
A implementaçom da digitalizaçom com dez anos de demora a respeito doutras televisons públicas, a composiçom da diretiva da Corporaçom Rádio e Televisom da Galiza (na sua totalidade com cargos afins ao PP), a repressom contra jornalistas ou o pouco interesse em renovar programaçom som algumhas das chaves da degradaçom dos nossos meios públicos. Suso Iglesias, diretor da CRTVG durante o bipartito, e Raquel Lema, membro do Comité Intercentros da CRTVG, achegam nesta reportagem luz a um problema complexo e enquistado no tempo com diversos focos.
A CRTVG leva tempo em questionamento por diferentes conflitos. Em 2018 começárom as ‘Sextas-feiras Pretas’: várias trabalhadoras dérom um passo à frente para denunciar, dunha banda, a retirada de programas e conteúdos culturais da rádio e, dumha outra, a manipulaçom informativa que baixo o mandato de Feijóo chegou, segundo as próprias trabalhadoras da companhia, a limites nom atingidos na era Fraga.
Diferentes meios de comunicaçom começárom a falar abertamente do que acontecia na CRTVG e punham nome a práticas instauradas desde há muitos anos na corporaçom pública como a auto-censura, os castigos aos que eram submetidos os jornalistas díscolos e os prémios por meio de cargos às jornalistas fieis com a linha marcada polo Partido Popular. A própria chefa de informativos Concha Pombo é militar na reserva e exibe orgulhosa o seu cargo, segundo confirmárom vários dos trabalhadores da corporaçom a Novas da Galiza.
O 14 de agosto o comité intercentros da CRTVG elevava as denuncias ao Parlamento europeu através da comissom de petiçons. Á espera dumha resoluçom do ente europeu, quigemos falar com vozes que conhecem bem o funcionamento da companhia.
Em 2018 começárom as ‘Sextas-feiras Pretas’: várias trabalhadoras dérom um passo à frente para denunciar a retirada de programas e conteúdos culturais da rádio e a manipulaçom informativa
Ainda que cada vez som mais as que quebram o silêncio, nom é fácil encontrar trabalhadoras dispostas a assinalar e analisar o que se passa em Sam Marcos. A maioria tem medo de ter represálias. Raquel Lema explica o porquê: “Estivemos muitos anos caladas, por medo a perdermos o emprego. A falta de interesse em fazer umha convocatória pública de oposiçons por parte da companhia era também umha maneira de ter-nos caladas e submissas. A precariedade em que vivíamos foi a sua arma para que nom protestássemos. Com o processo de consolidaçom de emprego de 2012 muitas acedemos a um posto fixo. A partir de entom começamos a empoderar-nos e a falar. Mas explicar como se fam os informativos, sem nengum tipo de rigor, procurando beneficiar o PP e prejudicar o resto foi tema tabu demasiado tempo”.
A repressom ainda segue e estende-se polos corredores de Sam Marcos com as que se atrevem a erguer a voz contra estas práticas que pouco tenhem a ver com o jornalismo. Os últimos trabalhadores em sofrer esta repressom fôrom a apresentadora Marga Pazos e Carlos Jiménez. Explica Raquel Lema: “Marga por participares na greve do 8 de março e ser crítica com a linha marcada pelos chefes de informativos foi relegada a sua categoria profissional, locutora, quando é um posto obsoleto. Agora nom pode redigir e limita-se a ser um busto falante. A TVG tirou-na do meio. O mesmo acontece com Carlos Jiménez, que utilizárom a mesma tática que com a apresentadora Tati Moyano e acusam-no de incompatibilidade por locutar um programa para umha produtora que foi emitido na TVG”.
Ambos os expedientes fôrom denunciados polos trabalhadores por vulneraçom dos seus direitos fundamentais, mas Raquel adverte que “sabem que nom podem expedientar por isto, de facto a justiça já lhe deu a razom a Tati, mas nom se importam. Estabelecérom umha linha repressiva baseada em listas pretas. A sua mensagem é esclarecedora: se te revelas, pau. Assim mantenhem o medo na redaçom”.
Para além da persecuçom a jornalistas, Lema assinala que os conflitos laborais que a dia de hoje estám acima da mesa de negociaçom som a nova classificaçom profissional. “ As categorias do ano 1992 de redator, locutora e operador de vídeo estám obsoletas. Levamos desde 2015 reclamando umha nova classificaçom profissional. Há quatro anos criou-se umha mesa de negociaçom que está paralisada pola incompetência da diretora de recursos humanos, Susana Fernández. O fundo da questom é o sistema retributivo: querem que cobremos menos fazendo muito mais e eliminar, na mesma, vários empregos como os de montadores”.
Baixa qualidade e falta de aplicaçom da lei
Para além de conflitos laborais, tanto Suso Iglesias (criador do Xabarín Clube e diretor da companhia durante o bipartito) falam da baixa qualidade tanto a nível de programaçom como de informativos duns meios públicos que fôrom criados segundo recolhe a lei para promover o uso do galego e ter um marco referente da cultura própria.
Suso Iglesias nom morde a língua e adverte que a situaçom que vive a CRTVG tem vários focos. Sobretodo na nom aplicaçom da lei de 2006 impulsada polo governo de Rodríguez Zapatero que perseguia umha reforma estrutural das televisons públicas para nom serem dependentes do governo do momento com um presidente eleito polo Parlamento baixo consenso e com um mandato de seis anos para nom coincidirem com mudanças na legislatura e com a participaçom dos sindicatos no Conselho de Administraçom.
