer ser a ala dura do PP ou de Vox mesmo, Vox é Vox, e o PP que também quer ser Vox. É dizer, que o sucesso da extrema direita viria ser mover cara a direita a centralidade política de todo o espetro de partidos. E isso realmente é um drama.