
Tenhem entre sessenta e oitenta anos e um objetivo comum, a criaçom dum Centro de Dia para maiores em Rianjo. Para defender a sua reivindicaçom, meio cento de pessoas ocupam a sala de plenos do concelho desde há mais de dous meses. A parede está repleta de papéis onde figuram as turmas de cada dia, faixas em que apelam à dignidade da vila e mesmo escritos como o chamado como ‘Rap do centro de dia’ ou o ‘Hino da Dignidade’. Embora ter que dormir com os colchons no chao e sem ar acondicionado, as maiores apelam à sua resistência: “Vamo-lo conseguir sim ou sim”, sustenhem sem deixar o mais mínimo oco à dúvida. Falamos com María Xosefa Comojo, mais conhecida como ‘Cheché’, umha das impulsoras da Plataforma Centro de Dia para Rianjo.
Como surdiu a ideia do feche?
A solicitude dum Centro de Dia para Rianjo levamo-la fazendo desde fai mais de doze anos e chegou esse momento em que decidimos que isto nom podia seguir assim. Ao princípio pensamos em fazer algo em Compostela mas achamos que o feche é mais efetivo. Ademais o domingo fazemos manifestaçons coincidindo com a feira local. Como pudérom permitir desde a Junta que botáramos aqui todo o verám?
Que argumentam do Governo galego para nom aceitar vossa petiçom?
Apelam ao critério de comarcalizaçom dos Centros de Dia. Há umhas 14 pessoas que som derivadas a Dodro e leva-lhes hora e meia ir e outro tanto volver no autocarro. Se bem que o critério é o da comarcalizaçom deveriam apontar que Dodro é da comarca do Sar e nom do Barbança, como Rianjo. Aqui temos 12.000 habitantes e um quarto da nossa populaçom tem mais de 60 anos. O nível de populaçom idosa é mui elevado e queremos envelhecer no nosso concelho ao carom das nossas pessoas.
Pessoas maiores que reivindicam um Centro de Dia através dum feche. Nom resulta mui duro?
"A Junta apela às vagas livres perto de nós para nos negar um centro de dia, mas a sua má gestom nom é responsabilidade nossa"
Isto tinham-no que liderar as pessoas mais novas para proteger as suas avós! Por estas cabeças que vês passou a emigraçom, mortes no mar… E como che compensam? Há quem perdeu a sua casa! Quando és nova proteges o teu corpo polo prazer que che provoca e quando és maior pola dor que che pode produzir. E agora, que che importa que doa um pouco mais! É mui duro. Há que subir e baixar as escadas porque o elevador está fechado pola tarde. À gente doem-lhe os ossos mas a Junta nom tem em conta essa dureza porque tenhem os tapetes bem acolchoados.
Quantas pessoas sodes?
Ao redor de 40 e vamos fazendo turmas. Às vezes somos vinte, outras duas… Chegamos a realizar algumha palestra onde nos juntamos mais de meio cento de pessoas. Isso sim, ao passar o verao aqui sem ar condicionado tivemos quatro lipotimias.
Contades com o apoio do concelho?
A alcaldia apoia-nos. De facto, no pleno do 27 de julho todas as forças políticas, incluído o PP, mostrárom-nos o seu apoio. Também passárom por aqui Ana Pontón e Xosé Luís Rivas “Mini”, do BNG; Luís Villares de En Marea; Iolanda Díaz de Esquerda Unida; ou Manuel Martín de SOS Sanidade Pública.
E na vila?
Contamos com o apoio social ainda que a geraçom mais moça ainda nom despertou. Confiamos nas nossas netas mas às vezes sentem-se coibidas. Sabes? Devem aprender a fazê-la comida, mas também a fazer a luita. Se fazemos ruído as maiores, imaginade se vamos com as nossas filhas!
A maioria de vós sodes mulheres…
(Apura a contestar antes de formular-se por completo a pergunta) Tendo em conta que na populaçom o 60 por cento som mulheres… Os homens que venhem também tenhem muito valor porque eles racham com duas barreiras, a de estar aqui e a do medo a que outros homens os ridicularizem polo feito de estar aqui. Tenhem um dobre valor.
Que tendes pensado fazer nos próximos dias?
A nossa reivindicaçom irá ao Parlamento da Galiza e manteremos o feche. Os sábados passamos o megafone por todas as paróquias e o domingo continuamos concentrando-nos. Tivemos umha reuniom com a delegaçom territorial da Junta na Corunha ao longo de duas horas e saímos tal e como entramos, com o nom. Dixérom-nos que tínhamos que conseguir 150 praças e nos pedimos-lhe que tenham mais seriedade. Se há centros com praças livres perto de nós nom é a nossa responsabilidade, nom podemos pagar a sua má gestiom.
Em Rianjo há sangue, fortaleza, dignidade. Temos Castelao, Manuel António, Dieste, que mais tem que ter esta vila para que nos deem o nosso? Quando foi do Prestige fôrom os nossos barcos os que impedírom que o chapapote entrasse na ria de Arouça, trabalhamos toda a vida para envelhecer junto as nossas pessoas, para volver à casa pola noite rodeadas das tuas. A velhice nom só te enruga a pele senom que nos fai invisíveis. A Junta está transmitindo que nom lhe importam nada os seus idosos.
(Umha das pessoas que formam parte do feche achega-se e di: “se nom temos Centro de Dia é porque esta alcaldia nom é do PP, se te fixas, o resto de concelhos do nosso lado som ‘pepeiros’ e tenhem o seu centro”). A ausência de serviços dependentes da Junta é umha constante?
"Até há dous anos nom tínhamos nem ambulância! Pensam que as velhas nom vamos ser fortes mas a velhez é saber o que queres nesta vida"
Ademais do Centro de Dia, precisamos dum centro onde fazer reabilitaçom já que para isso temos que ir a Boiro e aguardar listas de espera de oito meses. Que nos diferença doutras vilas? Até há uns dous anos nom tínhamos nem ambulância! Pensam que as velhas e os velhos nom vamos ser fortes mas a velhice é sabedoria, saber o que queres nesta vida.
Esta escassa valorizaçom dos cuidados é um reflexo da sociedade que construímos?
Um povo deve cuidar da sua gente, do caso contrário está condenado ao fracasso. O que pretende a Junta é externalizar os serviços. Falam da geolocalizaçom mas a mim nom me importa que me podam topar morta na leira. Queremos estar no nosso entorno, com as nossas familiares e as nossas amigas. Por isso também decidimos fazer um feche, porque nos permite sincronizar-nos, ser um corpo único, consolidar a interaçom e criar umha ampla família. Descobres os valores das tuas vizinhas e vizinhos, que nom estás soa e que isto nom é berrar e já se acabou. Neste feche todo o mundo está acompanhado e nenhuma pessoa é mais importante do que outra. Todo flui das nossas cabeças. A riqueza de um povo é a sabedoria da sua gente concentrada num grisalho das suas maiores, aquelas às que a Junta rejeita cuidar.