A Rede Galega por um Rural Vivo é umha rede conformada por associaçons vizinhais de mais de dezasseis concelhos de toda a Galiza –ainda que esperam chegar a ser muitas mais–. O seu objetivo é atingir um marco legal mais justo para o rural e fomentar iniciativas que permitam que nom esmoreça. A todos os que participam une-os um denominador comum: serem vítimas de projetos eólicos abusivos que ameaçam a paisagem, as aldeias e os recursos económicos e de território da Galiza. Falamos com Jessica Rey, umha das vozes da Rede.
O que som os parques eólicos abusivos?
Som parques que na sua instalaçom ameaçam a paisagem, ao património –por exemplo castros, mámoas, dolmens – e ás aldeias, e portanto a vida das pessoas e dos recursos naturais. Por isso dizemos que som abusivos. Entendemos que nom todos os parques eólicos som daninhos, mais também sabemos de facto que nom existe nengumha planificaçom para a sua instalaçom. As empresas privadas, segundo o Plano setorial eólico, escolhem umha zona, marcam os seus eólicos, vem que nom contravenham a legislaçom, e com isso fam umha petiçom à conselharia. A conselharia contrasta que nom incumpram as leis –que som mui laxas e estám obsoletas– e pronto, o parque eólico constrói-se. mas nom há nemgum tipo de planificaçom. Com planificaçom referimo-nos a que, se houver necessidade dumha transiçom energética, que achamos que sim, o primeiro seria potencializar os parques eólicos que já existem. Neste momento só se estám a potenciar entre um dez e um quinze. Porém, estám-se a projetar mais do duplo dos que já há. Estamos a viver umha febre do eólico.
“Estám-se a projetar mais do duplo dos que já há. Estamos a viver umha febre do eólico.”
É dizer, que se estám a construir parques sem necessidade.
De facto, fazendo um cálculo e somando as potências de todos os parques eólicos projetados, Galiza vai a produzir três vezes a energia que necessita. Isto implica que a maioria da energia que vamos produzir nom vai ser para o nosso consumo, senom que vai ser para enviar fora, para alimentar outros centros de consumo. E quem som os grandes centros de consumo? As grandes cidades. Tanto é assim que é um fenómeno que acontece já a nível do estado espanhol. Há outras comunidades autónomas que também som sacrificadas em aras da produçom energética eólica. Agora mesmo com as petiçons que há no ministério produziria-se cinco vezes mais da energia que consume o estado espanhol. Evidentemente, isto nom tem nengum sentido lógico senom que tem um sentido especulativo. Tememo-nos que, se nom parámos isto, acabaremos tendo todo o horizonte da Galiza coberto de eólicos, e muitos deles nem tam sequer funcionarám porque nom haverá saída para essa energia. mas umha vez feita a desfeita, teremos umha paisagem destroçada, o território vendido, e o forte da nossa terra que é o nosso património natural e o nosso bem-estar, arruinados. Estas empresas tenhem a visom da Galiza como um gram parque industrial e assim o manifestam –por exemplo, Endesa na sua apresentaçom “Galicia, el gran parque industrial”–. E aproveitam-se do despovoamento, a desinformaçom e da situaçom atual de emergência climática que evita que as pessoas se oponham aos eólicos.
“A maioria da energia que vamos produzir nom vai ser para o nosso consumo, senom que vai ser para enviar fora, para alimentar outros centros de consumo”
Mais a rede nom se opom às energias limpas.
Evidentemente nom. Consideramos que esse tem que ser o caminho a seguir, o que passa é que se está a fazer de forma especulativa e mal. Nós, ademais de trabalhar por um marco legal justo para o rural, queremos estudar formas de produçom energética mais justas. As primeiras que se deveriam estudar seriam as relacionadas com a produçom e auto-consumo de energia, que é um tema mal regulado, é dificultoso e nom está para nada subvencionado. Essa é a forma mais sustentável de produçom de energia num país em que temos vento e temos luz. mas disso ninguém fala. Outra pata fundamental para umha transiçom energética boa é reduzir a eletricidade que consumimos. Todos os edifícios públicos deveriam ter o seu próprio subministro e deveriam estar desenhados para gastar o mínimo. E, do mesmo modo, deveria haver umha lei de vivendas que fomentá-se a construçom de moradas que consumissem pouca energia. Essa é a fórmula, nom seguir a destroçar toda a paisagem com eólicos e dizendo ás galegas que o fam por sustentabilidade quando nom é assim.
