Sara Outeiral e Adrian Vazquez (Kave) som integrantes da coordenadora antifascista de Vigo, que leva quase um ano trabalhando e debatendo desde a pluralidade dos movimentos associativos. Combinamos no monte da Guia, onde o alcalde do PSOE, Abel Caballero, pretende impor com o apoio e o dinheiro da Deputaçom de Pontevedra umha gigantesca estátua do Sagrado Coraçom de Jesus. Este foi um símbolo empregado polo franquismo para perseguir a antifascistas e republicanos que luitavam por umha sociedade justa e democrática, contra o fascismo e a ditadura. Contra isto e muito mais, convocam mobilizaçom o sábado 26 de junho em Vigo, que sai às 20h da farola de Urzaiz.
Quando e por que nasce a coordenadora antifascista de Vigo?
K: Nascemos em agosto de 2020, logo da manifestaçom do ano passado, que foi o 28 de junho. Foi umha convocatória exitosa e apostamos por constituir-nos como coletivo.
S: Foi umha mobilizaçom em que se unírom forças, como figemos ao longo deste ano frente ao fascismo. Muita gente individual e distintos coletivos colheu o relevo de umha plataforma anterior, que era a coordenadora antifascista Vigo e Ponte Vedra, e que fixo convocatórias como a açom de repulsa ao ato de Vox no Auditório do Mar.
Que pontos comuns juntam as vossas vontades neste coletivo?
K: Somos umha coordenadora mui diversa e nas primeiras assembleias houvo bastante debate. Une-nos o antirracismo, a defesa do idioma e da cultura, o anticapitalismo mas também o veganismo, o transfeminismo ou a luita anticarcerária.
S: Noutros espaços da esquerda o papel da mulher sim que está igualmente num segundo plano, embora se denominem essas organizaçons como feministas, mas nesta coordenadora nom é assim. O grupo transfeminista tem um papel importante, já que as suas decisons se tenhem em conta e os homens assumem os acordos aos que se chega neste grupo de trabalho, e nom só queda em palavras, pois se traslada à atividade diária. Temos um protocolo de cuidados nas assembleias e aprovamos um protocolo de prevençom das violências machistas nos movimentos sociais, que vai ser o nosso guia.
Que finalidade tem o vosso trabalho como coordenadora?
K: O objetivo é combater o fascismo. Organizamo-nos em grupos de trabalho (finanças, transfeminista, memória histórica, higiene e limpeza de ruas de pintadas fascistas, jurídica). Queremos eliminar qualquer mural ou pintada fascista na nossa cidade, mas também simbologia e ruas que perduram ainda hoje em Vigo, e que venhem deste fio fascista do franquismo. Outro objetivo é parar os pés aos passos que está a dar o fascismo no nosso país. Ainda que na Galiza nom tem a força institucional nem na rua que tem noutras partes do estado, cremos que se deixamos fazer ao fascismo este pode medrar e o seu discurso fazer-se ouvir mais, como já comprovamos que está a passar.
S: Queremos que na nossa cidade nom se normalize o fascismo, que Vox apareça na rua de Príncipe ou no Calvário com os seus discursos de ódio e que isto nom deixe indiferente ninguém.
Que variou nos últimos anos para que agora seja precisa a organizaçom do antifascismo como tal na Galiza?
K: Mudou o discurso, já que nunca antes tivera voz nos meios de comunicaçom do próprio sistema umha defesa da ideologia do ódio tam evidente: xenófobo, machista, contra as naçons sem estado, contra as minorias, contra as línguas e sem paliativos. Sabíamos que isso existia, porque somos cientes da história do estado espanhol. Sabemos que aqui nom houvo umha rutura com o franquismo e que esses elementos estavam no Partido Popular, mas digamos que, dalgum jeito, estavam neutralizados ou nom se atreviam a difundir esse discurso.
S: O que mudou podemos exemplificá-lo com o caso de Pablo Hassél, já nom por umha questom ideológica, mas de liberdade de expressom. A realidade é que nom podemos expressarmo-nos como queremos, porque se o figermos isto teria consequências nas nossas vidas e liberdades, como lhe aconteceu ao rapeiro catalám. E nom todas as opinions sofrem as mesmas consequências, para o fascismo há impunidade.
É o estado espanhol um estado fascista?
K: Nas suas bases, sim. Quando a polícia, o exército e a justiça está liderada polas grandes famílias do franquismo, porque nom houvo umha depuraçom desse regime, essa base fascista está aí e esta-se a ver. Outra cousa é que a sua expressom, que se tivo que adaptar à Transiçom, detivo-se e agora este legado recolheu-no VOX, que representa umha burguesia que aposta por umha saída mais dura neste momento de crise. O antifascismo, que para nós é também luita de classes, tem que estar aí para parar essa parte da ofensiva da burguesia.
Onde se dá esta batalha no dia a dia?
K: Deveríamos dar essa luita nas escolas. Escuitas nas salas de aulas berros de “viva Espanha” e a rapazada a rir disso. Nom sabem nem o que significa, quanta gente que defendia este berro assassinou e torturou em nome do golpe do estado fascista. Por isso temos que luitar desde o simbólico nas ruas, atos nos institutos e sempre que haja presença física do fascismo nas ruas de Vigo fazer-lhes frente.
S: Semelha que agora a rebeldia é ser facha. Branquear estes discursos nos meios de comunicaçom é um gram problema.
“Semelha que agora a rebeldia é ser facha. Branquear estes discursos nos meios de comunicaçom é um gram problema”
Este ano repetides convocatória de manifestaçom em Vigo.
K: Leva o mesmo lema que o ano anterior, “uniom do povo antifascista” e acrescentamos “contra a repressom”. O estado aproveitou a covid para fazer leis punitivas e, apesar de que é umha crise sanitária, há cousas mais do que questionáveis. Escolhemos este lema porque vimos arrastando o problema da repressom desde há anos.
S: A pandemia parou o discurso que estava agendado e agora temos que retomar a palavra para que se escuitem as demandas da classe obreira.
“Desde a coordenadora estamos a aprender a trabalhar com outras e achegando ao coletivo, e é umha sensaçom que muita gente nom experimenta e deveria fazê-lo porque che cambia a visom do mundo, e sair do individualismo”
Por que é importante esta convocatória e esta aposta que realizades desde a coordenadora?
K: É necessário demonstrar em Vigo essa força antifascista. O fascismo está a aumentar, e queremos contar com o apoio de gente do resto de Galiza. Levamos duas crises continuadas perdendo direitos e liberdades, e o fascismo está presente neste momento para atacar-nos ainda mais. Desde a coordenadora estamos a aprender a trabalhar com outras e aportando ao coletivo, e é umha sensaçom que muita gente nom experimenta e deveria fazê-lo porque che cambia a visom do mundo, e sair do individualismo.
S: A mentalidade crítica é mui importante. Eu nom entenderia o meu dia a dia sem estar organizada, e convidamos a toda a gente a que participe da manifestaçom e a que se anime a trabalhar connosco.