Maes de vítimas e coletivos feministas tomam a sede da Comissom Nacional dos Direitos Humanos na Cidade de México na procura de justiça
México atravessa desde há uns anos umha crise de direitos humanos, e umha das principais vítimas desta crise som as mulheres. Tam só nos primeiros sete meses de 2020, 2.240 mulheres fôrom assassinadas, 3,1% mais do que no ano anterior no mesmo período. A impunidade do Estado e a negligência das suas instituiçons derivárom na criaçom de coletivos de vítimas ‑e familiares‑, que se organizam de maneira autónoma para defender os próprios direitos e exigir ao Estado que tome e responsabilidade que lhe corresponde e brinde esclarecimento aos casos e justiça aos impunes.
No passado dous de setembro, Marcela Alemán amarrou-se à cadeira da presidenta da Comissom Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), logo de ter mais umha reuniom em que nom se lhe brindou resoluçom algumha à sua demanda. Num vídeo que depois se difundiu polas redes sociais explicava: “Estou cá, na sala de juntas de Rosario Piedra e amarrei-me porque já me queriam mandar pôr outra denuncia. Já cansei. A minha filha é umha moça que merece ser atendida polos direitos humanos, mas nom. Todo um Estado pisou-lhe os seus direitos e fai com ela o que quer”. Alemán leva desde o 2017 luitando para que se faga justiça e se castiguem os violadores da sua filha, quem na altura contava só quatro anos.
Segundo a reconstruçom cronológica de Daniela Rea para o jornal Pie de Página, essa mesma quarta-feira de setembro, Silvia Castillo também acudiu às instalaçons da Comissom para buscar esclarecimento no caso de assassinato do seu filho perpetuado no ano passado. Tampouco obtivo a resposta esperada por parte da instituiçom.
A dous de setembro, Marcela Alemán amarrou-se à cadeira da presidenta da Comissom Nacional dos Direitos Humanos: “Já cansei. A minha filha é umha moça que merece ser atendida polos direitos humanos”
Foi entom que, da sede da CNDH, Marcela e Silvia pedírom o apoio do Colectivo 10 de marzo, o qual está integrado por familiares de pessoas desaparecidas. Desde fevereiro deste ano, esta agrupaçom mantém tomado o vestíbulo da Comisión Ejecutiva de Atención a Víctimas (CEAV) em exigência de apoio e transparência de recursos. A respostas dos e das familiares à petiçom das maes que estavam na CHDH foi rápida e incondicional e a metade das pessoas que se topavam na CEA transladárom-se à CNDH. Para mesma noite da quarta-feira, o coletivo feminista Ni una menos anunciou através das suas redes sociais que também se encontravam dentro da sede da CNDH acompanhando Marcela e Silvia.
Num momento de euforia triunfal, Marcela Alemán ondeou umha bandeira de México dum balcom da Comissom enquanto um grupo de rapazes lhe gritavam da rua: “no estás sola”. Assim rematou a primeira jornada da toma da CNDH que se mantém até a data de redaçom desta reportagem, mais de mês e meio depois.
Palimpsestos feministas
As polémicas sobre a toma das instalaçons chegárom poucos dias depois quando se difundírom as intervençons dentro e fora da sede da CNDH. Numha das oficinas centrais, entre duas guirlandas, escreveu-se: “ni perdonamos ni olvidamos”. Graças ao arquivo fotográfico do jornal digital mexicano Animal Político, som visíveis as pichaçons nos corredores do imóvel em que se podem ler frases como “La policía no me cuida, me cuidan mis amigas”, “Justicia para todes”, “Estado feminicida” ou “Si nos quitan un espacio, volveremos a abrir más”.
