Será o presidente de Feijóo, o sucessor designado polo mandatário sainte com o assentimento manso dos barons noirs do PPdeG. Sem concorrência. É‑lhe oferecido o posto, antes de tudo, por direito burocrático de escala —umha década como vice-presidente da Xunta— e por exibir um currículo de comprovada fidelidade e falta de escrúpulos. Alguns hagiógrafos figérom as contas: Rueda reune mais de 6 000 dias de serviço fiel a Feijóo.
Foi eleito primus inter pares , perfil muito afastado do presidente absoluto que encarnava Feijóo. É um líder burocrático, fraco em carisma e popularidade. As sondagens indicam que, após 13 anos na Junta como número dous, tem um grau de conhecimento insuficiente (44,5 %) e a sua gestom é bem pouco valorizada (5,33). 94,3 % dos entrevistados conheciam Feijóo e 83,4 % conheciam Ana Pontón. Na demoscopia, hoje, é umha sombra. No PPdeG acreditam ser uma pequena falha que será corrigida em poucos meses recorrendo a cuidadas encenaçons na TVG e gabanças na imprensa concertada.
Ao contrário de Feijóo, nom pode fabular origens plebeias; é um patrício, nascido numha família abastada de Pontevedra, de Casino, influências políticas e apelidos compostos. Fai parte dumha vedranha linhagem da direita. O pai dele, José Antonio Rueda Crespo, engenheiro agrónomo de origem andaluza, foi conselheiro da Aliança Popular em Silheda (1983–1987), braço direito de M. Rajoy na Deputaçom de Pontevedra (1983–86) e senador (1992–98). O patrúcio caiu em desgraça por apoiar o golpe de Barreiro contra Albor e desempenhou um papel discreto na Coalición Galega, mas devido à sua reputaçom profissional na regiom do Deça foi resgatado por Xosé Cuiña para a causa popular.
Ao contrário de Feijóo, Rueda nom pode fabular origens plebeias; é um patrício, nascido numha família abastada de Pontevedra
Criado numa família abastada e de ordem, Alfonso Rueda estudou Direito do qual apenas se valeu de umha visom instrumental: o direito como sujeito do poder e o sacrifício da legitimidade em benefício da oportunidade política. Cresceu nas Novas Geraçons e, profissionalmente, como secretário municipal. Recrutado por um amigo da sua família, Xesús Palmou, como chefe de gabinete da Conselharia da Justiça, promoveu e assistiu ao fim do fraguismo como Diretor-Geral da Administraçom Local.
Após a derrota dos populares em 2005 e a sua candidatura à liderança do PPdeG, Feijóo procurou um auxiliar, nom ençoufado nas retesias entre barretes e boinas, para reconstruir o partido com umha nova planta presidencialista e sem os vínculos dos barons do tardofraguismo. Palmou deu-lhe um nome: Alfonso Rueda. Foi eleito secretário-geral do PPdeG. De 2006 a 2009 reconstituiu o partido como força de choque para reconquistar a Xunta. Lançou umha feroz ofensiva municipalista contra o Bipartido e agitou o mal-estar cidadao, transformando a sociedade civil conservadora, passiva e submissa no fraguismo, em movimento de resistência ativa contra as políticas do PSdeG e do BNG.
Fijo muito mais: liderou a guerra eleitoral suja em 2009. Em vez de optar por umha campanha positiva (elogiando os méritos e valores do próprio candidato) ou negativa (enfatizando as falhas e os erros dos adversários), optou por umha campanha suja, impregnada de fake news e tensom, sem espaço para ética ou decência. Fijo da difamaçom e o medo, a sua estratégia. Com a ajuda da imprensa conservadora, tivo éxito. E prémio: Feijóo confirmou-no como número dous no seu primeiro governo. Daqueles que, na altura, sentárom nele só continuam Rosa Quintana e Rueda.
O novo presidente da Junta liderou a guerra eleitoral suja em 2009. Optou por umha campanha impregnada de ‘fake news’ e tensom, sem espaço para ética ou decência. Fijo da difamaçom e o medo, a sua estratégia. E com a ajuda da imprensa conservadora tivo éxito
A Galiza é o aval político e a retaguarda simbólica de Feijóo como novo presidente do PP. Com pouco encanto e brilho, com umha aceitaçom mais resignada do que excitante, Rueda começará sua presidência sabendo que foi orientado por Feijóo desde Génova 13 para evitar que o legado do governo recebido seja desperdiçado. Tem-no claro: «A primeira tarefa é nom falhar com o presidente Feijóo». O mandato inapelável é o continuísmo: «Que necessidade há de mudar o que se está a fazer bem?».
Irá presidir um partido com jeitos de conselho de regência. Substitui Feijóo, mas nom terá o poder dele, terá bastante poder, mas nom todo o poder. O monopólio presidencial da decisom e a voz acabárom de vez. A sua nomeaçom anula as ambiçons dos outros epígonos e ativará rapidamente um jogo competitivo que trará tensons e atritos. A grande novidade no seu Executivo é a incorporaçom de Diego Calvo que, ao lado dele, exigirá destaque e visibilidade, poder efetivo e autonomia.
Nom será um líder carismático e cesarista como Fraga e nom terá os atributos de presidente absolutista de Feijóo, mas nom nos enganemos: nom será um presidente de palha como Albor. É um condottiero, hábil na guerra suja, calculista, frio e determinado. Além disso, a Coaligaçom Imobilista, que reúne os interesses das grandes corporações e rege os meios de comunicaçom na Galiza, cuidará de criar sobre ele umha imagem de autoridade, eficiência e firmeza. E serám implacáveis com aqueles que, ficando livres, questionam a unidade e estabilidade do PPdeG ou impedem o seu governo.
Rueda é a garantia burocrática da extensom das políticas ‘feijonianas’ sem Feijóo: Administraçom ao invés de políticas públicas; controlo informativo da comunicaçom…
Rueda é a garantia burocrática da extensom das políticas feijonianas sem Feijóo. Administraçom ao invés de políticas públicas; ocupaçom de espaços de poder e acoramento da sociedade civil; despolitizaçom do autogoverno; controlo informativo da comunicaçom social e afogamento mediático da dissidência e do conflito social; extinçom de direitos sociais e perda de liberdades; mercantilizaçom ou privatizaçom de serviços básicos; paternalismo patriarcal e desigualdade em favor de umha minoria privilegiada; abandono da economia produtiva, levantamento de entraves às atividades extrativistas e à pilhagem dos bens comuns; desertificaom demográfica e desarticulaçom territorial; desnormalizaçom e rebaixamento da cultura galega…
No Parlamento, para a posse do Presidente, Rueda foi incumbido de duas tríades: Experiência, responsabilidade e esperança. Família, trabalho e futuro. A tríade que o resume é outra: liderança cinza, vazio programático, gestom continuísta. Rueda nom tem nada de novo, nada melhor, para oferecer aos galegos.