
Verónica Ramilo sente-se galego-catalá. Acaba de regressar a Galiza trás 18 anos vivendo em Barcelona. É trabalhadora social, sexóloga, fotógrafa, antropóloga —ainda que “nunca acabara a carreira”— e também lhe dá “um pouco ao bordado”. Agora mistura todas as suas formaçons para criar projetos artísticos e está em processo de começar um obradoiro de educaçom sexual para adolescentes utilizando a fotografia.
Acabas de voltar á tua terra após 18 anos, a que é devida a mudança?
Fum a Catalunya para estudar antropologia e estivem aló 18 anos. Depois de tantos anos fora, queria voltar para estar mais perto da família. A isso somou-se que a situaçom da vivenda em Catalunya é péssima —agora aqui também, mas penso que alá pior— e que tinha vontade de estar em contacto com a natureza, com o mundo rural… com umha vida um pouco mais tranquila, sem o ritmo acelerado da grande cidade. Na minha família sempre me diziam: “ti marcha, mas volve e traz-nos o aprendido”, e isso quixem fazer. Tinha ilusom de voltar e achegar a aprendizagem de todos estes anos. Por agora a mudança está a ser positiva.
E aliás, ao voltar, começache a estudar fotografia na Pablo Picasso.
Sim. Acabo de terminar em junho deste ano. Ainda que nom foi de zero: podo dizer que levo 20 anos com umha câmara na mao, fazendo cursos em centros cívicos de Barcelona e umha formaçom dum ano em fotografia terapêutica. Embora isso, tinha vontade de lhe dedicar templo exclusivo e de qualidade. Também foi umha maneira de me animar a voltar, tendo claro o que ia fazer nada mais chegar.
De que modo influem o resto das formaçons que figeche na tua fotografia?
Influem no sentido de que me interessam muito os temas que tenhem a ver com a sexologia —além dos sociais pola minha outra vertente—. Todo o que tem a ver com o corpo, com a sexualidade, com a sensualidade, com o erotismo, com as diversidades sexuais e de género… Por isso, os meus trabalhos muitas vezes giram arredor dessas temáticas. Trata-se de juntar duas paixons. Depois, o feito de ter estudado sexologia e fotografia terapêutica permitiu-me poder explorar o autorretrato, dando-me liberdade para me colocar diante da câmara, expondo a minha vulnerabilidade, o meu corpo… mostrar-me a mim própria. Todo isto penso que também ajuda a que, quando fotografo outras pessoas, elas confiem mais em mim para que as retrate.
Figeche umha exposiçom para dar visibilidade à endometriose, umha enfermidade que ti sofres. Como foi a experiência?
Figemos umha exposiçom com autorretratos. Montámo-la dentro do coletivo TecEndo: Arte e endometriose, —um coletivo de três mulheres que somos artistas e padecemos esta doença— e com a colaboraçom da associaçom QuerEndo. Este ano estivo na Corunha e Compostela. Penso que foi mui bem recebida polo público e os meios. Aliás, permitiu-nos poder dar a conhecer a enfermidade através da arte, que é outro jeito de difusom. Outras companheiras com endometriose sentírom-se identificadas vendo‑a, e mesmo pessoas com outras patologias que cursam com dor, como a fibromialgia.
E também figeche um mural com a técnica “Paste up” das Mártires de Sofám.
Sim. Pola minha outra vertente de estudos, tenho muito interesse nos temas políticos e sociais. Aliás, som mui fan da arte urbana e sempre quixem fazer algo sobre a história das mulheres com umha temática que me tocasse perto —tenho família em Sofám e vivo a cinco minutos do cemitério onde assassinárom estas mulheres—. Tendo Sofám tam perto, foi doado conseguir fontes que me contassem o que aconteceu e ter acesso a artigos da época. Na hora de representá-las —a partir do que me contárom—, nom quixem recolhê-las como vítimas passivas, mas no momento em que elas se rebelárom contra o poder: com os braços levantados, com pedras nos mandis e nas maos… Além disso, tentei utilizar as suas familiares para representá-las. Por exemplo, umha das mulheres estava grávida no momento em que aconteceu, e no mural utilizei a sua bisneta, que também estava grávida. Isso foi quiçá o mais emotivo na hora de presentar o mural. Por último, em vez de colocar a Guardia Civil como os assassinos, pugem um cacique. Queria representar a figura do poder que realmente estivo detrás destas mortes. O mural pode ser visitado no Centro Social de Sofám.