No rural já costuma haver problemas de emprego, e com a criaçom destes parques perdemos potencial económico, já que destroem a paisagem, acabam com muitos insetos polinizadores que som fundamentais para o meio, tampouco som bons para umha comunidade de montes…
E a Junta parece estar mais disposta a apoiar as empresas que as cidadás, nom é?
Totalmente. A Junta ademais está interessada em fazer todos estes projetos. Isto nom tem nengumha coerência porque, ao mesmo tempo que nom querem que fechem as térmicas –como manifestam reiteradamente–, também querem que todos os parques eólicos se instalem. Isto é ilógico e amossa que o único que lhes interessa é que muitas empresas internacionais se instalem na Galiza e produzam muito produto interior bruto, o que nom quer dizer que enriqueçam as pessoas. Há um dado mui interessante neste sentido. O concelho de Muras que é o que mais parques eólicos tem de toda a Galiza, tem um PIB dos mais altos do país –é dizer, nele se gera muita riqueza–, porém se vás mirar a sua renda per cápita, verás que está por baixo da media galega.
E num estudo do Observatório Eólico demostra-se essa falta de retorno económico.
Efetivamente. Mas nem sequer é cousa de entrar no debate da riqueza. Com certeza que onde se ponham os parques, todas as pessoas tenhem que ser justamente indemnizadas por igual: onde lhe cae o eólico e todos os terrenos arredor que perdem valor monetário. Mas nom é só cousa de indemnizar senom de analisar que o sistema é incorreto e pedir que ali onde se ponham os parques faga-se corretamente. O Observatório centra-se na parte monetária, mas nom fala dos problemas sociais e naturais que implicam os parques eólicos. No rural já costuma haver problemas de emprego, e com a criaçom destes parques perdemos potencial económico, já que destroem a paisagem, acabam com muitos insetos polinizadores que som fundamentais para o meio, tampouco som bons para umha comunidade de montes… Hai-nos que fazer, de acordo, mas fagamo-los com sentido, nom massivamente.
Se visitas o Registo Eólico da Galiza, verás que é como um gram sarampelo de parques. E se reparas, os projetos em processo superam os já existentes. E essa nom pode ser a fórmula.
Somos conscientes de que há umha desestruturaçom do rural. Trabalham para que desapareçam a cultura e relaçons sociais e económicas das aldeias, fomentando só a instalaçom de multinacionais que vam em contra da vida no campo.
Também parece irónico que falem de que o rural se vazia e, ainda contodo, dediquem-se a destruí-lo.
Penso que quando falam de despovoamento do rural simplesmente é um discurso, um lema, mas nom se dam formas efetivas de paliar os problemas. E é porque nom se potenciam empresas familiares locais que tenham como base o campo ou o monte ou outras formas de produçom úteis para as aldeias. Fam-se jornadas e campanhas de imagem, mas na hora da verdade, para quem vivemos nas aldeias nom se fai nada. Nom há soluçons boas nem vigilância de que se compram as leis que já existem. Se fosse assim, nom passaria o que está a passar. Na rede centramo-nos nos eólicos porque foi o que nos uniu, mas coincidimos em que o rural sofre um espolio constante doutras muitas formas: aí estám As Encrovas, as térmicas… Somos conscientes de que há umha desestruturaçom do rural. Trabalham para que desapareçam a cultura e relaçons sociais e económicas das aldeias, fomentando só a instalaçom de multinacionais que vam em contra da vida no campo.
Todos aqueles coletivos que se sintam identificados e queiram conhecer-nos ou unirem-se, podem escrever-nos a: redegalegaporunruralvivo@gmail.com. Queremos ser muitas para ir falar unidas com a Junta, representando muitos coletivos vizinhais.