
Nas páginas deste mesmo periódico há meses que se vêm publicando artigos sobre as condições em que são desenvolvidos a militância e o sindicalismo desde o começo da pandemia da covid-19. Nada novo para o estudantado. As pejas que nos foram colocadas no passado ano acadêmico esgotaram o nosso tempo e as nossas forças, mas aparentemente não a nossa paciência. As estudantes sempre reconhecemos as dificuldades inerentes à gestão duma circunstância como a vivida, mas não por isso podíamos renunciar à crítica frontal das medidas tomadas pelos poderes universitários, cujas consequências sofremos sempre as mesmas.
Já neste ano, mais incerteza e mais incompetência. O alunado universitário tem-se organizado para denunciar via redes sociais a sua fartura pela má gestão, mas o agravo não cessa. Problemas com os horários, com a docência, alunas que cursam apenas um terço das aulas (por motivos de espaço) e devem seguir pagando a totalidade dos créditos, sistemas militares de controle para garantir a «responsabilidade individual» ao tempo que a TV nos mostra madrilenas sem máscara nas esplanadas dos bares. Indecência e sempre indecência. E a nossa precariedade não marchou, segue aí. Nunca ganhamos.
As estudantes não podíamos renunciar à crítica frontal das medidas tomadas pelos poderes universitários, cujas consequências sofremos sempre as mesmas
E como lutar contra isto? Desde há já meses o número permitido de não conviventes reunidas impede a celebração de assembleias, sem importar as medidas tomadas. E, se temos reuniões telemáticas, para pouco nos servem. Não podemos organizar manifestações para berrar a miséria, nem formar-nos e debater em palestras proscritas. Sempre com as suas normas, sempre sob as suas normas.
Por outra banda, o movimento estudantil galego arrasta ainda um processo que começou com o ano 2018 e que está a reconfigurar o painel de jogo por completo. A marginalização do círculo da Frente Popular Galega, encarnado no campo estudantil pela Asemblea Nacional das Estudantes Galegas (ANEGA), e a baixa massiva de militantes de Erguer evidenciam, pelos motivos que agacham, uma crise geral de cuidados no seio do sindicalismo juvenil. Cumpre uma reformulação que coloque os cuidados no centro da agenda e da vida política das estudantes, e que não atenda a hierarquias nem a dominações. É o único caminho que queremos; por isso, entre outras cousas, estamos nós aqui.
Este é o quadro em que temos de enfrentar a militância agora mesmo, e estamos conscientes da dureza com que se nos apresenta. Porém, essa dureza estimula-nos mais ainda e convida-nos a seguir lutando, longe de abaixar o nosso ânimo ou sugerir-nos o abandono. A construção nacional e o processo de libertação devem ter, como historicamente tiveram, uma frente aberta na universidade, e é necessário que a tenham também cada vez mais no ensino secundário e na formação profissional (duplamente na segunda, por ser estudantil e laboral), que as moças se conscientizem já sendo novas e combatam a precariedade sem se conformarem, lá onde forem. Porque as que vierem depois delas hão-lhe-lo agradecer.
As estudantes independentistas seguimos adiante!