“A companhia depende de cargos que nom tenhem interesse nenhum em melhorar a qualidade, nem em inovar. Só servem uns interesses concretos.” declara suso iglesias, ex-diretor da CRTVG
“Primeiro há que ser conscientes da falta de qualidade dos produtos televisivos e radiofónicos que se oferecem. A companhia depende de cargos que nom tenhem interesse nenhum em melhorar a qualidade, nem em inovar. Só servem uns interesses concretos. A crise temo-la que procurar primeiro na falta da aplicaçom da lei impulsada por Zapatero e que fôrom aplicando todas as autonómicas menos a TVG, mas também na falha de interesse de formaçom de profissionais críticos que vaiam às fontes da notícia e que procurem diferentes vozes. Na programaçom da TVG nom há reportagens, nom há documentais, nom se dignifica a cultura do país. Eliminárom o Debate, um programa que baixo um tema de atualidade contava com a opiniom de diferentes vozes”, expóm Iglesias.
E reivindica o que se tentou fazer com o bipartito “a nossa obsessom era dar um giro radical na programaçom e lavar a cara aos informativos herdeiros da época Fraga, conhecidos pola cobertura dos incêndios e polo Prestige, mas sobretodo implementar a lei para fazer umha televisom nom dependente, seguindo o modelo BBC, que mude a relaçom com a política e estivesse totalmente desgovernamentalizada e com um conselho regulador no audiovisual que vele polo cumprimento da normativa reguladora do audiovisual como o que tem Catalunha desde o ano 2000”.
Durante o mandato do bipartito tardárom mais de dous anos em redigirem a lei e perdeu-se a oportunidade. Feijóo chegava à Junta dous anos antes de marchar Zapatero da Moncloa e esta lei ficou num caixom. Ademais, os nacionalistas fôrom apartados do Conselho. “Nom vam ser o PP os campeons da democracia”, sentencia Iglesias.
Raquel Lema e Suso Iglesias coincidem no desinteresse absoluto por procurar e fidelizar novas audiências, sobretodo na juventude sem programaçom infantil e juvenil baseada na herdança do Xabarín Clube, e concluem que se perpetua desta maneira a imagem dumha Galiza rural e sem cultura precisamente onde a radio e a TV logram a audiência. “O PP inocula a sua mensagem maioritariamente no rural e nutre-se sem dignificá-lo e favorecendo umha imagem rância e caduca dumha sociedade que vai esmorecendo”, aponta Lema.
Pola sua banda Suso Iglesias lembra que é um problema generalizado na imprensa galega: “Salvo exceçons, a imprensa galega é um estamento mui conservador e fiel ao mesmo partido. A televisom e a rádio nom se livram: quando um rapaz ou umha rapariga sai da carreira e começa a trabalhar ali, aprende o que lhe ensinam. Nom há interesse em formar jornalistas críticos”.
Isto passa fatura, segundo a diagnose do ex-diretor da corporaçom: “A qualidade passa fatura social, a audiência baixa e portanto passas a ter menos influência na sociedade… Assim logo, vale a pena gastar tanto dinheiro nuns meios baseados em redutos sociais? Há umha desafeçom evidente dumha parte da sociedade cara aos meios públicos”
Ao respeito das audiências Raquel Lema assegura que o conselho nom facilita aos sindicatos dados das mesmas, ainda que levam anos a pedi-los.

Digitalizaçom tardia
Raquel Lema e Suso Iglesias voltam coincidir neste capítulo. A digitalizaçom na TVG tardou em aplicar-se mais de doze anos com graves problemas. “O material estragava-se porque estava obsoleto e em vez de renová-lo e instaurar a digitalizaçom procuravam peças de troca na Grécia” diz Iglesias. Isto demonstrou a incompetência diretiva que até molestou o próprio Feijóo. “A digitalizaçom em concreto dá-lhe igual mas tinha a empresas apertando para entrar no negócio, aqui vê-se a inoperância de maneira evidente. Nós deixamos os quartos separados para a digitalizaçom quando marchamos. O que aconteceu com esse dinheiro? Aplicárom-na agora com doze anos de demora a respeito doutras televisons”, questiona Iglesias.
Externalizaçom da produçom
A TVG tem externalizados ademais quase todos os seus programas exceto informativos, o Zig Zag, Vivir o mar e O Agro. O resto da programaçom depende de produtoras. As trabalhadoras das mesma vivem na precariedade absoluta com contratos por obra e salários muito inferiores aos que cobram as trabalhadoras da CRTVG. A corporaçom compensava assim as produtoras demandadas por cessom ilegal de 120 trabalhadoras e outras 200 por contrataçom fraudulenta (segundo cálculos sindicais) que lhes custárom 13, 9 milhons de euros entre os anos 2009 e 2010.
“Assim pagam umha parte do que lhe corresponderia pagar às produtoras e Faro, El Progreso, La Región e La Voz seguem a ter parte do negócio audiovisual” confirma Suso Iglesias.
Tem arranjo a CRTVG a dia de hoje? Esta foi a última pergunta feita a Suso Iglesias, otimista responde que sim mas que este passa por aplicar a lei, abrir um debate social sobre os meios públicos e as suas funçons e fazer trabalho didático entre os trabalhadores e a audiência.