Tam só nos primeiros sete meses de 2020, 2.240 mulheres fôrom assassinadas, 3,1% mais do que no ano anterior no mesmo período
Além disso, no sete de setembro e às portas da Comissom, as mulheres exibírom os quadros de vários heróis nacionais intervidos. Erika Marínez, mae dumha menina que foi violada em 2017, assinalou e exclamou frente os meios: “Estas flores, estes beiços pintados, fôrom pintados por minha filha, umha nena que aos sete anos foi abusada sexualmente”.
Perante os comentários do presidente López Obrador, que desqualificava tales atos “vandálicos”, as mulheres pronuciárom-se e declarárom que lamentavam que o quadro despertasse mais indignaçom que os assassinatos e desapariçons. Ato seguido anuciárom que os quadros se pujariam nos seguintes dias.
Um refúgio
Para o sete de setembro, Marcela e Silvia já marcharam das instituiçons: a primeira porque chegou a um acordo com a diretiva da CNDH sobre a sua demanda e, por outra banda, Silvia, devido a causas de saúde.
Yesenia Zamudio, mae de Maria Jesús, vítima de feminicídio, no seu rol de coordenadora do coletivo Ni una menos, declarou que a sede da CNDH se transformava num refúgio para mulheres padecedoras de violência e convocou as vítimas e familiares para participar na toma do edifício. A este respeito, Erika Martínez declarou: “Este bloco nom nos vai alcançar e assim o queremos demonstrar. Eu convoco a todas essas mulheres que fôrom e som vítimas da omissom do governo que venham, que aqui vam topar umha resposta”.
Perante os comentários do presidente López Obrador, que desqualificava tales atos “vandálicos”, as mulheres declarárom que lamentavam que um dos quadros invertidos despertasse mais indignaçom que os assassinatos e desapariçons
No entanto, dentro do prédio, começárom a fazer-se patentes as diferenças. Segundo a reportagem de Daniela Rea, os familiares de vítimas, ilhadas, ocupavam a sala de juntas, enquanto que os grupos de feministas, o resto do imóvel.
A respeito dos pregos peditórios, os familiares exigiam à CNDH e à Secretaria de Governaçom a atençom e resoluçom das suas demandas. O coletivo Ni una menos pediu a renuncia da presidenta da Comissom. Por sua vez, outros coletivos, entre os quais destaca o anarquista Bloque Negro, anuniciárom que as suas integrantes já nom deixariam o edifício.
No 16 de setembro, a representante do coletivo de familiares de vítimas do estado de Guerrero, María Guadalupe Rodríguez, manifestou a sua separaçom antes de deixar a CNDH: “Cremos que este espaço era para as vítimas. Nós nom temos coberto o rosto, damos a face porque nom escondemos nada, somos vítimas que querem justiça, porque o Estado tem umha dívida connosco”.
Yesenia Zamudio também anunciou a retirada das famílias de vítimas: “Nós nom pedimos casas, pedimos justiça”. Perante isto, OKUPA Bloque Negro deslindou-se “de qualquer açom e discurso de Zamudio”.
Paradoxos remanentes
As marchas feministas do 28S pola legalizaçom do aborto caracterizárom-se polos choques violentos dos coletivos contra edifícios e mulheres polícias. A consequência disto resultárom feridas mais de umha dúzia de pessoas que tentárom “encapsular” a manifestaçom.
Na véspera da marcha, em vários meios mexicanos saia a nota em que a chefa de Governo da Cidade de México acusou a empresa GINGroup de financiar a toma da CNDH. Ao seu tempo, o presidente López Obrador também chegou aos tabloides por assegurar ter informaçom sobre gente infiltrada em contra do seu governo que usa o movimento feminista para atacá-lo.Parece que a insistência dos meios de comunicaçom para questionar e exibir o “vandalismo” e a violência dos diferentes coletivos esteriliza os objetivos de luita ao mesmo tempo que causa confusom entre as filas do movimento feminista. À marcha da capital polo 28S acudírom apenas 600 mulheres, cifra muito pequena em comparaçom às milhares dos anos anteriores.