As nossas rádio e televissom públicas levam anos no ponto de mira pola descarada manipulaçom política, a baixa qualidade dos seus conteúdos, a repressom das vozes dissidentes ou os constantes incumprimentos dos direitos laborais das suas trabalhadoras. As jornadas de protesto organizadas pola plataforma ‘Defende a Galega’ superam já as 200 semanas com o firme objetivo de que a corporaçom cumpra a sua funçom de serviço público. Entretanto, acumulam-se as sentenças judiciais que destapam as práticas da direçom, a última reconhecendo a existência de persecuçom política contra as trabalhadoras que se rebelam frente a indignidade.
No passado mês de junho a Corporaçom de Rádio e Televisom de Galiza (CRTVG) era condenada em firme por persecuçom ideológica contra o jornalista Carlos Jiménez, trabalhador da Radio Galega. A corporaçom decidia nom apresentar recurso perante o Tribunal Supremo, última via que ficava aberta, e confirmava-se assim a condena que o Tribunal Superior de Justiça de Galiza (TSJG) ditara em maio. A justiça estabelece que a CRTVG está obrigada pagar a Jiménez os salários que lhe deve por estar sancionado e indemniza-lo por danos e prejuízos.
No texto do ditame, redigido em primeira instância polo Julgado do Social número 1 de Compostela e validado de jeito íntegro polo TSJG, considera-se acreditado que a direçom da CRTVG sancionou ilegalmente o jornalista, a quem abriu expediente em 2018 alegando umha falta grave por incumprir normas relativas à compatibilidade laboral.
A justiça reconhece assim o que Jiménez denunciou desde o início: a razom das represálias da CRTVG contra ele nom é outra que o seu apoio às ‘sextas-feiras negras’ com as que as trabalhadoras da corporaçom venhem denunciando a manipulaçom informativa, a persecuçom ideológica e diversos incumprimentos legais da rádio e televisom públicas. Graves denúncias que a vitória judicial de Carlos Jiménez vem a reforçar, convertendo-se numha mostra dos muitos casos semelhantes que as trabalhadoras nom deixam de fazer públicos nos últimos tempos.
A justiça reconhece represálias da CRTVG por apoiar as ‘sextas-feiras negras’ com as que as trabalhadoras da corporaçom venhem denunciando a manipulaçom, a persecuçom ideológica e diversos incumprimentos legais da rádio e televisom públicas
Há já mais de quatro anos, o 25 de maio de 2018, produzia-se a primeira ‘sexta-feira negra’, jornadas de protesto que este mês chegam às 219 semanas, demonstrando assim a perseverança e resistência de umhas trabalhadoras decididas a lutar até o fim pola dignidade do ente público.
A desapariçom do formato tradicional do histórico ‘Diário Cultural’ ou das desconexons locais da Rádio Galega eram só alguns dos retrocessos que se estavam a produzir naquela altura. Um mês antes, as trabalhadoras da Rádio Televisom Espanhola (RTVE) decidiram protestar vestindo de negro nas sextas-feiras, e desde a CRTVG, organizadas na plataforma ‘Defende a Galega’, decidirom apoia-las e emular o seu método de mobilizaçom.
“Por umhas televisons públicas independentes, em solidariedade com os companheiros de TVE (as suas demandas som as nossas demandas) e por um Conselho de Informativos para a CRTVG. Sexta-feira negra também na TVG”. Esta foi a mensagem com a que várias jornalistas figérom público o seu apoio à iniciativa aquele 25 de maio. Tati Moyano e Alfonso Hermida fôrom duas das apresentadoras que se expressárom assim em redes sociais. Menos de um mês depois, demitiam-se como condutoras do ‘Telexornal Serán’ por “razons profissionais” e “discrepâncias com a linha informativa”.
Demandas sem resposta
Nestes quatro anos passados desde que o mal-estar das trabalhadoras dos médios públicos começara a manifestar-se diante do seu público com o símbolo da vestimenta de loito, as suas demandas continuam sem ser atendidas e os motivos para o protesto som cada vez mais. Algumhas das questons que reclamam desde ‘Defende a Galega’ levam mais de umha década na agenda e tenhem a ver com a aplicaçom da lei dos médios públicos de Galiza de 2011. Desde entom, a norma aprovada polo Parlamento galego nom se aplicou no tocante à aprovaçom do Estatuto Profissional das trabalhadoras da CRTVG, ao papel do Conselho de Informativos ou à escolha por maioria reforçada da direçom geral da companhia.
