A mobilizaçom das pessoas pensionistas conseguiu que em finais de setembro o Pacto de Toledo acordasse recuperar a atualizaçom anual das pensons segundo o Índice de preços no consumo (IPC). Este acordo é a primeira vitória dum movimento popular no Reino de Espanha (RE) desde o estouro da crise financeira global (CFG), mas, para se materializar, o movimento das pessoas pensionistas deve continuar a sua mobilizaçom. Ao mesmo tempo, o deficit do sistema de Segurança Social (SS) continua a aumentar. Para o corrigir, haverá que subir os salários, especialmente os mais baixos, e aproximar a capacidade de cobrança de impostos da média europeia.
Depois de dez anos, o poder na defensiva
Os poderes capitalistas aproveitárom a CFG para radicalizarem a ofensiva neoliberal. Aprovárom cortes em serviços públicos essenciais: saúde, educaçom e dependência; impugérom umha reforma laboral que buscava, e conseguiu, debilitar a capacidade de negociaçom das organizaçons sindicais para baixar os salários 20%; transferírom a carga do resgate da banca privada para o sector público, mediante umha gigantesca socializaçom das perdas; privatizáron as caixas de aforro, que poderiam ser o germolo dumha Banca Pública Galega. Para aplicar estas políticas anti-sociais limitárom a liberdade de greve, promulgárom a conhecida como «Lei Mordaça», e intensificárom a repressom sobre o sindicalismo. A ofensiva semelhava imparável. Em janeiro de 2018, Fátima Bánhez remeteu umha carta às pessoas pensionistas a anunciar umha suba de 0,25%. Foi interpretada como um insulto, milhares ocupárom ruas e praças, e em poucas semanas a mobilizaçom fijo recuar duas vezes o poder. O governo anunciou, primeiro, que as pensons mais baixas subiriam 3%. A mobilizaçom intensificou. Em poucos dias, M. Rajoy aceitou umha suba geral igual ao IPC. Imediatamente, o BCE, o FMI e a CE criticárom esta cedência.
O avanço nom é definitivo
A continuidade da mobilizaçom resolveu as dúvidas do PSOE e obrigou PP e Cs a se moverem em contra dos seus princípios, o acordo no Pacto de Toledo foi unánime, as pensons subirám cada ano tanto como subir o IPC. O avanço, porém, nom é definitivo. O acordo deve ser ainda transformado numha modificaçom legislativa. Por outra parte, o movimento das pessoas pensionistas defende a derrogaçom das reformas de 2011 e 2013. A primeira, aprovada polo Governo de Rodríguez Zapatero, atrasou a idade de jubilaçom até os 67 anos. A segunda, promovida por Mariano Rajoy, criou os fatores de sustentabilidade e revalorizaçom das pensons e eliminou o vínculo entre atualizaçom das pensons e IPC.
Dous blocos sociais defrontam-se. Dum lado umha coligaçom reacionária articulada ao redor do PP e Cs, a que se incorpora Vox. Doutro lado, dous grandes movimentos sociais: o das pessoas pensionistas e o movimento feminista, com a grande eclosom de março. Os signos de reativaçom da luita das classes trabalhadoras som incipientes. No RE, as mobilizaçons da Kellis, os conflitos da Deliveroo ou da Amazon. Na Galiza, trabalhadoras da Berskha, auxiliares da construçom naval em Ferrol, trabalhadores da Frigolouro, convénio coletivo das trabalhadoras de congelados do mar. Se o cimento que une o bloco conservador é a defensa da unidade de Espanha, o seu projeto é intensificar o ataque contra os direitos laborais e sociais. A vanguarda do movimento em defesa do sistema público de pensons tem plena consciência da necessidade de continuar a mobilizaçom. A confluência com o movimento feminista e com o rexurdimento do movimento operário permitiria enfrontar a ofensiva reacionária. Nada está decidido.
Um problema de receitas
Desde o ano 2011, as receitas por cotizaçons sociais nom som suficientes para pagar as pensons. O deficit chegou no ano 2017 a 18.800 milhons de euros, cerca de 1,7% do PIB. As despesas com pensons no Reino de Espanha nom som excessivas, estám ligeiramente abaixo da média da UE e dos 15 primeiros Estados-membros,
2016 | Despesas com pensons % PIB |
Uniom Europeia — 28 | 12,62% |
Uniom Europeia — 15 membros | 14,11% |
Reino de Espanha | 12,57% |
Portanto, o problema está do lado das receitas. As principais causas da insuficiência de receitas som: 1) a alta taxa de desemprego, 2) a baixa taxa de atividade feminina, 3) a queda dos salários, 4) as bonificaçons e deduçons à contrataçom e, 5) o nom pagamento das horas extraordinárias.
A taxa de desemprego no RE nom baixa de 15%, quase 3 milhons e meio de pessoas nom tenhem emprego. A taxa de atividade feminina continua a ser 10 pontos inferior à masculina, trabalham 1,7 milhons de mulheres menos que homes. Se tivermos em conta o trabalho a tempo parcial e as pessoas que nas estatísticas oficiais figuram como empregadas, mas que alternam contratos de mui curta duraçom com períodos de desemprego, o número de trabalhador@s potenciais supera os 6 milhons. As suas cotizaçons fariam que o deficit mudasse rapidamente para superavit. O problema está numha política económica que condena umha parte importante das classes trabalhadoras ao desemprego ou o subemprego.
A reforma laboral de 2012 tinha como objetivo declarado baixar os salários em 20%. Conseguiu-no. A queda da participaçom dos salários no PIB que se vem produzindo desde o início da contra-revoluçom conservadora, e que já reconhecem os organismos de governo da economia capitalista mundial e europeia, acelerou-se. A reforma de Mariano Rajoy roubou 42 mil milhons de euros à classe trabalhadora, dos quais quase 9 mil milhons seriam cotizaçons sociais.
Evoluçom remuneraçom total assalariadas a respeito do PIB (milhons de euros e %) | ||
Ano | 2009 | 2017 |
RTA/PIB (%) | 50,89% | 47,29% |
Diferença com 2009 (%) |
| ‑3,61% |
Perda RTA |
| 41.962 |
Perda cotizaçons sociais (aproximada) |
| 8.691 |
Elaboraçom própria a partir de INE, Contabilidad Nacional de España, consultado 17-IV-2018 |
Para, supostamente, promoverem o emprego os governos do PSOE e do PP criárom múltiplas modalidades de contrataçom com bonificaçons e deduçons nas cotizaçons sociais que reduzem as receitas da SS. Segundo um estudo do sindicato CCOO, a perda de cotizaçom supera os 3 mil milhons de euros anuais. Por último, 44% das horas extraordinárias nom som pagas, polo que tampouco cotizam.
Estes 5 fatores reduzem as receitas por cotizaçons. No entanto, deve considerar-se a possibilidade de completar as receitas da SS com dinheiro proveniente dos impostos como se fai noutros Estados da UE. Neste sentido a margem é amplíssima. O RE arrecada em impostos uns 80 mil milhons de euros menos do que o faria achegando-se à media da UE.
Território | Cobrança fiscal (% PIB) | Diferença (% PIB) | Diferença (milhons €) |
EU-28 | 44,7% |
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|
RE | 37,7% | ‑7,0% | — 81.456 |
Elaboraçom própria, PIB 2016: 1.1185.522 milhons €, INE |