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Por um rural sustentável, por um rural com futuro

por
Laura Hughes

Di a fí­sica e fi­ló­sofa in­di­ana Vandana Shiva que o grande reto a que nos en­fren­ta­mos, em chave eco­ló­gica, é su­pe­rar a nossa pró­pria es­tu­pi­dez. Di-se tam­bém desde o mo­vi­mento al­ter­mun­dista: “pensa glo­bal­mente, atua lo­cal­mente”. Com es­tas duas pre­mis­sas na mente, re­fli­ta­mos no que te­mos que fa­zer para cui­dar a terra de agora em di­ante. E quando fa­la­mos de cui­dar a terra nes­tes tem­pos de mu­dança cli­má­tica, fa­le­mos do que re­al­mente te­mos que mu­dar para dei­xar de po­luir e nom do que nos ve­nha me­lhor fa­zer em fun­çom dos nos­sos in­te­res­ses pes­so­ais. Nom se trata de re­ci­tar a Pondal e de es­cu­sar-nos dumha ma­neira fal­se­ada numha Galiza tra­di­ci­o­nal es­tru­tu­rada ao re­dor da pro­du­çom do gado, que ade­mais nunca tal foi (con­sul­tar o di­ci­o­ná­rio de Pascual Madoz, de 1845, para da­dos precisos).

Já sa­be­mos quais som os prin­ci­pais cau­san­tes da mu­dança cli­má­tica: a nossa de­pen­dên­cia do uso dos de­ri­va­dos do pe­tró­leo (plás­ti­cos, trans­por­tes, in­dus­trias…) e a agri­cul­tura ani­mal e tudo o que traz con­sigo: gran­des quan­ti­da­des de emis­sons de gás me­tano, con­sumo in­sus­ten­tá­vel de re­cur­sos na­tu­rais, des­flo­res­ta­çom, perda de bi­o­di­ver­si­dade, po­lui­çom da água, do­en­ças re­la­ci­o­na­das com o con­sumo de ani­mais (va­cas to­las, Covid-19 etc.) e ade­mais muito, muito so­fri­mento ani­mal. Com as cau­sas acima da mesa, a so­lu­çom fica bem fá­cil, um bom co­meço se­ria: dei­xar de voar em aviom e le­var umha di­eta vegetal.

Os prin­ci­pais cau­san­tes da mu­dança cli­má­tica som a nossa de­pen­dên­cia do uso dos de­ri­va­dos do pe­tró­leo (plás­ti­cos, trans­por­tes, in­dus­trias…) e a agri­cul­tura ani­mal e tudo o que traz consigo.

Mas na Galiza ru­ral atual em que os ani­mais des­ti­na­dos a con­sumo hu­mano su­pe­ram em muito o nú­mero de pes­soas em cada al­deia, onde pre­do­mina o cul­tivo de mi­lho para gado, eu­ca­lip­tos e pasto, sur­pre­en­den­te­mente quem é cul­pado de ar­rui­nar o ru­ral é pre­ci­sa­mente quem me­nos culpa tem: a fauna sel­va­gem. E é cá quando eu, que vivo e tra­ba­lho no ru­ral, lem­bro as pa­la­vras de Vandana Shiva. O pro­blema é que como so­ci­e­dade es­ta­mos a pôr o di­nheiro por cima da vida. E quem im­pujo este mo­delo de ru­ral nom vai per­mi­tir que nada mude por­que nom está dis­posto a dei­xar de ga­nhar um peso.

E neste con­texto de “mu­dar” para nom mu­dar, fala-se, como so­lu­çom à crise cli­má­tica, de mu­dar a ga­na­da­ria in­ten­siva por umha ga­na­da­ria ex­ten­siva eco­ló­gica ou em ex­plo­ra­çons fa­mi­li­a­res. Sem ne­gar que nom emite o mesmo que a pri­meira quanto a gás me­tano, sim se­ria le­tal quanto a perda de bi­o­di­ver­si­dade pola ne­ces­si­dade de su­per­fí­cie de pas­tos. Nom é um mo­delo viá­vel. Aliás, num pla­neta (lem­bre­mos: “pensa glo­bal­mente, atua lo­cal­mente”) onde so­mos 7.700 mi­lhons de per­soas a de­man­dar carne… Quantos pla­ne­tas Terra pre­ci­sa­ría­mos para abas­te­cer toda a po­pu­la­çom, se só no caso do va­cum se ne­ces­sita 1ha de pasto por cada vaca? Agás, claro, que o que se bus­que para o nosso ru­ral seja se­guir sendo umha co­ló­nia pro­du­tora, neste caso, de carne e leite “eco­ló­gi­cos” para paí­ses mais de­sen­vol­vi­dos… em lu­gar de bus­car a so­be­ra­nia ali­men­tar e de eli­mi­nar a fome no mundo.

Mudar a ga­na­da­ria in­ten­siva por umha ga­na­da­ria ex­ten­siva eco­ló­gica ou em ex­plo­ra­çons fa­mi­li­a­res se­ria le­tal quanto a perda de bi­o­di­ver­si­dade pola ne­ces­si­dade de su­per­fí­cie de pastos.

Mas fo­ca­li­ze­mos so­lu­çons re­ais a pro­ble­mas re­ais. Precisamos um ru­ral onde cul­ti­ve­mos, em eco­ló­gico, li­nho e cá­nhamo para ves­tir e co­mer, trigo an­ces­tral ga­lego, ce­vada, mi­lho, soja, fa­vas, cen­teio, mi­lho miúdo e aveia para con­sumo hu­mano e nom aca­bar, as­sim, com a bi­o­di­ver­si­dade. Além de man­ter e de apoiar a nossa horta: to­ma­tes, re­po­los, lei­tu­gas, couve-flo­res, pa­ta­cas, fei­jons, ber­ças, fru­tas, cas­ta­nhas e co­gu­me­los. Precisamos umha Galiza ve­gana e po­pu­lar se que­re­mos um ru­ral sus­ten­tá­vel, um ru­ral com fu­turo. Seremos quem de re­a­gir como pes­soas res­pon­sá­veis para re­ver­ter este de­vir cli­má­tico ou dei­xa­re­mos-nos ir “vi­vendo como galegos”?

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