Algumhas das questons que reclamam desde ‘Defende a Galega’ levam mais de umha década na agenda e tenhem a ver com a aplicaçom da lei dos médios públicos de Galiza de 2011
À frente da CRTVG está desde 2009, quando o Partido Popular de Feijóo conseguiu chegar ao poder, o jornalista Alfonso Sánchez Izquierdo. Escolhido diretamente desde a Junta aproveitando a legislaçom entóm vigente desde 1984 e eficiente executor da vontade do PP nos médios públicos galegos, Izquierdo encarna na súa polémica figura o enquistamento dos conflitos que minam a CRTVG. Umha emenda à lei de 2011 aprovada polo PP em 2015 permite a sua permanência no cargo indefinidamente, a pesar da forte rejeiçom que o seu labor provoca nas trabalhadoras e em toda a oposiçom política.
A sentença favorável a Carlos Jiménez, pola sua contundência no reconhecimento da existência de repressom ideológica contra as jornalistas do ente público, deveria ter consequências para a direçom, como reclamam as trabalhadoras e o comité da CRTVG, mas nom parece que vaia ser assim. A de Jiménez nom é a primeira derrota judicial da companhia. A CRTVG acumulas sentenças favoráveis às trabalhadoras nos julgados do Social, evidenciando o seu nulo respeito polos direitos laborais do seu quadro de pessoal.
O direito à greve é outro que a corporaçom vem conculcando reiteradamente. Em 2020 o Tribunal Supremo confirmou a sentença do TSJG na que se reconhecia como pouco antes do início das sextas-feiras negras, com motivo do 8 de março de 2018, a CRTVG praticara o que o tribunal definia no ditame como um ato de fura-greves interno: a substituiçom de trabalhadoras que se mobilizaram na greve feminista em postos além dos serviços mínimos, como o caso da apresentadora do ‘Galicia Noticias’, Marga Pazos. A jornalista, que sempre apoiou as sextas negras, seria outra das represaliadas pola direçom, que a afastou das suas funçons de redatora.
O modelo de gestom nos meios públicos de Feijóo parece que vai ficar imutável. O controlo político, a manipulaçom, a repressom ou a precariedade ameaçam com seguir a destroçar a rádio e a televisom publicas galegas, mas as trabalhadoras, como até agora, nom vam render-se
Tentar rebentar as greves é umha prática habitual da corporaçom, e o novo presidente da Junta de Galiza, Alfonso Rueda, é garantia de continuidade destas políticas: pouco depois da sua chegada à presidência a Junta estabeleceu uns serviços mínimos claramente abusivos para os paros convocados em abril e maio. Com Feijóo marchárom a Madrid a sua mão direita e fiel secretaria geral de Médios, Mar Sánchez Sierra, ou o membro do conselho da CRTVG Luis de la Matta, mas o seu modelo de gestom dos médios públicos parece que vai ficar imutável. O controlo político, a manipulaçom, a repressom ou a precariedade ameaçam com seguir a destroçar a rádio e a televisom públicas galegas, mas as trabalhadoras, como até agora, nom vam render-se.
O futuro da corporaçom, a debate
O sábado 1 de julho a Casa Obreira de Compostela acolheu umha jornada de debate e reflexom sobre a situaçom da CRTVG. Organizado pola Central Unitária de Trabalhadoras (CUT), sindicato maioritário no comité da corporaçom, o encontro desenvolveu-se baixo o título de “Liberdade de expressom e igualdade. Umha CRTVG ao serviço do povo”.
No local de Sar juntárom-se vozes procedentes de diversos âmbitos, que pugérom em comum os seus diagnósticos da situaçom crítica que atravessam os médios públicos galegos e as suas propostas de soluçons e medidas que permitam corrigir o rumo da corporaçom para pô-la ao serviço da audiência à que se deve pola sua natureza pública.
O encontro dos diferentes setores deixou como conclusom, mais umha vez, que as eivas da CRTVG abrangem desde o âmbito laboral até aspetos relativos à qualidade dos conteúdos
A jornada dividiu-se em quatro mesas, coordenadas por jornalistas: ‘A garantia da liberdade de expressom é umha tarefa de todas’, ‘Por uns médios públicos feministas’, ‘Controlo parlamentário e deontológico da manipulaçom informativa’ e ‘Fiscalizaçom sindical e social dos mmédios públicos’. Nelas participárom coletivos como ‘Defende a Galega’, o Colégio de Jornalistas, Esculca ou Jornalistas Galegas, representantes do BNG e do PsdeG na Comissom de Controlo da CRTVG, e membras do Comité Intercentros da CRTVG ou do Conselho de Informativos de CRTVE.
O encontro dos diferentes setores deixou como conclusom, mais umha vez, que as eivas da CRTVG abrangem desde o âmbito laboral até aspetos relativos a qualidade dos conteúdos, fazendo cada vez mais urgente mudanças contundentes na corporaçom que permitam que cumpra o seu cometido como serviço público.