
Poderia começar dizendo que avançamos na retirada da simbologia franquista, o qual é verdade: em Ferrol mudárom o nome de 61 ruas em 1981; na Corunha, e depois do relatório dumha chamada “comissom de especialistas” em que participei, fôrom retirados 52 símbolos franquistas em 2009; em Lugo acabam de retirar retratos de presidentes da Deputaçom na ditadura, por iniciativa da Vice-Presidência. Poderíamos dizer o mesmo de Compostela, Vigo, Ourense ou Ponte Vedra, e de outros muitos concelhos galegos. Mas nom é o tempo da auto-complacência, senom de fazer umha valoraçom crítica.
Se depois de quarenta e três anos de democracia e de treze da aprovaçom da Lei de Memória Histórica ainda restam na Galiza mais de 600 símbolos franquistas em noventa concelhos, há que falar claramente dum fracasso de País e dumha autêntica vergonha coletiva.
Se ainda restam na Galiza mais de 600 símbolos franquistas em noventa concelhos, há que falar claramente dum fracasso de País e dumha autêntica vergonha coletiva
Como recolho no meu livro Os restos do franquismo en Galiza, publicado por Laiovento neste ano, na Corunha ainda restam 104 símbolos franquistas, 50 em Compostela (entre eles, 20 relativos a ministros de Franco), 47 em Ferrol, 36 na Deputaçom da Corunha, 21 em Lugo, 21 em Pontevedra, 18 em Vila Garcia de Arouça, 16 em Betanços, 10 em Vigo, 7 em Cangas… Naturalmente que a principal responsabilidade é da direita e do PP, que ocupam a Junta da Galiza há quase 40 anos e que se negárom a aprovar umha Lei de Memória Democrática da Galiza apresentada polo BNG, mas todas estas instituiçons e concelhos que acabo de nomear estám governados por organizaçons políticas progressistas, de esquerda e nacionalistas.
Faltou vontade política e coerência para aplicar os mesmos critérios em todo o país, faltou organizaçom política para fazer um seguimentos dos acordos, nom fôrom aprovadas as partidas nos orçamentos dos concelhos e das deputaçons para realizar um inventário da simbologia franquista e aplicar as sançons correspondentes.
Faltou vontade política e coerência para aplicar os mesmos critérios em todo o país, organizaçom política para fazer um seguimento dos acordos e orçamentos para realizar um inventário da simbologia franquista e aplicar as sançons correspondentes
A permanência da simbologia franquista é umha exaltaçom das pessoas que participárom na sublevaçom de 1936 ou na sua preparaçom contra o Governo legítimo da República, e na Galiza temos numerosos golpistas e falangistas que conservam todo tipo de distinçons; exaltaçom e reconhecimento social a quem ocupou cargos de responsabilidade nas instituiçons franquistas e colaborou com a ditadura, ou aos políticos que fôrom afetos ao regime ou legitimárom a ditadura franquista, como recolhe a Lei de Memória Democrática de Aragom. Aqui poderiam estar incluídos ministros de Franco, presidentes de deputaçons, alcaldes e alcaldesas na ditadura, governadores civis, empresários franquistas como Pedro Barrié de la Maza, bispos como José Guerra Campos etc.
Atualizando essa simbologia franquista que resta por retirar, lembro as ruas e distinçons que ainda conserva Manuel Fraga e que fôrom concedidas quando era ministro da ditadura e depois de mais de trinta anos de militância fascista. Nom podemos esquecer que o rei Juan Carlos ainda conserva na Galiza ruas e distinçons que mui pouca gente pode defender hoje depois de conhecer os casos de corruçom da monarquia.
Sem vergonha nom temos futuro. Acabemos com esta vergonha!