Numa sociedade dividida em classes e baixo a opressão como povo, onde faltam postos de trabalho e vivenda digna, onde a migração económica sangra a nossa terra, com pobreza económica e energética, exploração laboral, cortes em saúde e educação e os nossos recursos naturais sendo espoliados, as “condições objetivas” para uma greve geral indefinida ―e mesmo para uma revolução― estão mais que justificadas. Como dizia o especialista em contra-insurgência Thomas McKaitis, em termos gerais todas estas condições “podem motivar a gente para aceitar ou mesmo apoiar ativamente os insurgentes”.
O problema que temos para fazer uma greve geral que seja um êxito são as “condições subjetivas”. Nessas condições é onde as classes exploradoras põem todo o esforço para neutralizar a nossa força revolucionária. Através dos meios de comunicação e dos partidos da burguesia disparam diariamente informações e propaganda que falam de recuperação económica, governos progressistas, etc. e que criam um clima de confusão e divisão.
Mas não podemos esquecer o papel que jogam tanto as direções de partidos que dizem representar as classes trabalhadoras, como as direções dos sindicatos que esqueceram o caráter de classe das suas organizações. Aqui é onde a greve geral se converte, não numa das ferramentas mais importantes da classe obreira, senão numa ferramenta para os interesses da pequena burguesia e da aristocracia obreira, ao serviço da direção dos partidos da esquerda institucional que o que pretendem é seguir mantendo o seu status e conseguir umas migalhas para justificar o seu papel.
Assim é como estas direções de partidos e sindicatos, em lugar de trabalhar seriamente na construção das “condições subjetivas”, colaboram no discurso do poder com consignas como “não é o momento”, “agora há um governo progressista”, “a gente não está preparada”, e muitas mais frases que conhecemos bem e que contribuem à desmobilização e ao desprestígio dessas organizações. Se for preciso também convocam uma greve geral dum dia, mas sem nenhuma convicção, fazendo um trabalho desleixado e ficando num ato simbólico que só serve para a galeria.
Mas apesar de traições e reformismos, não podemos cair na desesperança, o povo trabalhador galego sempre mostrou o seu caráter combativo e revolucionário. Baixo a direção dum Partido e de organizações de massas verdadeiramente revolucionárias, fazendo um trabalho sério e organizado, explicando bem as “condições objetivas” e entendendo as contradições, poderíamos fazer uma greve geral indefinida até a República Socialista Galega. As nossas companheiras e companheiros em 1931 ensinaram-nos que uma greve nos pode levar à República Galega. Ainda que curta, é um exemplo do que aprender e seguir, estudando os nossos erros e derrotas, conhecendo o nosso inimigo e atrevendo-nos a lutar sem medo. A rebelião está justificada!